CAPITULO 41

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Já faz cinco longos meses desde que o acampamento começou. Cinco meses que minha vida mudou completamente, me fazendo ficar de ponta-cabeça. Nesses últimos dois dias tenho feito uma pequena inspeção de como toda essa loucura aconteceu até eu chegar aqui. Eu já não reconheço a Laguna de oito meses atrás. Não reconheço mesmo.

Só de pensar que neste lugar eu consegui minha primeira "inimiga mortal", meus primeiros "primeiro encontro" e estou namorando a duas semanas. Sem contar que eu quase morri. Cara! Se me dissessem que isso aconteceria eu morreria negando. E além disso tudo, meu namorado é um gato! "Pelo menos isso, já que ele é um incompetente" Mais uma vez me lembrou minha consciência. A pessoa ainda  não fez nada em relação a Lila e Freitas. "Antes preciso sondar o terreno..." - É tudo o que ele me responde quando pergunto sobre seus avanços.

Toda essa mudança começou, sem tirar nem por, naquela manhã em que meu pai entrou em meu quarto e me deu a notícia que eu havia sido sorteada para entrar no acampamento. Eu fiquei em choque. Esse era um sonho tão inalcançável que eu não conseguia acreditar que estava se tornando realidade. De todas, essa foi a melhor surpresa que meu pai já fez para mim, e olha que já foram muitas. Não sei como eu ainda me surpreendo com o que ele faz, juro!

O que me dói mesmo é a saudade que eu sinto dos meus antigos amigos, principalmente da Tess e do Matt. Pensei que não saberia viver sem eles, mesmo assim, de forma impressionante meus novos amigos me fazem viver o presente ao invés de sofrer pela saudade que sinto da minha antiga vida. Eu sei que eles se orgulham de mim e de tudo o que eu conquistei, isso me faz um pouco menos triste por não os ver mais.

Não sei se isso é sorte ou azar, mas a barra que é estar aqui ralando parece muito mais fácil de suportar com as visitas do meu velho, que a princípio eram proibidas. O ruim é que todas as vezes nossos encontros foram causados por meus "acidentes".

Estar aqui pode parecer fácil para quem olha de fora, só que não é bem assim.

Ninguém sabe a causa e quem sabe não nos falou uma única palavra. Mais duas alunas foram desligadas do programa essa última semana. Agora somos ao todo 146 campistas, 73 meninos e 73 meninas. Elas eram ótimas alunas o que me faz acreditar que por elas não terem a mesma sorte, ou azar que eu, sua permanência aqui seja mais difícil. Saudade, essa é a palavra que eu acredito definir o motivo da desistência. Tudo o que consigo pensar é que elas não conseguiram aguentar a barra sozinhas. Não as julgo por isso, nem eu se se teria conseguido se tudo não tivesse acontecido como aconteceu.

Para deixar todo mundo feliz descobri por fontes seguras que daqui a duas ou três semana, no dia da apresentação do projeto, nossos pais estarão sendo convidados para assistir nossas performances e depois seremos liberados para passar três dias em casa. Teremos que voltar na segunda de manhã não podendo nos atrasar, sob risco de expulsão, mas isso não é tão ruim se pensarmos em todas as vantagens.

Até então eu não tinha reparado que eu sentia tanta saudade de casa, do meu quarto, da minha cama, do meu celular e até mesmo da pizza do Bil.

O laudo da investigação sobre o incêndio está pra sair essa semana, mas não sei se dá pra acreditar. Eles estão neste enrola, enrola a tempos. Todos estão meio apreensivos e curiosos com os resultados. As salas de aulas já foram liberadas para uso e nossos professores estão recuperando o tempo perdido sem nenhuma inclinação a facilitar o processo para nós, pobres e indefesos estudantes. Nunca senti minha cuca tão quente de tanto processar e armazenar informações.

Marília, o anjo em pessoa, volta e meia me olha de cara amarrada. Com toda certeza do universo por causa do meu namoro com sua presa. Claro que em resposta à olhares tão cortantes eu, com minha extrema naturalidade, apenas lhe dirigia sorrisos. Super "verdadeiros" diga se de passagem.
Cansei de ser boazinha. "Para tudo se tem limite." Tess logo dizia quando algum de seus três irmãos mais velhos a irritava demais.

Como se não bastassem todas essas mudanças em minha vida já faz duas semanas que não vou a biblioteca para ficar estudando, o máximo que faço é pegar um livro e voltar para o meu quarto. Não ir a biblioteca não tem nenhuma relação com o fato de eu estar namorando o Érico, por mais que o tempo corrido dos dois eventos tenham sido o mesmo. "Sim consciência, eu o estou evitando. Não me julgue." É difícil estar perto de Douglas e não querer continuar sendo sua amiga. Ele também parece respeitar minha decisão. Não tem falado comigo mais que o essencial, e na maior parte das vezes eu estava acompanhada por meus amigos.

- Lana! É a terceira vez que você erra isso. Preste atenção. - Disse Hamanna me fuzilando com seu olhar.

- Não adianta, essa aí não tem mais jeito. - disse Marília lixando a unha.

- Desculpa eu me distraí, não vai mais acontecer. Sorry! - Eu disse olhando para minha amiga com o maior sorriso forçado que consegui fazer, ignorando a anjinha loira do lado dela.

- Acho bom mesmo, não aguento mais fazer essa cena.

Ofereci um sorriso amarelo para Hanna e me aprecei em acertar minha fala. A cena foi se desenrolando quando vi Marília sair correndo deixando todo mundo sem entender nada. Tivemos que pular a parte dela e seguimos em frente.

- O que tem com você, minha linda? Está tão voada. - perguntou Erico enquanto seguíamos para o refeitório.

- Nada de mais, só tenho pensado em muita coisa ao mesmo tempo. - dei de ombros.

- Logo vi, desconfiei ter visto algumas vezes fumacinha saído de sua cabeça.

- Não zombe de mim. - lhe dei uma cotovelada enquanto segurava o riso.

- Lana tenho algo para te contar que você vai gostar de saber. - virei para ele curiosa - Posso dizer que eu e seu amigo Freitas estamos bem perto de uma amizade.

- Sério mesmo? - Perguntei surpresa, é muito animada.

- Sim, mas não se anima demais ainda não entrei no quesito L.I.L.A.

- Tudo bem, pelo menos você deu o primeiro passo. - lhe dei um selinho e segui na frente me segurando para não dar pulinhos de alegria.

Durante o jantar Erico insistiu que eu sentasse com ele e seus amigos. Não tive muita escolha, porque eu sempre o arrasto comigo. Não foi de todo horrível, mas senti falta das conversas costumeiras. Ele me levou até meu quarto e eu dei uma desculpa esfarrapada dizendo que eu iria estudar. Eu não menti, de fato o fiz, essa só não era a minha primeira escolha.

Na manhã seguinte me levantei antes do despertador. Coloquei minha roupa e sai para dar uma volta. Em plena sexta feira lá estava eu as 6:10 em frente ao lago. Sentei na grama e abracei os joelhos enquanto olhava as pequenas ondulações que o vento fazia na água.

- Ainda não contei pro meu pai... - fechei os olhos nervosa. - Estou ferrada.

Entre meu pai e eu nunca foi de haver segredinhos, mas eu não conseguia se quer cogitar pensar como falaria com ele sobre tal assunto, vulgo meu namorado Érico. Pelo menos ainda tenho duas semanas para me preparar psicologicamente para tal momento. Estou torcendo fortemente para que tudo dê certo.

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1245 palavras

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ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now