Capítulo 13

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Certo? Errado...

Independente de não conhecer Ares direito, não fizemos absolutamente nada. Seus beijos despertavam coisas estranhas em mim, e podiam facilmente me fazer esquecer onde estava, com quem e o porquê. Mas eu não podia me esquecer quem estava no quarto ao lado, e muito menos esquecer o motivo de estar naquela furada toda.
Iríamos nos casar. Com direito a véu branco, uma família louca e uma igreja cara no centro de Manhattan. Céus, eu iria me casar com um mafioso, não... com um boxeador mafioso.
Se fosse uma outra época, quando eu ainda esperava meu príncipe de contos de fadas e jurava que podia mudar o mundo com a mesma facilidade que estalava os dedos, eu acharia isso um máximo. Iria acreditar que podia mudar o brutamontes, que iríamos ter dois filhos, um Golden Retriever e morar numa casa amarela com gramado fofo para as crianças brincarem.
É, mas eu não tinha mais 15 anos.
Agora havia outras prioridades — não morrer era a maior delas — e deveres que eu tinha. Além de ter certeza que esse casamento nunca me fará feliz, porque se eu sabia de algo, era que eu e Ares éramos totalmente o oposto um do outro.
Ele era o caos, e eu prefiria a paz.
Ele tinha prazer em ferir os outros, enquanto eu preferia cuidar das pessoas.
Ele era vermelho como sangue, e eu gostava do azul do céu.
Totalmente opostos. Não acreditava naquela história de "os opostos se atraem", na realidade, eles se machucam. Também não podia ignorar que me sentia atraída por ele. Eu era tudo, menos mentirosa, e tampouco iludida. Me sentia bem com Ares, quando não estávamos nos matando, o que era raro, mas não era algo que me faria parar meu mundo apenas para girar em torno do dele.
Eu o conhecia há pouco tempo, e apenas atração não era algo que me fazia criar esperanças.
Iria me preparar para ter uma vida infeliz, mas ainda tinha um pequeno fio de esperança que insistia em acreditar. O "Quem sabe..." estava mais presente do que nunca.
Dormir abraçada com Ares era bom, não podia negar, me fazia sentir segura e bem protegida, algo que desde a morte dos meus pais eu não sentia. Estava em um sono profundo, até eu sentir um suspiro estranho perto do meu rosto, um ar quente que eu sabia que não pertencia ao brutamontes ao meu lado. Abri os olhos lentamente, tentando me acostumar com a pouca luz, até ver que um vulto estava próximo de mim, quase como se fosse me beijar, mas vi o brilho de sua lâmina. Ele iria me matar. Não pensei duas vezes antes de gritar.
Em um movimento não pensado e involuntário, o vulto tentou tampar minha boca, querendo me impedir, mas foi tarde demais. Meu grito agudo fez Ares acordar, que com um movimento rápido o jogou com um único golpe para longe de mim, me olhou rapidamente nos olhos, mesmo no escuro eu sabia que ele estava fazendo isso, como se conferisse se eu estava bem. Num piscar de olhos, ele já estava de pé e levantava o vulto pela mão, o segurando pelo pescoço próximo da janela. Acendi a luz do abajur, e pude ver o loiro segurando um homem totalmente de preto com uma mochila nas costas. Olhei para o chão e vi o punhal lá, havia um líquido esverdeado nele, sabia que era veneno.

- Ares, solta ele. – Falei assustada com a possibilidade dele matar alguém. Não queria presenciar um assassinato.

O brutamontes não me obedeceu e o homem já começava a se contorcer sem ar — gemendo e rosnando — enquanto tentava freneticamente se soltar. Até que ele olhou para mim, eu devia estar assustada e pálida demais para o fazer mudar de ideia.

- Vamos. – Rosnou arrastando o homem dali como se ele fosse uma mera boneca de pano.

Me levantei e os segui, correndo. Ouvi o homem bater contra a escada, e gemer de dor a cada novo degrau, Ares não iria ser gentil ou cuidadoso, ele queria fazer com que o assassino sofresse. Ele já havia quebrado pelo menos 3 costelas até chegar na sala, onde o brutamontes o levantou com uma única mão e encarou seus olhos, tirando a máscara de esqui que ele usava. O homem era asiático, com grandes olhos castanhos e cabelo liso preto. Isso fez com que Ares ficasse com mais raiva, como se ele soubesse quem era aquela pessoa. Caminhou segurando o homem pelo pescoço e entrou no corredor "proibido" mas não me importei, o segui assim mesmo, ele abriu uma porta e jogou o asiático lá dentro, assim que me aproximei, assustei com o que vi. Era um sala enorme, toda protegida para abafar o som, nas paredes brancas diversas armas estavam penduras, desde pistolas até espadas medievais. Uma cadeira solitária ficava no meio da sala, embaixo dela havia um ralo e podia ver marcas de sangue seco. O loiro prendeu o homem nessa cadeira de ferro velha, sem se dar conta que eu estava vendo tudo. Caminhou até a parede, e assobiando como se estivesse em um passeio, andou de um lado para o outro como se decidisse com o que aquele cara deveria morrer.
Sua raiva o cegava. Ele estava descontrolado, totalmente cego pelo ódio.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora