CAPITULO 21

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Estava voltando da biblioteca quando percebo alguém se aproximar pelo meu lado direito.

- Olha só pra ela... Andando sem muletas. - Douglas carregava nos braços uma pequena papelada.

- Pois é. - Dei de ombros e continuei andando com ele ao meu lado. - Uma hora elas tinham que partir.

- Antes tarde do que nunca. Como foi a reabilitação? - Mesmo com a noite escura eu vi que no rosto ele carregava um sorriso brincalhão, o que fez, involuntariamente, surgir um no meu também.

- Nunca mais na minha vida reclamo das minhas pernas.

- Que bom que tal experiência lhe serviu para algo afinal... Agora vamos falar do que realmente importa. O que faz fora do seu quarto a essa hora?

Droga! Ele bem que podia deixar passar... Douglas ainda mantinha aquela sobrancelha arqueada esperando uma resposta.

- Digamos que eu perdi a hora na biblioteca. Estava estudando. - Ofereci um sorriso que logo desmanchou ao perceber que minha resposta não fora convincente o suficiente..

- Já faz vinte minutos que o sinal de recolher tocou. Você não o ouviu? - A essa altura do campeonato já havíamos parado e ele olhava dentro dos meus olhos com aquele olhar inquisidor.

- Você acreditaria se eu dissesse que não?

- Não seria a primeira vez que alguém tenta me convencer dessa resposta.

- Mas foi o que aconteceu, acredite você, ou não. Também não é a primeira vez que eu não escuto um sinal lá de dentro, perdendo a hora. Da última vez foi o sinal do almoço de domingo. - Precisava convencê-lo a não me fazer ir para a sala do coordenador geral. Juntei as duas mãos na frente do rosto. - Prometo que não vai se repetir. Deixa passar só dessa vez... - Só faltava eu me ajoelhar para ficar ainda mais apelativa e eu não faria isso. "Não mesmo!"

- Desculpa decepciona-la, mas preciso te levar para falar com Tuco. São as regras e não posso quebra-las.

- Mas eu nunca perdi o sinal de recolher antes...

- Laguna se eu não levá-la as coisas vão complicar pra mim, e por ser sua primeira vez garanto que nada vai lhe acontecer. Digamos que é apenas um protocolo a ser seguido.  Não proteste e me acompanhe.

- Carambola... Faz dois meses que eu estou no acampamento e já é a segunda vez que vou pra sala dele.

Viramos a esquerda e seguimos o caminho cimentado que levava até a sala do coordenador geral.

- Pelo menos a primeira foi por uma boa causa.

- Nem tão boa. Eu tinha rolado ladeira abaixo, se não se lembra... E pode parando de tentar ser bonzinho agora. - Cruzei os braços na frente do corpo e continuei andando. Se ele acha que ser legal comigo vai fazer eu não ficar chateada com ele está muito enganado.

- Você fala como o errado fosse eu.

- Mas você podia ser legal comigo, se quisesse.

- Eu estou sendo legal com você.

Só olhei para ele e depois voltei a prestar atenção no caminho.

- Pode acreditar. Não sou o mais adorado entre os campistas. Pergunte aos seus colegas, eles não gostam muito de mim.

Olhei para ele surpresa. Isso não parecia verdade. Nenhuma das vezes que nos encontramos por aí eu pensei que ele fosse diferente do que sempre foi .

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now