CAPITULO 63

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- Me desculpe. - falei me afastando rápido demais. Tinha esquecido que estava em cima da cadeira. Se os braços dele não tivessem me envolvendo certamente eu teria me esborrachado no chão.

Ainda olhando em meus olhos Douglas me colocou no chão novamente com os braços firmes em minha cintura, mas sem me machucar. Na verdade eu gostava da sensação do seu toque. Estávamos perdidos sem encontrar as palavras e sem saber se queríamos mesmo dizê-las.

- Lana eu... - Ele foi interrompido pelo toque de recolher soando. Eu duvido que se eu não estivesse tão desesperada para fugir eu teria ouvido ele falar.

- Dg, eu...  - Falei com um meio sorriso. Eu estava com muita vergonha. - Eu. Eu acho vou indo.

Eu precisava pensar. Sair dali. Eram muitas perguntas. Muitas dúvidas. Peguei meu caderno com meu catastrófico desenho, que fazia as imagens ainda mais vivas em minha mente, sobre a mesa e Dg segurou minha mão pra chamar minha atenção.

- Posso te acompanhar até o alojamento? - Ele parecia tão tímido quanto eu.

- Claro. - digo simples e começamos a andar lado a lado. Sua mão ainda segurava a minha e seus dedos entrelaçavam os meus. Não podia afasta-lo. Eu não queria. Eu me sentia muito melhor com ele. Depois de um bom tempo de silêncio estávamos a poucos metros da minha entrada.  - Dg eu não sei muito bem o que dizer... Eu... Bem... - Eu estava começando a ficar com raiva de mim por não saber o que dizer. - Bom, boa noite. - Tentei não parecer tão frustrada quanto estava. - Até amanhã.

- Boa noite Lana. - Lá estávamos nós novamente olhando nos olhos um do outro. - Espera, um minuto. - ele parece mudar de ideia. - Eu preciso dizer. Não sei você, mas... O que estou tentando dizer é que... - Ele bufa. - Droga. - Ele olha pra cima. - Acho que essa é a hora que eu digo que gosto mesmo de você. - Ele sorri de lado. Não espera uma resposta. - Boa noite, Lagartinha. - Me entrega seu caderno e beija minha testa. - Até a manhã.

Ele se afastas e eu fico ali na entrada do alojamento feminino olhando o nada como uma verdadeira pateta. A ficha não queria cair. "Logo eu?" O que eu tinha de tão especial que só durante esses oito meses fui beijada por três garotos. Pelo menos dessa vez eu vi que ia acontecer. Eu podia ter desviado, ter saído, fugido, mas eu não quis. Nem se eu quisesse eu conseguiria. Meu corpo não obedeceria as ordens que meu cérebro estavam dando. Sonia, uma monitora, chama minha atenção e sigo para o meu quarto. Marília já está la sentada em minha cama. Nem tive tempo de perguntar o que ela estava fazendo ali, mas eu não precisaria de resposta. Acho que ela realmente está começando a confiar em mim e me deixando entrar em sua vida de maneira voluntária e eu estava gostando de conhecer um lado legal em Marília. Um lado que ela escondia de todos por insegurança.

- Ora, ora, ora... Onde estava pra chegar só agora? - Havíamos trocado alguns pijamas já que agora com sua barriguinha os seus estavam um pouquinho apertados. E lá estava ela vestindo um dos camisolões que trouxe escondido da Tess. - Não acredito que estava estudando até agora! - Ela me olhou melhor e estão deu um tapa no vento. - Não... Essa cara não é cara de quem estava estudando.

Me joguei na cama ao seu lado ainda segurando os dois cadernos.

- Me conta, vai. Quero saber o que aconteceu. Meu dia foi patético. - Eu até ouvi o que ela me perguntou, mas meus pensamentos estavam lá atras no momento em que ele me beijou. Acho que o mais correto seria dizer no momento em que nós nos beijamos. O melhor de todos os beijos. O mais involuntário e o mais real. - Sei que você está sempre em outro planeta, mas hoje você parece estar em Saturno de tão longe que está.

- Ele me beijou. - Digo de uma vez ainda olhando para o teto com a ponta dos dedos tocando meus lábios. Meu sorriso era gigantesco. Eu sentia minhas bochechas contraídas.

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now