1▪ this is me ▪

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Sentia os meus olhos fecharem-se sem a minha permissão, as pálpebras pesadas. O meu cérebro mandava-me ficar acordado, mas o meu corpo cansado quase adormecia.

Os sinais de trânsito passavam pelo painel preto em minha mente tendo a plena noção que dentro de uns dias eu teria exame de código da conduta de condutor.

Sabia e tinha toda a noção de que se falhasse aquele exame eu teria sérios problemas. Sabia que os meus pais estavam bancando a minha licença apenas para poder ajudá-los com o novo sistema de entregas ao domicilio do restaurante dos quais os mesmo eram donos.

Havia um dia em particular em que o entusiasmo de me apresentar ao trabalho crescia graduadamente.

Todas as sextas-feiras um garoto loiro entrava no restaurante, pousando os seus livros sobre a mesa e pedindo um café grande acompanhado de um bolinho de arroz.

Eu me sentia um maníaco, com o pano de mesa sobre o ombro e outro em mãos, limpando os copos finos e observando o garoto. No caminho para o manicómio eu encontrava aqueles olhos brilhantes, sempre do lado do seu sorriso torto, mas impecavelmente bonito e branco.

Ele era realmente bonito.

Eu não sabia nada sobre a vida dele, mas eu gostaria. Não sabia nada da sua pessoa e nunca saberia se ele me chutaria se eu lhe dissesse um ''oi''. Na verdade, eu tenho a certeza que ele ao menos me notou lá, mas fico feliz por isso pois quer dizer que o meu trabalho em espionagem está se tornando bom.

Apenas a minha mãe parecia notar a minha distracção sempre que ele entrava, se perguntando se era realmente necessário eu acabar partindo alguns copos.

Mas era bom que ele não me notasse. Não era por ser um ser inseguro ou com poucas convicções. Eu só sabia que eu iria machucar aquele coraçãozinho dele que insiste em sorrir para todo mundo toda a vez que ele entra.

De alguma forma eu sabia que eu não era certo para ele e por isso eu me mantia no escuro e me apaixonava por ele de longe.

Os meus pais não me impõem muita coisa ou percebem muito do que vai na minha cabeça.

Certamente já entenderam que não sou bom com relações amorosas e rapidamente entenderão que quando digo amorosas estou falando de todo o mundo. Estão claramente preocupados com o facto de que no mês que vem eu estarei me juntando a uma faculdade para começar a minha formação.

Não é grande assunto por aqui, pois ficou claro que Kim Taehyung, dois anos mais velho do que eu e estudante na faculdade que pretendo ingressar, irá tratar de mim.

Os meus pais só não sabem que tudo o que eu menos quero é ter a reputação de Kim Taehyung.

No entanto, em todos os casos, há algo de que ninguém sabe e leva todo o mundo a perguntar o porquê de eu nunca largar o meu celular.

Parecem cair na desculpa de que estou lendo algum jornal ou coisa parecida, jogando algum video game chato.

Mas, a plena verdade, é que estou conversando com o meu amigo virtual.

Nós trocamos fotografias do que estamos fazendo o tempo todo, seja porque rede social for. Às vezes nós conversamos pelo celular noite fora e esperamos nos conhecer um dia.

Não acho que ninguém precise de saber, pois sou uma pessoa consciente e sei que será difícil conhecê-lo algum dia pessoalmente.

No fundo não nos importamos muito com isso, pois seja como for sempre estamos conectados.

"Jungkook?" Conheço a voz grossa que chama o meu nome. Um homem de idade. "Você está dormindo? Senhor Jeon?!"

E esse sou eu.

O garoto adormecido na aula de condução.

cornetto [jikook]Where stories live. Discover now