Capítulo 22

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Casada?

Auto Sacrifício: Sacrifício que a pessoa faz a si mesma geralmente com alguma intenção em troca — deixando suas vontades de lado e se renunciando.
Não acreditava ainda que estava ali me casando, também não podia mentir que meu coração me mandava fugir para qualquer outro lugar enquanto minha cabeça tentava decidir qual a melhor forma de continuar me mantendo viva.
Auto sacrifício...
Não conseguia ser egoísta e tentar escapar daquilo, acabaria machucando as pessoas que me importavam, não podia deixar que Tyler ou Quentin se ferissem no meio disso — eles estavam em risco por minha culpa, por eu ter sido egoísta ao permitir que entrassem naquela história. Também não podia negar que estava feliz por ao vê-los ali, por estarem vivos e respirando, mas não podia permitir que se machucassem por mim.
Aceitaria, ou ao menos, tentaria aceitar tudo para proteger as pessoas que eu amava.
Conseguia entender um pouco meu pai, ele fez um sacrifício para proteger diversas pessoas, mesmo que eu tivesse que ser sacrificada para isso. Mas não podia defender os motivos que fizeram com que isso acontecesse.
Uma vida de crimes não é e nunca será a resposta, vender pessoas também não era.
Podia o perdoar, mas nunca esquecer.
Respirei fundo após fazer meus votos, sentia falta do buquê de copos de leite, rosas, crisântemos e outras flores que eu não sabia o nome, com ele eu podia ao menos disfarçar meu nervosismo mas agora Atena o segurava para mim. A mão de Ares na minha me acalmava um pouco mas não muito, sentia seu polegar fazer carinho involuntariamente, ou seria ele? Céus... 
Suas palavras ainda rondavam minha mente, assim como as de Tyler.
Estava perdida em meio à tudo aquilo. Ares estava mentindo? Tyler estava certo?
Olhei para o anel em minha mão, aquilo podia significar duas coisas, o início de uma prisão ou o começo de uma longa história. O diamante azul refletiu um pouco a luz do sol que já se encontrava baixa no horizonte e um sorriso escapou por meus lábios, era realmente uma joia bonita.

- ... beijar a noiva. – Oi? O que eu perdi?

Não consegui me concentrar em mais nada quando os lábios do brutamontes foram de encontro aos meus. Tomando minha boca de um jeito voraz, conhecia aquele beijo — era quase o mesmo da primeira vez que nos beijando — tirando todo meu fôlego. Suas mãos seguravam minha cintura firmemente, já não tinha mais controle sobre o meu corpo que ansiava por mais. Ele parecia mais uma vez estar tentando deixar sua marca em mim, como se marcasse seu território. Parecia querer provar para aquelas pessoas que eu era dele, e não gostei nada disso, nunca fui um objeto para pertencer à alguém. Por algum motivo, aquele beijo parecia falso, ou as dúvidas em mim o deixavam assim.
Me afastei lentamente, nossas testas grudadas enquanto tudo ao redor já não importava.

- Prometo que vamos conseguir. – Falou como se soubesse o que eu pensava.

- Não faça promessas que não poderá cumprir. – Retruquei e passei os dedos por seus lábios, os desenhando.

Ele conseguia ser tão bonito que parecia de mentira, tudo exalava beleza ali, como se fosse um deus grego. Também era inteligente, mesmo ali de frente para mim, podia ver seu olhar varrendo o local, procurando por alguma ameaça ou problema.
Mas como Tyler falou, Ares havia sido treinado e educado para ser assim; frio, calculista e um ótimo ator mas ele fingia tão bem que até mesmo eu acreditava às vezes.
Segurei seus ombros e meus dedos apertaram o mesmo lugar que havia suas cicatrizes, seus olhos pararam no mesmo instante e grudaram nos meus, demonstrando certa incerteza.
Queria vê-las, saber como são e descobrir o motivo dele ter ganho elas.
O barulho alto de palmas me fez acordar e nos separamos, descolando nossas testas.
Pétalas e arroz eram jogados sobre nós enquanto uma música animada tocava alto, era um momento feliz mas eu só conseguia pensar nas palavras de Tyler.
"Ele é um mentiroso e quando menos perceber, irá te ferir, Chloe... não quero perder você e muito menos vê-la sofrer."
Um sorriso falso apareceu em meu rosto, tinha que fingir que estava feliz mesmo que as lágrimas de dor quase escapavam a cada passo que dava em direção à tenda que outrora eu me arrumava. Mesmo seus dedos presos aos meus, não conseguia sentir segurança naquele aperto que me aquecia de uma forma que era como se uma fogueira queimasse dentro de mim.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora