CAPITULO 81

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Fico ainda parada olhando pra ele, esperando alguma reação diferente. Eu não estava pronta para esse tipo de aceitação. Meu coração batida descompassado. Eu não tinha me planejado caso ele aceitasse a ideia, como fez. Suas palavras me atingiram como um soco no estomago. Aqueles socos bem dados que deixam a gente sem ar. Mesmo negando para mim mesma, eu sei que bem lá no fundo eu estava torcendo para que Douglas tentar me convencer. E tenho quase certeza que se ele tivesse insistido uma ou duas vezes eu deixaria todos os meus planos irem pelo ralo. Eu estava me sentindo uma estupida.

Douglas deu um passo à frente se aproximando de mim. Abaixou o rosto e com seus braços me envolveu. Em um gesto muito simples e carinhoso ele acariciou minha cabeça, e para me surpreender, ainda mais, ele depositou um beijo bem no topo. Minha esperança se acendeu. Um pequeno talvez brilho em vermelho dentro da minha cabeça. Ele iria me convencer, mas antes mesmo que eu pudesse me acostumar ao abraço, ele o desmanchou e com um sorriso torto se afastou, me deixando sozinha.

- Ele se foi. - Disse a mim mesma.

Suspirei e apoiei na mureta, mais uma vez concentrada no passar das águas ali em baixo. "Por que ele não fez o que eu tinha programando?" Fechei os olhos e deixei meu corpo ser embalado pela brisa suave que passava por mim. Eu queria chorar. Afogar todas as magoas que eu mesmo criei. Queria correr atrás dele e falar que tudo o que eu falei era um tremendo erro; Eu queria muitas coisas, mas eu não podia.

Em uma das minhas visitas constantes à biblioteca li uma frase muito boa de Martin Luther King, mas ela nunca tinha feito tanto sentido quanto agora. "Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito."; Era hora de vencer a minha indecisão aos meus pensamentos vitimistas. Era hora de levantar a cabeça;

- Hora seguir em frente. Eu fiz minha escolha, lidarei com ela.  - Me desencostei da mureta e voltei para o meu quarto.

Eu lutava com todo o meu corpo. Cada parte dele me dizia uma coisa; Meu peito doía, minha mente dizia que eu estava certa e meus pés queriam voltar. Quando cheguei lá Marília ainda estava no décimo sono. Era cedo, e tínhamos ido dormir bem tarde. Com a ajuda de um banco puxei minhas mala de cima do armário. Quase me esborrachei no chão pela força que fiz. Consegui manter o equilíbrio, já a mala não teve tanta sorte. O barulho que ela fez ao cair foi razoavelmente alto. Fechei os olhos por reflexo como se isso fosse impedir o barulho. Pude respirar aliviada quando vi que a criatura nem se mexeu.

Uma a uma, fui tirando as peças do guarda roupa, dobrando-as e colocando na mala. Um processo lento. Eu queria afastar qualquer pensamento polo máximo de tempo que eu conseguisse. Quando terminei com as roupas má começou a se mexer como fosse acordar. Alarme falso. Ainda fiquei um tempinho arrumando tudo até ela finalmente desistir de dormir.

- Nossa, você anda madrugando? - Perguntou bocejando e se levantando.

- Marília, meu anjo, já são onze horas. - Digo rindo dela e separando as coisas que eu ainda usaria quando fosse me arrumasse para a formatura, que a propósito seria daqui a algumas horas.

- Ah... Detalhes. Apenas detalhes. - Ela finalmente notou minhas malas no chão. - Ah, que droga! Detesto arrumar as coisas. Será que se eu pedir, Tuco me deixa ficar aqui?

- O que você acha? - Ergo a sobrancelha espertando sua resposta é seu sorriso é o melhor de todos.

- Quem sabe... Se eu apelar talvez eu consiga uma resposta razoável.

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