16 ▪see ya around ▪

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Jimin não parecia ter muita noção das horas, mas eu não gostava de ser desleixado, tanto que sabia que os meus pais por essa hora deviam estar preocupados comigo por ter saído cedo e... ainda não ter chegado.

Depois de passarmos a tarde naquele sofá, que no fim era bem possível ignorar o desconforto, nós desfrutamos de um bom jantar.

Notamos que não tínhamos feito nada para além de conversar, contar piadas bobas, fazer nada mais nem menos que ficar sentados no sofá o dia todo.

No entanto, não fora um mau dia. Pelo contrário, começava a soar no meu pensamento que qualquer dia, qualquer momento, perto de Jimin seria incrivelmente bom e até então eu não tinha provas do contrário.

Ainda assim, eu ainda era cativado pela imagem calma dele, aquela que eu não conhecia, dele estudando naquela mesa, como ele fazia no restaurante dos meus pais, levando a ponta do lápis aos lábios e se repreendendo quando notava tal ato.

Ah... Aquela imagem.

Eu era agarrado a qualquer imagem de Jimin, era verdade. Tanto que me perguntava, algumas vezes, se ele não era produto da minha imaginação, de um sonho, uma alucinação. Ele era real?

"Jungkook!" O garoto beliscou o meu braço.

Porque ele fez isso?

"Está aí ou quê?"

Eu tinha os dedos nos bolsos das calças e estava em pé, junto da porta da saída do estúdio dele.

Sem pensar, eu andei em frente, deixando o espaço e tropeçando nos meus próprios pés.

"Você está bem?" Ele voltou a questionar, segurando-me para que eu não caísse e largando-me logo em seguida para fechar a porta à chave.

"Sim." Eu respondi, desnorteado.

Eu tinha que parar de me perder naquela beleza imensa, mas Park Jimin... Oh, Park Jimin.

Eu desci até ao térreo com ele, seguindo-o pelas escadas que ele descia com rapidez.

No final, já fora da saída do prédio, ele estufou as mãos nas pernas e sorriu.

"Quando eu vou ver você de novo, Kookie?"

Eu suspendi uma sobrancelha, entendendo então que era ali que nos separavamos. Eu sacudi os ombros, olhando a rua e tentando lembrar me do caminho de volta.

"Você sabe onde me encontrar."

"E isso é um convite?"

"Claramente." Eu assegurei.

Ele sorriu, encarando o chão e ajeitando a alça da sua bolsa tiracolo.

"É bom passar tempo com você."

O seu olhar e a sua atitude definiam-me naquele momento. Radiante. Jimin gostava de estar comigo tanto quanto eu gostava de estar com ele?

"Eu sei." Disparei.

Ele esticou o braço, alcançando o meu ombro e o cutucando de leve com o que seria um murro.

"É mútuo." Acrescentei.

"Eu sei." Ele imitou-me. "Nos vemos por aí."

Antes que eu pudesse saber o que fazer, Jimin abraçou-me brevemente e saiu, caminhando à minha frente, de costas para mim. A sua bolsa tocava e deixava a sua coxa com um atraso de milésimos de segundos, acompanhando os passos que ele dava.

O vento levava-lhe os cabelos para fora do local previsto e ele apertava o casaco de couro até ao pescoço.

Até de trás você é lindo, Jimin. Até.

Antes que eu raciocinasse que os meus pés seguiam agora o caminho para casa, que eu me lembrava aos poucos, a minha mente ainda insistia em formar as palavras que ele me sussurrara ao ouvido em uma frase.

Talvez eu estivesse a evitar que eu a ouvisse, de novo, por completo, no meu pensamento. Não a queria na minha cabeça, partia-me o coração. Mas durante aquele abraço casto, que eu tanto gostava, Jimin tinha proferido a dura e crua verdade.

"Você é um ótimo amigo, Jungkook."

E nada mais.

▪》》▪

Talvez eu tivesse interpretado a última conversa com o Park como uma promessa silenciosa de que ele apareceria mais vezes do que o previsto.

No entanto, era sexta feira, seis dias depois do último dia que nos viramos, e o dia em que ele deveria aparecer, no mínimo, para os correntes estudos no restaurante.

Eu começava a desistir da ideia, perguntando-me qual fora o meu erro no último sábado. Eu não agira fora da norma, pelo menos não a meu ver. Mas que a culpa era minha, eu sabia-o.

Foi quando Kim Taehyung entrou pela porta, e aquele sininho fez-se presente, que eu soube que mesmo que Jimin fosse aparecer, eu não tinha mais hipótese alguma de falar com ele.

Mas Kim Taehyung nem chegou a ser problema, pois o Park nem apareceu.

O de cabelos vermelhos ficou todo o dia sentado ao balcão, conversando comigo e logo engatando em uma conversa sobre a faculdade que ele gostava tanto de gabar. A minha mãe não via problema, até porque para ela o garoto era caído do céu e fabricado por anjos, enviado à terra para me salvaguardar.

De qualquer jeito, os meus pensamentos estavam em alguém com os cabelos tingidos de loiro e não vermelho.

Quando Kim Taehyung desandou da minha vista, eu finalmente pude ir para casa.

Tarde da noite, quando os meus pais subiram, exaustos do trabalho, eu verifiquei se o menino da mesa 13 não tinha aparecido e a resposta veio aliar-se às minhas suspeitas.

Jimin não tinha aparecido, mais uma vez.

Uma parte de mim queria pensar que algum imprevisto tinha acontecido, mas quem queria eu enganar?

Park Jimin tinha-se cansado do garoto irritante e mais novo que era filho dos donos do restaurante que ele gostava de estudar. Tudo porque eu era alguém cansativo e eu sabia-o.

Deitado sobre a minha cama, em súplicas para que as minhas paranóias inseguras não me perseguissem naquela noite, um barulho agudo atingiu os meus ouvidos.

Eu desloquei-me pelo chão frio, abrindo a janela e encarando o rés do chão.

Eu cocei os olhos, surpreso, quando ele juntou as mãos em volta dos lábios e no maior sussurro, disse-me:

"Você precisa mesmo de me dar o seu número!"

cornetto [jikook]Where stories live. Discover now