CAPITULO 15

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Ele se afastou e mais uma vez eu me senti sozinha. Algumas lágrimas desceram pelo meu rosto e eu não as tentei impedir. Era um sentimento de solidão forte que não conseguia compreender muito bem.

Nunca fui uma pessoa que chora por qualquer motivo, mas algo dentro de mim dizia que eu precisava daquele momento. Talvez seja o medo do novo, junto com a saudade e o sentimento de prepotência causado pelos machucados. Uma folha seca caiu da árvore e pousou em meu colo. Sequei as minhas lágrimas e peguei aquela folha solitária.

- Nunca errou aquele que nunca tentou. - Eu disse segurando aquela pequena folha reparando em cada detalhe dela. Era pequena e já estava amarronzada. Sua simplicidade me fez enxergar um pouco além do que eu estava vendo.

A frase da semana veio à tona como fôlego renovado. "Transforme as pedras que você tropeça nas pedras da sua escada". Eu estou tão ocupada pensando nas coisas ruins que aconteceram que acabei deixando de lado toda a parte boa e agradável.

- Voltei. Demorei muito? - Adriel perguntou com o rosto vermelho.

- Você veio correndo? - Perguntei rindo da situação e ele assentiu com a cabeça.

Ainda me sinto abalada com tudo, mas preciso construir a minha escada, e eu sei que com sorrisos ela ficará bem mais bonita.

- E aí o que quer que eu toque? - O vlogueirinho perguntou sentando ao meu lado. Não posso negar que o ser estava muito fofo com aquelas bochechas rosadas pelo exercício.

- Não faço a menor ideia. O que você sugere? - Perguntei olhando para folha que girava entre meus dedos.

- Eu vou apenas dedilhar aqui e continuamos conversando, o que me diz?

- Por mim tudo bem. - Tentei não demonstrar, mas eu queria muito vê-lo cantar. Acho que terei que deixar pra outra oportunidade.

Freitas realmente tocava muito bem aquele violão, e a música era muito gostosa de se ouvir.

- Olha só gente, dois no mesmo dia! Humm, e aí vai ter outro mais tarde? - Marília e suas amigas estavam ao nosso redor. A criatura estava olhando para nós com aquela cara que só ela sabe fazer. "Tirou o dia pra me atazanar, só pode."

- Não sei do que você está falando. - Disse a olhando firme. Não deixaria ela me tratar como capacho. "Não mesmo."

- Cuidado meninas, segurem os seus, porque a piranha está a solta. - Ela disse e todas a sua volta riram, mas eu não me abalei.

- É verdade, e desde o primeiro dia. - Eu arqueei a sobrancelha e a encarei. Ela tinha entendido sobre o que eu estava falando.

Marília recuou um pouco sem perceber, mas também não deixou barato.

- Primeiro o monitor chefe e agora o Famoso Adriel Freitas... Quem será o próximo da lista, o Tuco? - As risadas vieram mais uma vez, mas eu não me importei. Era exatamente isso que Marília queria, me atingir. Eu não daria esse gostinho para ela.

- Não, esse eu deixo pra você. Prefiro a amizade a sair pegando todo mundo. Dou graças por ser bem diferente de você. Quantos você já pegou essa semana? Ouvi dizer que foi um por dia, confere?

Marília me olhou com desdém, deu meia volta e saiu com seu rebolado e suas amigas. Eu sabia que em algum momento ela tentaria alguma coisa. Lila havia me contado que a amizade que fizemos com Adriel teria um preço e esse era a "cólera" de Marília.

A criaturinha foi uma das que me viram sair do matagal sendo carregada por Douglas. Eu já esperava que ela não deixaria isso passar despercebido.

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now