cornetto [jikook]

72 ▪ memories and feelings ▪

"É só que você vai acabar por se magoar..." Yugyeom dizia, como se não fossem palavras que eu sabia, mas como se fosse um assunto banal, porque nós os dois sabíamos aquilo tão bem que não valia mais esperar que fosse surpresa.

"Você fica esperando Taehyung, certo?" Eu mudei de assunto e ele sorriu, aceitando e confirmando, logo esfregando as mãos nas coxas enquanto eu ajeitava o casaco preto nos meus ombros.

Daquela vez eu estava pouco ligando para o que eu estava vestindo, porque o dia estava de horrores, ora fazia calor ora vinha um frio infernal, então eu acabei por vestir uma tshirt, mas levar um casaco quente, que me deixava confortável.

"Vamos lá ver se as festas daqui valem a pena." Ele proferiu, e eu acabei rindo de mim mesmo.

"Lembra da minha nódoa negra?" Eu lembrei, porque eu lembrava bem da cara de horror de Yugyeom quando nós ligamos no skype e ele viu o meu olho pisado por um cara qualquer em uma festa, enfim. "Preste atenção." Eu aconselhei, sem realmente achar que haveria mais alguém no mundo tão estúpido a ponto de chegar àquilo.

O pior daquilo tudo é que eu estava confiando Yugyeom às mãos de Kim Taehyung.

Eles tinham se conhecido dois dias atrás, quando o Kim viera para me convidar, e eles tinham se dado de caras, enquanto eu e Jimin discutíamos por mensagem sobre ir nessa festa ou não.

E Jimin não iria, porque era parvo o suficiente, ao ponto de não me responder mais quando eu lhe disse que eu estava indo de qualquer modo.

Eu não gostava de festas, era verdade, mas estava na altura de integrar Yugyeom em um grupo de novas pessoas, e Taehyung foi mais rápido do que eu, mas de qualquer forma eu estava indo por ele.

"Nos vemos lá." Eu disse, o olhando e tocando a minha mão na dele, logo saindo dali, e nas escadas para o piso de baixo verificando se eu tinha as coisas essenciais, como o celular, a carteira e a chave de casa.

Era ruim que eu não pudesse ir com eles, porque vai se lá saber o que Kim Taehyung soltaria daquela língua grande dele, e ainda tinha dentro de mim a visão de Jimin sobre o garoto, porque desde que o mesmo descobrira que eu era amigo de Kim Taehyung, ele ficou pensando que nós estávamos envolvidos, porque Kim Taehyung nunca tinha só amigos, mas Jimin o conhecia também e isso me deixava a desejar.

E eu não podia ir com eles, porque, aparentemente, a minha mãe precisava que eu entregasse coisas do restaurante em baixo da nossa casa ao nosso restaurante no outro quarteirão, pois o mesmo estava com falta de alguma coisa que eu não tinha me preocupado em saber o quê, apenas me limitando a aceitar.

"Está bonito, Jungkook." Ela disse-me, assim que passou a sacola para as minhas mãos, colocando a sua mão na minha nuca e se inclinando para beijar a minha face. "Tenha cuidado, e não voltem muito tarde." Disse por fim, e eu concordei, beijando a sua face também e saindo dali.

Estava um pouco tarde, e era por isso que o pedido era urgente, pois estava quase na hora do fecho, e aparentemente o que faltavam eram ingredientes para o último serviço.

Eu apertei o passo, caminhando com alguma pressa, porque depois ainda teria que arranjar forma de dar com a casa de Min Yoongi.

Pelos menos uma hora depois, porque eu acabei caminhando, sem paciência para esperar por um autocarro, eu entrei na rua da casa de Min Yoongi, vendo o caro fiel de Taehyung estacionado, e ouvindo a música de bem longe.

E quando eu adentrei a casa, de portas abertas para quem quisesse, eu dei de caras com a multidão na minha frente, mas acima disso, logo na mesa em frente, por trás de todo esse plano, eu reconheci o corpo de Jimin, de costas para mim, usando jeans vermelhas e uma camisa preta, dentro da calça, que só dali dava vontade de apertar.

"Jungkook!"

Eu me virei, com o grito tão alto, e ele se virou, mas eu estava seguindo o som, vendo o Kim com as mãos em volta dos lábios, formando um túnel, e Yugyeom do lado dele, rindo sobre isso, encostado na parede perto das escadas, porque eles estavam no fundo delas.

E eu ignorei Jimin, porque ele tinha dito realmente que não poria ali os pés, mas a menos que eu estivesse alucinando, Park Jimin estava ali.

Quando eu cheguei ao pé dos Kims, de alguma forma milagreira, ele tinha um copo com cerveja para mim, e eu encolhi os ombros, segurando aquilo e ouvindo a conversa deles sobre alguma coisa que eu não estava integrado, mas que parecia ser sobre o tipo de festas da faculdade.

E, com os dois na parede, eu estava de costas para tudo, mas não estava intocável, e quando Jimin passou por mim, por trás de mim, para qur pudesse subir as escadas, ele tocou a minha cintura de forma subtil, sem ao menos dizer nada, como se eu fosse um desconhecido e fosse um toque promissor para que ele pudesse passar.

Eu acabei revirando o olhar, bebendo finalmente da cerveja mais doce do que eu esperava, e os Kims se entreolharam, em cumplicidade, para depois rirem duro na minha cara.

E eu olhei o topo das escadas, claro que eu olhei, e Jimin estava com dois caras, aqueles dois mesmos caras, aquele cara que ele beijou, mas ele estava acenando para algo que eles diziam, sentado na última escada, de pernas dobradas e abertas, segurando a bebida que estava pegando quando eu cheguei.

Eu desviei o olhar, segurando o copo frio entre os dedos avermelhados, por algum motivo, e encarando o interior, porque de alguma forma eu fora absorvido por alguma coisa, porque tudo aquilo, a música, a companhia, não estava me soando igual, ou comum.

Estava soando a memórias ruins e sentimentos contidos.

♤♡♤

Passei para dizer que o Jungkook é o melhor caompositor desse mundo.

Eu estava convencida que Fake Love tinha tomado conta de mim, mas Magic Shop...