CAPITULO 69

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Com o início das provas meus amigos me pediram um pouco mais de tempo pra me entregarem a listinha que dei para eles. O que acho muito justo. Todos nós precisamos nos concentrar em tirar uma boa nota nessas últimas provas. Nosso futuro depende muito do nosso desempenho, principalmente agora que estamos em reta final. Quem estava mal tem chance de melhorar, quem já estava bem ... "Bom, sempre dá pra melhorar, não é mesmo?" Penso e entrego a prova para a professora. Como sempre sou uma das últimas a ficar em sala.

Encontro Marília do lado de fora e vamos à enfermaria, à mais uma consulta com a obstetra. Claro que estou adorando fazer parte disso. Cada momento me deixa mais apaixonada. Se eu fosse um pouco mais velha eu mesma daria um jeito de ficar com a pequena Hope, mas a vida não é assim tão fácil. A faculdade é meu próximo passo, só preciso descobrir o que vou fazer.

Érico não assumiu publicamente ser o pai da criança, mas deu um jeitinho de pararem de zombar da Marília. O que tem sido muito bombara ela, e pra mim, já que suas crises tem sido menos frequentes. Tem sido bem mais fácil lidar com isso tudo sem suas explosões e suas crises de choro. Não sou tão boa conselheira. As vezes pergunto se ela não gostaria de se consultar com a psicóloga que o acampamento deixa a nossa disposição, mas ela se nega com todas as força.

- Dá pra acreditar que daqui a algumas semanas você já vai estar com seis meses? - Pergunto animada enquanto saímos da enfermaria.

- Eh, tanto faz. - Ela da de ombros e seguimos caminhando.

- Má, é sua filha. Nada vai mudar isso. Nem mesmo a adoção vai mudar o fato de que você é mãe dela.

- Laguna eu não posso. Preciso me concentrar no meu futuro. Na minha carreira. Não sou mãe. Pense em mim como uma barriga de aluguel, só não serei paga no final... Isso... - ela se corrige. - Ela... é o preço de um erro que não posso pagar.

- Mas...

- Não tente me convencer. - Marília ergueu a mão me interrompendo, como se pedisse um tempo. - Não vou mudar de ideia.

- Claro que não. - Resmungo.

- E como vai o lance com o Salguod? - Quando contei para Marília sobre meu relacionamento secreto com Dg ela sismou de falar o nome dele ao contrário. "Precisamos disfarçar" ela diz e tudo o que me resta pensar é "Que ótimo disfarce".

Reviro os olhos ao ouvir o codinome.

- Bem. Estamos bem. Estou louca pra chegar o fim de semana pra finalmente poder falar com meu pai.

- Bla. Você e seu pai são mesmo um grude. Como você consegue? É meu pai pra cá, meu pai pra lá... Até a coitada da sua "madrasta" entrou na jogada. Emma isso, Emma aquilo...

- Isso tudo é ciúme? Tem Laguna pra todo mundo.

- Para tudo! - Ela me olha chocada e eu fico sem entender. - Você se referiu a você como Laguna?

Ela me olhou como se eu tivesse três cabeças.

- Sim. É o meu nome, não é? Qual é o problema?

- Eu também quero descobrir. - Olho pra ela fazendo uma careta. - Estou falando sério. Você nunca usa seu nome em uma conversa, nunca! Sempre somos nós a chamarmos você assim e só usamos quando falamos "sério".  Você detesta ser chamada de Laguna!

- Ah... Eu... Na verdade eu não ligo mais. - Falo dando de ombros e é verdade.

- Queridinha, sente aqui e me conte. Que história é essa? Desde quando seu nome não é mais um estorvo em sua vida? - Ela me puxa para sentar ao seu lado, no bando, de baixo da árvore, que já foi marcado para nós duas por um passado a ser esquecido.

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now