80 ▪ heavy ▪

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Ver Jimin dançando de novo era como aleluia.

Você diz aleluia sem a plena noção, você respira fundo, suspira, se sente aliviado, porque você vem esperando que as coisas corram bem por um tempo, você entende se sentir daquela forma faz um tempo, então aleluia.

Aleluia deixa de ser vista de uma forma religiosa e sim como um grito de guerra, porque você finalmente alcançou o que estava esperando.

E ver Jimin dançando era exatamente como isso.

Eu vinha esperando fazia um tempo, desde a primeira e última vez para ser preciso.

Tinha deixado o outro bilhete em casa, como prometera, ou seja, Yugyeom, então agora estava ali sozinho, observando tudo aquilo sentado entre as demais pessoas, mas isso não queria dizer que eu tivesse tomando a decisão certa em vir sozinho ali.

Estar sozinho significava não ter ninguém que me obrigasse a deixar de olhar Jimin, porque tudo o que eu precisava era de deixar de olhar Jimin, nem que fosse só por um segundo, porque estava se tornando demais, tudo estava pesando em mim e estava... doendo?

Então não tinha ninguém ali que me mantesse sobre o controle, ninguém em quem eu pudesse despejar a minha carga energética, que me consumia e me deixava mais do que sobrecarregado quando eu olhava Jimin naquele palco.

Não era nada de novo, porque ele estava repetindo tudo o que eu vira da primeira vez, com a mesma trilha sonora dolorosa, a diferença era ligeira, mas para mim era notável.

Ao invés de tutus brancos as garotas vestiam agora vestes pretas, isto porque precisavam contrastar com o dançarino principal, que era Jimin, que ao invés de todo de negro estava de branco, com uma blusa de decote em V, que nas mangas se abria do antebraço até ao pulso, como um sino, e pendiam uma fita da mesma cor em cada uma delas.

E então não era nada de novo, mas estava me matando mais do que antes, porque agora eu conhecia Jimin, eu realmente o conhecia, mesmo que não o entendesse muitas vezes, e agora eu sabia sobre ele, sabia sobre os problemas na sua vida, sabia o que significava para ele poder estar naquele palco.

E doía. Doía tanto quanto os machucados nos pés dele de tanto treino, doía tanto quanto o que ele devia sentir quando impedido de fazer o que ama de forma livre.

Eu estava sentindo tudo e não tinha ninguém que me amparasse disso, não tinha ninguém que me fizesse desviar o olhar da dor pintada e desenhada na minha frente, afinal tudo o que eu queria olhar estava ali, coberta por ela.

Quando tudo terminou, obrigado a recompor-me, eu passei as palmas das mãos por baixo dos meus olhos, limpando aquele suor frio, sem acreditar na forma como eu estava me sentindo por aquilo, e ficando de pé, engolindo em seco, depois de todos os aplausos serem feitos e agradecimentos.

No entanto, o meu corpo só me levou até ao corredor de saída, por onde as pessoas saíam com calma, quando eu percebi alguém subindo mais rápido entre as pessoas, pedindo licença e eu conhecia aqueles murmúrios.

"Jungguk." Ele disse quando me encontrou, e ainda estava nos trajes de antes, e descalço, mas com meias sobre os pés e um casaco com capuz, que ele usava para esconder os seus cabelos e provavelmente a sua identidade. "Vem." Ele chamou, entrelaçando os seus dedos nos meus e caminhando na minha frente, descendo as escadas.

E eu fui, atonico, ainda atingido pelos sentimentos e emoções anteriores, até que ele passou pela lateral do palco, um corredor pequeno, que nos levou às traseiras deste, onde haviam mais pessoas do que eu julgava.

"Hey, baby, estas são Da..."

Eu pisquei devagar, ciente de que ele estava agora me apresentando os cinco tutus pretos, que me olhavam com atenção, mas eu estava mais preso na forma como ele ainda segurava a mão daquela forma e acabara de se dirigir a mim daquele modo em frente às suas companheiras de dança.

cornetto [jikook]Where stories live. Discover now