cornetto [jikook]

83 ▪ air ▪

Eu podia querer ou não, porque não interessava o que eu queria quando o meu cérebro tomava vida e trazia memórias à minha mente que eu não queria relembrar.

Ah, partidas bêbadas.

Então, mesmo que eu não quisesse me lembrar de Jimin, naquele lugar que só uma vez havíamos estado juntos, a minha mente embriagada levava-me para a noite que Park Jimin decidiu que não seria assim tão ruim foder com a minha vida.

Tudo o que os meus olhos zonzos reproduziam na minha frente era a forma como Jimin me encostara naquele balcão, daquele bar, e me beijara em frente de quem quisesse ver.

O meu peito subiu, cheio de ar perante aquela memória, porque era o que eu precisava. Ar.

Precisava de ar, mas o que me faltava era Jimin.

"Jungk.....ook? Jung... Jungkook?"

Talvez Taehyung não estivesse me chamando daquele modo, talvez nem fosse Taehyung me chamando, eu não tinha a certeza, e não pude ter quando à minha volta todos estavam me olhando, em torno da mesa redonda que nem de perto dava para o grupo grande que tínhamos formado.

"Jungkook!"

Gritando. Taehyung gritou em frente da minha cara, empurrando o meu ombro para trás.

"O que foi?" Eu perguntei, a voz molenga, estreitando o olhar, percebendo os garotos em volta rindo, e o cheiro de alguma droga barata chegar em minhas narinas, direto do cigarro feito de Hoseok.

"Quer ir pra casa?"

Os meus olhos não estavam nele, mesmo que eu estivesse ouvindo, mas sim nas mãos de Hoseok, que estendia agora o cigarro pela metade ao garoto do lado, Yoongi, que sorriu torto antes de esticar a mão.

No entanto, na velocidade que eu considerei rápida, vendo a minha própria mão como um vulto, eu segurei aquilo na ponta dos dedos, chocando os dois, e olhando o Kim depois, sorrindo de lado.

"Não." Respondi então, aproximando o cigarro dos lábios e tragando com cuidado, porque felizmente, ou infelizmente, eu já ouvira Jimin falar antes sobre como deveria ser feito.

No entanto, achando que eu teria paz, os amigos do de cabelos ruivos bateram na mesa algumas vezes, festejando por aquilo, e Taehyung bateu a mão na mesa uma única vez, aproximando o rosto do meu, puxando aquilo dos meus lábios, o que me fez tossir algumas vezes.

"O que pensa que está fazendo?"

Era uma saída e eu tinha que tentar.

Eu estava apaixonado por Jimin e ele não estava apaixonado por mim. Estava claro nas suas decisões, que se resumiam a ignorar que alguma vez eu lhe tinha dito o que estava estampado por todo o lugar: apaixonado por Park Jimin.

E todo mundo não tinha essa coisa de alegar que bebia e fumava para esquecer? Para um momento de paz?

Eu não estava pronto para largar a mão de Jimin, então eu precisava de paz e de esquecer. 

Tinha que tentar.

Então o que eu estava fazendo?

"Park Jimin." Eu disse só para ele, reavendo o cigarro para mim e tragando de novo.

"Você está mal, Jungkook, não diz coisa com coisa." Ele alegou, pousando a mão em cima do meu ombro, mas eu a tirei de lá e fiquei de pé, me apoiando na mesa.

"Estou fazendo Park Jimin." Eu disse-lhe, antes de Hoseok reaver o que era seu, tragar no nosso meio e empurrar aquilo contra a minha boca mais uma vez.