3 ▪she broke my ♡▪

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Eu não sabia mais como me sentir sobre o que se passava à minha volta.

E o que se passava à minha volta era um valente nada.

Nunca se passava nada na minha vida.  

Desde que as férias tinham começado eu andava nessa vida louca que de loucura não tinha nada. Todo o dia eu ficava em casa ou ajudava no restaurante, tirando apenas um par de horas para assistir a aula de condução.

Ultimamente, sem vida como eu era, o que ocupava a minha cabeça era o facto do menino loiro ter falado comigo. Eu não era bobo o suficiente para dizer que o meu aniversário tinha valido a pena apenas por isso, mas era o suficiente para admitir que isso me fez sorrir.

Ele certamente estava sendo apenas educado, porque perante a maneira como ele agia eu podia saber que ele era um garoto correto e com boa educação. Talvez eu fosse idiota por achar que o conhecia quando nem o nome dele eu conseguia saber.

Eu era envergonhado demais para iniciar uma conversa com ele. Talvez não fosse vergonha, mas sim porque eu era um adolescente um quanto peculiar.

Talvez fossem as minhas hormonas que sempre pareciam gostar de zoar comigo e o meu coração grande. Eu me apaixonava fácil demais e consequentemente pelas pessoas erradas.

É isso mesmo. Talvez eu tenha uma queda por garotos bonitos.

Ah... Eu não mencionei?

Às vezes as pessoas não encaram muito bem as pessoas que gostam de outras do mesmo sexo.

Eu não percebo qual a necessidade em andar rotulado por aí ou andar contando e panfletando que sou gay.

Obviamente os meus pais sabem sobre isso, inclusive conheceram o meu primeiro namorado quando eu tinha dezesseis anos.

Mas para além disso e do garoto do outro lado do mundo ninguém sabia ou parecia desconfiar.

Não é como se eu mostrasse muito a cara ou fosse um garoto da balada. Eu não era tímido nem fechado, eu só não tinha muitos amigos. Para falar a verdade a coisa mais perto de um amigo que eu tinha perto de mim era Kim Taehyung. E Kim Taehyung sim, ele era um garoto de baladas e festas por todo o canto. Com os dedos de uma das minhas mãos eu consigo contar as vezes que ele esteve sóbrio esse verão.

Ele não era má pessoa, mas só nos conhecíamos porque as nossas mães se davam como irmãs. Elas tinham algumas coisas em comum, inclusive a opção de sexualidade dos filhos.

Isso mesmo, Kim Taehyung, dezanove anos, homossexual. Ao contrário de todo o bullying que ele podia sofrer por ter escolhido se assumir, Kim Taehyung parecia ser adorado por todo o mundo.

Eu não tenho inveja dele, porque eu prefiro o meu canto reservado.

De qualquer maneira eu suspeitava. Apesar de ser um garoto que aparenta ir com todo o mundo ele não vai com ninguém. Kim Taehyung é um romântico incurável com uma personalidade delicada. No entanto eu não aprovo o seu estilo de vida, mas claramente não é assunto que me toque.

Eu não ousava me aproximar de garotas. Eu não sou convencido e não acho que elas vão se apaixonar por mim, mas um trauma me persegue desde que eu namorei um garoto pela primeira vez.

Eu tinha uma melhor amiga e eu a chamava de "Mo". Nós nos conhecíamos desde que nascemos pois éramos vizinhos e no dia que eu estava lhe indo contar sobre a novidade ela se dirigiu a mim primeiro. Ela me beijou nesse dia e a única coisa que eu fui capaz de lhe dizer fora que eu estava namorando.

Então ela me disse, com todas as palavras que me marcaram até hoje e inclusive as últimas que ela me dirigiu.

"Jungkook... Você é um garoto tão bonito e eu não sei como você nunca percebeu que eu sou apaixonada por você. Pelos visto eu escolhi o dia errado, não foi?"

O sorriso dela era o mais doce que eu já tinha visto até ali. Você sabe, antes do menino sem nome do restaurante.

Eu gostaria de ser apaixonado por ela, porque incrivelmente eu sei que seria feliz do seu lado, mas não era.

"Você vai fazer alguém muito feliz um dia, Kookie, eu sei que sim. E essa pessoa vai ser a mais feliz de sempre do seu lado. Então guarde esse seu amor que todo mundo vai querer, porque eles vão, acredite, e o dedique para a pessoa certa."

Com essas palavras em mente eu terminei o meu relacionamento dois meses depois. Dois meses fora o tempo que eu demorara a entender que o amor que eu não estava sentindo não ia crescer. Fora o tempo que eu demorara a entender que eu não queria que ele conhecesse os meus pais ou passasse muito tempo em meu quarto, pois quando aquilo terminasse, e eu sabia que iria, eu não quereria lembrar.

"Você irá saber quando ele merecer tudo de você. Você quererá dar-lhe o mundo. E, no fundo, eu sei que não será uma garota."

Ela sabia mesmo antes de mais alguém e mesmo assim tomara a coragem de me contar que era apaixonada por mim.

"Então não desperdice o seu tempo com elas ou você não encontrará o amor da sua vida."

Eu sabia que era drástico não me relacionar com garotas de jeito algum.

Mas nesse dia, nesse dia que ela deixou claro que precisava se afastar de mim, ela quebrou o meu coração.

"Eu te amo."

cornetto [jikook]Kde žijí příběhy. Začni objevovat