29 ▪ do u want me to go? ▪

3K 472 37
                                    

Eu nunca na vida tinha esperado tanto pelo final de um dia e na mesma medida eu nunca iria imaginar a maneira como ele terminaria. 

Incapaz de sequer acompanhar Jimin a qualquer lugar para que passássemos algum tempo juntos (logo depois de a minha mãe nos dispensar), eu vi na minha lista de opcões uma, que era convidá-lo para ir até a minha casa.

E eu tencionava a todo o custo dar-lhe atenção, mas enquanto eu estava deitado na cama e ele se sentou na ponta, apenas deixando que a sua cabeça pousasse no meu abdómen, e falava sobre acontecimentos relativamente engraçados e recentes da tarde passada, eu só pensei em fechar os olhos e deixar-me ir. Obriguei a minha mão a brincar com os cabelos dele, tentando distrair-me e prestar atenção no que ele falava. 

E, inocentemente, a minha mente reproduzia todas as vezes que ele mordeu ou lambeu os lábios na minha direção durante o dia, ou de todas as vezes que ele me encarava. E depois, no fundo, brilhando em neon e todas as outras coisas que chamam a atenção de qualquer um, gritava a frase que ele tinha sussurrado tão perto da minha boca: Não se apaixone por mim

E isso encerrava todo aquele drama que a minha cabeça tinha criado na noite anterior, porque eu também não queria que ele se apaixonasse por mim, de nenhum jeito. Então estávamos em pé de igualdade, no mesmo lugar. 

''Hey, Jungkook.'' Ele chamou, puxando as pernas para cima do colchão. Eu tentei levantar os ombros, desistindo por exaustão. ''Você quer que eu vá?''

Talvez ele entendesse que eu estava quase a cair para o lado. 

Eu não respondi por um tempo, sabendo que se ele ficasse eu caíria no sono, mas sem querer que ele fosse ou me deixasse. E parte de mim sabia que era completamente rídiculo mandá-lo embora agora, depois de passar o dia enfiado em um restaurante, interpretando o empregado de mesa. 

''Não.'' A minha resposta foi curta, mas eu esperava que o tom demonstrasse a sinceridade presente. 

Ele puxou a minha mão, antes presente nos seus cabelos, e deixou-a embaixo do seu queixo, com a sua por cima. 

''Porque você estava acordado de madrugada?''

O meu corpo passou então a relaxar, sabendo que ele não iria a lugar algum, e então, inconscietemente, eu respondi, de olhos fechados: 

''Estava falando com Yugyeom.'' 

O aperto do mais velho na minha mão tornou-se nada mais nada menos do que inexistente, apenas tendo a sua mão em cima da minha, e sem pensar eu aciriciei a pele do seu pescoço. 

''E você?'' Eu coloquei. 

''Não tinha sono.'' 

Eu sabia, perfeitamente, e tudo o denunciava, de que aquilo era mentira, mas eu não tinha nem energia para rebater, tanto que até tinha medo de estar perdendo alguns trechos da conversa entre nós. 

E em algum momento eu fui desperto pelo movimento do corpo dele e quando eu decidi abrir os olhos para entender o que acontecia à minha volta, eu percebi que ele se deitava agora no pequeno espaço ao meu lado, na cama de solteiro.

Institivamente eu encolhi-me, dando-lhe mais espaço, mas ele simplesmente colocou um braço acima da minha cabeça e com o outro puxou-me para perto, afegando os cabelos da minha nuca e mantendo a sua cabeça acima da minha. E eu fechei os olhos, quase em reflexo, agarrando levemente o tecido da camisola dele que, por mais incrivel que pareça, ainda cheirava a ele ao invés de comida ou outra coisa qualquer. Então eu inspirei, anestesiado, como se aquilo fosse a minha saída para o meu sono mais profundo. 

E quando eu acordei, certamente umas boas horas depois, ele ainda estava ali. E aquilo não era algo que eu esperava. 

Nós continuávamos exatamente do mesmo jeito, à excessão que agora o seu braço estava mais um pouco sobre a minha cabeça e apenas a ponta dos seus dedos tocavam os meus cabelos. Eu ergui o rosto, com os olhos completamente pesados de cansaço, mostrando que as horas foram poucas. 

Agora a porta do meu quarto estava fechada e tudo parecia escuro demais para a maneira com que eu conseguia enxergar o seu rosto bonito e adormecido. E eu sabia que nunca mais na minha vida eu teria aquela oportunidade então tudo o que fiz dali em diante foi encará-lo como se a minha vida dependesse disso. Porque todos aqueles traços era hipnotizantes e eu seriamente questionava-me como é que qualquer pessoa que passasse por ele na rua não parava para o olhar. 

Ainda que nos meus desvaneios, eu pude notar quando uma certa quantidade de luz atingiu os meus olhos e quase os queimou, sendo que foi fácil reconhecer a figura pequena da minha mãe na porta. Eu ergui o rosto, tapando os olhos com a mão, escondido atrás do corpo pequeno de Jimin. 

''Ah, já acordou.'' Ela sussurrou, sabendo certamente que o baixinho dormia. 

''Está chegando agora?'' Eu perguntei, coçando os olhos. 

Ela negou com a cabeça, mostrando-me que era bem mais tarde do que eu julgava. 

''Eu vinha cobrir vocês.'' Ela finalmente me mostrou o cobertor em suas mãos, mas eu apenas gesticulei para que ela o deixasse de lado. ''Eu vou fingir que não estou vendo isso, certo?'' Ela apontou para nós os dois e eu sorri em agradecimento enquanto ela deixava o quarto e voltava a fechar a porta, permitindo-me abrir os olhos. 

Em um reflexo eu subi a minha mão, deixando-a por cima da bochecha quente dele, usando o gesto para subir o meu corpo e ficar de frente para ele, com os nossos joelhos dobrados se tocando. E eu percebi então que a sua posição estava moldada com a minha anterior, completamente aconchegados um no outro. 

E, sem eu mesmo poder prever, o corpo dele sentiu falta disso e mexeu-se, resmungando, esticando então o braço para puxar a minha cabeça e prensá-la contra o que seria o seu peito, mas como eu tinha subido, contra a sua cara. Eu cheguei-me para perto, com medo que ele acordasse e eu fosse perder o maior privilégio da minha vida tão depressa.

Então todo o seu corpo voltou a moldar-se ao meu, procurando contacto. 

As suas pernas envolveram-se na minhas, o braço dele abraçou o meu quadril e tudo o que eu pude fazer foi encará-lo de tão perto e manter a minha mão na sua face, enquanto tudo o que passava pela minha cabeça era que provavelmente eu nunca seria capaz de não me apaixonar por ele. 

cornetto [jikook]Where stories live. Discover now