Capítulo 17

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Ares
Confusão...

A verdade é que eu já não sabia se estava fazendo aquilo por meu pai ou por mim. Ele havia mandado eu adiantar as coisas, mas a realidade era bem diferente, eu queria estar ali com Chloe e isso me assustava — era um sentimento que eu não sabia definir, me puxava para ela, mesmo sem a conhecer, como se fosse algo através das eras.
Ainda não havia esquecido o motivo dela ser minha mulher, e já estava ficando incapaz de dar continuidade nisso. Precisava investigar mais uma vez o motivo da morte de Hefesto, procurar sozinho e não ficar esperando Nikolai ou Boris virem me avisar algo. Ele era meu irmão e eu devia estar a frente de tudo isso. E talvez, eu só queria ter certeza que não havia sido o pai de Chloe e assim, ao menos, salvá-la.
E se não conseguisse, se realmente havia sido o pai dela... em 1 ano eu estaria assistindo meu pai dar um tiro em sua cabeça, acabando com sua vida e só essa possibilidade fazia doer mais em mim que nela. O pior seria depois, se eu a perder, irá doer, mas olhar nos olhos do meu filho e ver um pouco dela ali, isso será pior.
Eu não podia estar gostando dela, não podia. Mas era impossível às vezes, principalmente quando me enfrentava ou sorria.
Era curioso, definitivamente, curioso.
Entreguei as flores que roubei de um canteiro qualquer da vila dos artesãos que fui para pegar a cesta que Jamal — um grande amigo e chefe de cozinha — preparou. Ela não sabia o motivo daquilo tudo, apenas sorriu, feliz pela surpresa.

- São lindas. – Falou depois de cheirar o quase buquê. Parecia uma cena de algum filme romântico que eu detestava, mas ali, ao vivo e a cores, era certo e até empolgante. Ver Chloe feliz era fácil, não precisava de muita coisa e mesmo assim eu consegui tornar sua vida um inferno.

- Melhor irmos logo, já estão nos esperando. – Desconversei. Podia estar confuso sobre isso tudo, mas ninguém precisava saber, especialmente a loira em minha frente.

Seu rosto denunciava a decepção, ela devia pensar que iríamos para Aegeus, mas eu não disse quem estava nos esperando. Segurei a cesta com a mão esquerda enquanto subia na moto, me arrumei e a esperei se segurar em mim antes de dar partida. Sempre gostei de andar de moto, mas ali, com ela me abraçando e aquele vento fresco no rosto, era melhor ainda. Talvez vir até a Grécia não tenha sido uma má ideia, afinal, mesmo que tenha quase custado minha cabeça e ter sido muito difícil esconder o corpo desacordado dela de Melina, que não parava de perguntar sobre a nora, mesmo estando em um jato diferente do meu, era bom estar naquela terra.
Dizem que o dinheiro paga tudo, e bem, na maioria dos casos, estão certos. Alugar a Acrópole por uma noite — em um contrato que se eu quebrasse ou danificasse qualquer coisa de lá teria que arcar com as consequências — era caro, mas não impossível. Alguns milhões que não me fariam falta, mas não usei o dinheiro da Máfia, não precisava de capachos do meu pai tomando conta do que fazia. Isso era algo meu, e somente meu. Precisava esclarecer alguns pontos com Chloe, não podia a deixar as cegas nessa encrenca toda.
Depois de algum tempo chegamos à Acrópole, majestosa como sempre, o Partenon no topo. Daquele ponto em diante teríamos que ir andando, não estava tão iluminado mas conseguia enxergar bem o caminho até o primeiro posto de seguranças. Chloe não queria demonstrar mas parecia encantada com tudo ali, também me lembrava da primeira vez que estive naquele lugar e era incrível. Um museu histórico a céu aberto. Segurei seu braço quando ela tropeçou em uma pedra solta, infelizmente a erosão estava colocando em perigo aquele patrimônio.

- Está bem? – Perguntei me certificando se estava tudo certo, já bastava os dois dedos quebrados, ela não precisava torcer o pé.

- Claro, mas não é errado estar aqui? Os passeios são apenas de dia.

- Não quando você aluga o lugar inteiro. – Resmunguei irritado. Nem mesmo um obrigado?

Chegamos aos seguranças que me cumprimentaram sorrindo e informaram que estava tudo preparado e que não iria infringir nenhuma regra do contrato, agradeci e fomos andando até o Partenon. Era uma subida cansativa, a Acrópole nunca foi pequena mas se tudo corresse como planejado, seria um piquenique incrível. O silêncio estava presente mas não precisávamos falar algo, não era desconfortável e nem nada do tipo, era bom.
Assim que entramos no Partenon, Chloe prendeu o fôlego e me olhou sorrindo, não iria mentir, eu também perdi a respiração por um momento. Uma espécie de colchão branco coberto por diversos tecidos desenhados de cores fortes — vermelho, laranja e dourado — e almofadas das mesmas cores estava disposto no meio do antigo Templo para a deusa Atena. Estava numa parte aberta, onde podíamos ver o céu a noite e sem perigo de alguma das colunas caírem, pois ele ainda passava por processos de restauração e estabilidade. As colunas gregas mesmo desgastadas com o tempo ainda eram bonitas, algumas estátuas aqui e ali, a decoração bonita deixava um ar romântico. Aquele era um dos lugares mais incríveis do mundo.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora