Capítulo 14

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Destinos Cruzados...

Acordar em um lugar estranho não estava nos meus planos. Na verdade, nunca imaginei que isso iria acontecer. Mas estar ao lado de um mafioso, mesmo que obrigada, fazia com que esses riscos estivessem sempre à espreita
Mas lá estava eu, em um quarto totalmente estranho. O cômodo era tão branco que doía a vista — cadeiras, teto, cama, tudo era da cor cálida — mas na vista da janela, eu pude constatar um azul cristalino e me perguntei onde poderia estar.
Olhei para minhas roupas, e mesmo atordoada, podia jurar que eu não havia ido dormir com aquelas. Caminhei até a varanda, onde as cortinas balançavam com a brisa do mar. Se fosse para chutar um lugar no mundo, eu diria que estava na Grécia.
Me apoiei na sacada de vidro e deslumbrei aquela vista.
Aquela imensidão azul parecia infinita, olhei para baixo e quase pulei de susto. Estava em um penhasco, bem na beirada, as ondas quebravam lá embaixo fazendo barulho de trovões. À direita e à esquerda podia ver um enorme gramado verde, não havia muitas árvores, mas as que podia ver eram gigantescas. Também podia ver que aquele lugar era como uma enorme ilha feita de calcário.
Um belo lugar para férias, mas eu não estava de férias.
Andei até a porta, e para minha surpresa, ela estava aberta. O corredor se estendia até uma curva que dava para uma escadaria de mármore, também branco. Caminhei até lá e desci. Era uma sala imensa, com sofás de madeira, vidro totalmente aberto, mostrando uma piscina quase olímpica. Reparei na televisão de última geração e o lustre de vidro, que eu sabia que custava pelo menos um rim meu.
Ouvi risadas e segui para a esquerda, até parar em uma varanda. Em uma mesa tomando café estava Ares, com Atena, seus pais e a pequena Arthemis. Eles estavam rindo da pequena que havia derrubado um pouco de algum tipo de molho no brutamontes.
Pensei em me aproximar, mas desisti. Aquela era a chance perfeita de escapar de onde quer que eu estava. Não que isso iria acontecer agora, precisava investigar aquele lugar antes de tomar qualquer medida. Podia ser teimosa, mas não era maluca.
Dei pequenos passos para trás, lentamente, sem nem mesmo respirar. Já estava quase na sala quando bati contra algo, ou melhor, alguém.

- Ei, moleque, estou quase certo que sua noiva, esposa... não faço ideia do que vocês são, sinceramente. – A voz grossa falou atrás de mim, e não tive coragem de me virar, só conseguia olhar para Ares. – Bom, ela estava fugindo.

Me virei e encarei aquela pessoa, desejando que um raio caísse em sua cabeça. Idiota...
Ele não parecia o tipo de pessoa que se brinca. Seu cabelo negro era cortado em estilo militar, trajava um terno caro mesmo estando calor, pude ver algumas tatuagens — principalmente uma cobra em seu pescoço — e me perguntei quem era aquela pessoa.

- Eu não estava fugindo. – Retruquei passando a mão pelo cabelo. Eu era uma péssima mentirosa. – Não queria atrapalhar esse momento em família, só isso.

- Ah, querida, você é família. – Melina falou com sua voz melodiosa. Me virei e dei um belo sorriso para ela.

- É, você é da família. – O idiota que atrapalhou meus planos falou com ironia.

Revirei os olhos e me virei, lançando parte do cabelo contra seu rosto. Andei até a mesa, dei um abraço em Atena, que sussurrou para depois conversamos. O pai de Ares, Nikolai, apenas apertou minha mão, já sua esposa me deu um abraço caloroso e forte, à ponto de estalar minha coluna. Beijei a testa de Arthemis e olhei para meu... erh... marido?
Ele se levantou e roubou um selinho dos meus lábios antes mesmo de eu falar qualquer palavra. Ouvi suspiros de sua mãe, e quando olhei, ela sorria feito boba enquanto segurava o braço do marido.
Me sentei na cadeira vazia, havia uma diversidade na mesa, desde frutas exóticas até bolos bem confeitados. Todos conversavam animadamente, não queria me intrometer em seus assuntos então fiz a coisa que mais sabia fazer, comer. Devorei alguns pães de mel, enquanto bebia um suco natural de morango e menta. Também provei um bolo de chocolate com mirtilos, e podia jurar que aquela era a sétima maravilha do mundo. A conversa aos poucos foi parando, até ficar um silêncio meio sério. Eu não estava prestando atenção no que diziam, até porque, a comida estava melhor.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora