26 ▪kiss, Guk ▪

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Eu tinha que saber se Yugyeom estava bem, porque de algum jeito eu sabia que era ele quem estava me ligando.

Mas custava-me.

Em primeiro lugar ia contra os meus valores da boa educação. Em segundo, aquele momento com Jimin era bom demais para estragar. E em terceiro, eu sabia que aquela chamada seria longa, nós tínhamos tanto para conversar.

Eu tirei o celular do bolso, atrapalhado e rápido, verificando o que eu já sabia.

E depois eu olhei Jimin, que dava tudo para não ser intrometido e olhar a tela do meu celular. Eu virei-a contra a minha mão, inconsciente, e esfreguei a mão livre na coxa dele.

"É só um minuto." Eu afirmei.

Ele acenou, confirmando, com os cabelos caíndo na frente dos olhos. Ele moveu-se rápido, saindo de cima de si e caindo no sofá. Eu levantei-me, indo para a cozinha e apoiando-me no balcão.

O espaço não tinha divisões concretas, não haviam paredes, então se quisesse privacidade as minhas opções eram ou a casa de banho ou fora da casa e isso era justamente ridículo.

Atendendo a ligação, tendo noção de que não era um bom momento e de que Jimin ouviria tudo, eu perguntei:

"Você está bem?"

O maior respirou do outro lado e era percetível que ele tinha provavelmente acenado.

"Estou." Ele respondeu, a voz quebrada. "Cheguei à umas horas." Ele divagou e eu sorri, porque afinal não parecia que ele estava cortando relações.

"Yug." Eu queria ser rápido, mas não queria despacha-lo. "Nós precisamos resolver as nossas coisas, precisamos de ter uma conversa longa, mas agora..." Eu suspirei, apertando os olhos e pressionando as pálpebras contra os meus dedos.

"Não há nada para resolver, Gukkie." Ele condenou. "Só tenho pena que não tenhamos podido nos despedir em condições."

"Foi injusto." Eu repreendi. "Você não devia ter ido."

"Claro que devia." Contrastou o tom. "E você deveria ter me dito que tem um namorado. Qual foi a ideia? Por isso que anda mais ocupado?"

"Não foi nada disso!" Acabei mudando de tom. "Eu não trocaria você, de qualquer jeito." Encostei a testa na mármore fria do balcão, respirando fundo. "Conversamos mais tarde?"

"Como quiser." O outro tentou parecer indiferente, sem muito sucesso.

"Yug... Eu prometo que eu vou ligar mais tarde."

"Ok."

"Yug..." Choraminguei, quase com raiva. "Não seja assim. É difícil para mim também."

"Beijo, Guk." E o garoto desligou.

Estava mais aliviado, ao menos ele tinha chegado bem, tinha ligado, mesmo que com certo desagrado, mas tinha.

E Jimin estava deitado no sofá, ocupando-o todo, de pernas cruzadas e mexendo no celular com um bico nos lábios. Eu acabei deixando o meu em cima do balcão, logo ficando perto do sofá, apoiando a mão do lado do corpo do Park e caindo lentamente sobre ele.

"Hey, seu gordo." Ele riu, empurrando o meu peito, mas segurando o tecido da minha camisola entre os dedos ao mesmo tempo.

Eu gargalhei, com as pequenas cócegas no meu corpo, logo aproveitando o gesto para o imitar, fazendo cócegas leves no seu abdômen. Ele dobrou as pernas, batendo nas minhas mãos e deixando-me assim no meio do seu corpo.

Eu sorri de lado, aproximando o meu rosto do seu pescoço e beijando a pele macia e suave. As suas mãos logo pararam de procurar vingança e enlaçaram o meu pescoço, cruzando-se na minha nuca. Chegou o corpo mais para baixo, chocando os seus quadris nos meus uma vez, por acidente, então deixando-nos mais deitados e consequentemente mais juntos.

"Jungkook-ah..." Ele murmurou, virando a cara até chocar os seus lábios com os meus, logo os pegando nos dele e me beijando com cuidado.

Ah, como aquilo sabia bem.

A minha mente rapidamente processou a forma como ele me chamou, tornando aquilo e fazendo-a soar como um gemido. Não teve uma reação boa no meu corpo. Aliás, era boa, era das melhores, mas não podia sentia-la, não devia.

Os seus lábios cheios continuavam se movendo contra os meus, insaciáveis, língua contra língua.

Então o meu celular vibrou contra o balcão, tornando possível ouvir o vibrar dali.

Eu afastei-me, um bocadinho chateado, para então me erguer sobre o corpo de Jimin, que bufava, e tentando inevitavelmente ver o nome do contacto, como se alguma vez fosse possível.

No entanto, dessa vez, eu simplesmente voltei a beijar Jimin.

"Quem quer que seja, que espere." Eu murmurei, apertando a sua cintura.

Ele riu contra o meu queixo, logo o erguendo para tocar os nossos narizes e respirar contra a minha boca.

"Devia ir lá."

Eu gargalhei, encostando o meu nariz e boca na sua bochecha, sabendo que ele não queria aquilo.

"Mesmo?" Eu murmurei baixinho, passando a ponta do meu nariz por aquela zona, seguindo até à sua orelha e beijando abaixo da mesma, seguindo uma trilha pela sua mandíbula até ao seu pescoço.

A respiração dele começou a ficar mais pesada, mais acelerada, enquanto os dedos passeavam pelos meus cabelos, tentando manear a minha cabeça como ele queria.

"Não..." Acabou confessando, parecendo um quanto inconsciente sobre a resposta que dava.

E eu ri de novo, porque eu tinha que rir.

"Mas, Jungkook?" Ele perguntou, o celular vibrando de novo no fundo.

"Sim."

"O que eu queria mesmo era que jogasse esse celular no lixo."

cornetto [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora