19 ▪guk? ▪

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Eu seguia a minha mãe pelas escadas da casa. Não era costume fazê-lo, pois normalmente ela deixava-me ficar a dormir mais tempo, mas não naquele sábado.

Quando ela abriu a porta do restaurante, enquanto eu coçava os olhos, a minha primeira ação foi encarar a mesa com a qual eu achava ter sonhado.

Ela parou, encarando o lugar, verificando se tudo estava no lugar. Tratou de ligar todas as luzes, erguer os estores, enquanto eu me sentava ao balcão, aborrecido por ter que estar ali tão cedo.

A sua figura encontrou-se à minha frente, onde ela pousou um pano húmido e puxou a vassoura, depois a esfregona.

Eu ergui uma sobrancelha.

"Você vai tratar da fascina."

O meu semblante continuou igual, quando ela se dirigiu à caixa para verificar o dinheiro do fecho do dia anterior.

"É para aprender a não sair durante a noite e vir para aqui sem autorização."

O meu olhar foi levemente arregalado, pensando em como eu me safaria daquela.

"Omma..."

"E vai ficar aqui o dia todo."

"Mas eu tenho aula de código!" Eu exclamei, claramente uma desculpa.

Não punha os pés na escola de condução à mais de uma semana, mas ela não precisava de o saber.

Ela semicerrou o olhar para mim.

"É só um dia, você tem sido tão assíduo que não vai fazer mal." Ela deu-me, e esforçou-se para tal, o seu sorriso mais irônico.

Se calhar ela sabia.

Sem outra saída eu dirigi-me às mesas, começando por lhes passar o pano que ela me dera.

No entanto, o telemóvel vibrava no meu bolso, e com a nova entrega do meu número a Jimin, eu não resisti em ver quem era.

O meu olhar sorriu na mesma, mesmo que não fosse o Park, mas sim o garotinho que também era um dos motivos do meu sorriso.

Com um olhar rápido ao espaço, eu percebi que a minha mãe não estava ali, mas sim na cozinha.

Era estranho que ele me ligasse para o celular,  porque as chamadas eram bastantes caras e por isso só nos falávamos na internet.

"Guk?" Ele perguntou, e parecia animado.

"Oi!" Eu exclamei.

Era coincidência que na noite anterior me tenha lembrado dele no meio do meu esquecimento?

"Eu tenho uma ótima notícia!"

"Me conta!"

É... Ele conseguia passar-me a energia animadora que eu sabia que ele tinha.

"Bom..."

"Vamos, me conta."

"Eu acho que... Eu acho que eu estou indo te ver."

O meu coração tinha caído e sido pisado.

"Sério?"

A minha boca nem conseguia mais se mover.

Dali em diante eu tive que me sentar, enquanto ele me falava de como tinha sido uma surpresa de aniversário e eu me desculpava por nem sequer ter lembrado da data. No entanto ele não se importou, pois estava tão feliz por me vir conhecer, estávamos os dois.

A minha cabeça só pensava em como eu reagiria quando o visse, quando, ao mesmo tempo, eu me oferecia para pegá-lo no aeroporto e ainda para que ficasse na minha casa.

Os detalhes foram colocados.

Em menos de 24h eu veria o rosto bonito dele, poderia finalmente abraça-lo, toca-lo, ouvir a voz dele bem na minha frente. Eu teria a verdadeira perceção da altura dele, da sua estatura. Eu não podia acreditar!

Eu tinha esperado por tanto tempo...

A imensidão de felicidade dentro de mim queria explodir, para além de que todos os sentimentos que eu tinha reprimido estavam a voltar, como um turbilhão.

Durante todo aquele tempo eu sempre tinha ignorado a possibilidade de estar apaixonado por um garoto que eu não conhecia pessoalmente, mas ainda estava lá.

Eu sabia que eu não podia gostar dele, sabia que ele vinha e não ficaria por muito tempo.

Inerte, depois de a ligação ter terminado, eu levantei-me e quem me visse entenderia que eu estava triste, mas não estava. Estava a explodir.

Procurei pela minha mãe, porque ela entenderia.

Ela conhecia-o, gostava dele. Mas não era por isso. Tinha, certamente, que a avisar que durante os próximos dias haveria um inquelino novo.

Apesar de tudo estava assustado, muito assustado.

"Omma..." Eu murmurei, na porta da cozinha. Ela parou o que fazia e encarou-me.

"O que foi, Jungkook?" Ela aproximou-se, segurando o meu queixo.

Uma parte de mim achava que eu estava a fazer drama, mas outra parte de mim só pensava na minha relação com ele. Ele sempre me afetara muito, qualquer coisa que se passasse com ele. Nós éramos estáveis, tratavamo-nos como amigos que realmente se gostavam, talvez algo mais.

Mas como consolidaria isso com Jimin? Era possível?

"Jungkook?"

"Omma..." Eu suspirei. "Yugyeom está vindo. Ele está mesmo vindo."

cornetto [jikook]Where stories live. Discover now