CAPITULO 72

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Bondosa, amiga, companheira, corajosa, sonhadora, inocente e ingênua. Características que que rodearam minha cabeça por dias. Não foram as únicas coisas que meus amigos disseram de mim, mas foi de longe as que mais me marcaram. Mesmo já sendo alguma coisa, não sei em que isso poderia me ajudar. Eu estava me sentindo um fracasso ambulante. Todos a minha volta com o futuro nas mãos e eu aqui, sem nem saber o que eu sou de verdade. A uma semana inteira estou nesse mesmo estado de melancolia. Agosto já se foi trazendo cada vez mas o cheiro da saudade e do medo. O que quer que eu decida, está muito longe do que eu posso mensurar no momento e quem eu me tornei está muito longe da Laguna que colocou os pés neste lugar.

- Laguninha, você vai comigo? - Marília me perguntou segurando em meu braço.

Ela é a única que me chama pelo meu nome ou por seus derivados mais próximos, o que me faz sorrir. Marília se tornou muito mais do que eu esperava.

- E então. Você vai? - Ela me perguntou mais uma vez chamando minha atenção.

- Claro. Não perderia por nada. Combinei com a Hope que ela daria tchau pra mim hoje.

- Você é maluca! Vamos logo.

Marília saiu na frente me fazendo dar uma corridinha básica para alcançá-la. Segundo a contagem da obstetra ela estava com vinte e três semanas de gestação, e o correto seria fazer esse exame na semana passada, mas como a doutora não pode vir acabou ficando assim mesmo. Eu realmente torço porá que Marília mude de ideia em relação ao bebê, mas já não coloco mais tanta expectativa. Se for pra ser será.

- E então, animada? - A doutora perguntou olhando pra mim.

- Muito. - Digo rindo. - Espero que ela não me decepcione. - aponto para a barriga.

O procedimento foi padrão e lá estava ela balançando o bracinho pra mim. "Pra você..." Meu cérebro zombou. Claro que não estava acenando como eu disse que seria, mas eu posso me iludir um pouco, não é? O que há de mau nisso? Saí de lá com o sorriso de orelha a orelha. De acordo com esse exame "sei-lá das quantas morfológico" os órgãos da pequena estavam todos direitinho. A doutora falou um quilo e eu entendi meia grama, mas isso não importa se no fim ela diz que está tudo bem.

- Laguna... - Má deixou a frase morrer.

- O que foi? - Perguntei um pouco curiosa.

- É que essa semana que passou eu estava falando com aquela psicóloga que tenho ido. Você sabe como ela tem me ajudado, por mais que eu tenha me negado a acreditar no começo... O que quero dizer é que eu percebi umas coisas e eu sei o que eu preciso fazer pra seguir em frente, só que eu não sei se eu vou conseguir fazê-las sozinha. Sei que já tenho pedido muito de você, mas...

- Hey, - Chamo sua atenção para que olhe em meus olhos. - Estou aqui pro que precisar.

- Juro que você não vai precisar fazer nada, só quero que esteja comigo. Como um amuleto da sorte, e me dar coragem. Só assim eu terei força pra fazer o que eu preciso fazer.

- Não se preocupe estarei com você. Agora você podia me contar o que é que você tem de tão importante pra fazer.

- Quando chegar a hora você vai saber, mas inda não.

- Sério? - Resmunguei olhando pra ela incrédula. - Você não vai me contar só pra me deixar curiosa?

- Não. É só pra eu não perder a coragem. Eu já tô enrolando pra fazer isso ja tem uns dias.

- Oh. Então vai ser hoje? - Marília assentiu com a cabeça.

- Estou me sentido forte e corajosa agora, não sei se amanhã eu também estarei. Melhor aproveitar a oportunidade.

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now