CAPÍTULO 89 (BÔNUS)

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POV. DOUGLAS

Me olho no espelho pela quinquagésima vez.

- Pelo amor do meu peep toe preto clássico dos sonhos, Douglas. Vai logo! Melhor você não vai conseguir ficar! - gralhou Vanessa me empurrando para a porta, irritada, por conta da minha demora.

- Acho melhor não ir. E se...

- Desde quando você é um covarde? - Ela pergunta com os braços cruzados na frente do corpo.

Respiro profundamente. Pego a carteira, a chave do carro e vou. Dirijo cautelosamente, apreensivo. Um bando de "e se" surge em meus pensamentos embaralhando tudo. Me pergunto se eu realmente deveria ir. Limpo a testa do suor que não existe ali. Entro no estacionamento, escolho uma vaga e paro. Olho o meu relógio ainda com as mãos no volante. Estou suando frio.

"Desde quando me tornei esse covarde?" Faço a mim mesmo a mesma pergunta feita por minha irmã. Olho para o relógio novamente. Mais uma vez respiro fundo. Saio do carro e olho em volta. O estacionamento está cheio, mas isso não me impede de andar de um lado para o outro igual a um pateta. Meu corpo esta tenso. Abro e fecho as mãos algumas vezes tentando relaxar. Olho para o céu esperando alguma resposta a perguntas não ditas. 

- Não pense besteiras. - Digo em voz alta. - Você fez o que achou certo. - Respiro fundo pela milésima vez. Encosto no carro. Novamente meus olhos estão nos ponteiros que parecem não querer sair do lugar. Minha cabeça vai a mil entre os "sins" e os nãos que posso vir a ter. Coço a nuca me sentindo desconfortável ali parado no meio daquele bando de carros esperando dar a hora dela sair.

Lembro da frase que li na Internet uma vez de um autor desconhecido "A coragem não é ausência do medo; é a persistência apesar do medo."

Encho o peito com essa tal coragem. Olho ao longe e algumas pessoas já começam a sair. Passo a mão pela camisa tentando deixa-la mais apresentável. Não mudou muito, mas meu corpo esta agindo no automático. O tempo parece não querer passar de jeito nenhum. Então finalmente a vejo. Fico fascinado pela beleza que reacende em minha memória deixando minhas lembranças com cores mais vivas. Murcho no segundo seguinte. Sinto como se eu tivesse levado um soco na boca do estômago.

- Você chegou tarde demais Douglas. - Digo a mim mesmo e entro no carro. Meu estômago embrulha toda vez que me lembro daquele braço ao redor de seu pescoço. Volto para casa me sentindo o pior dos
perdedores.

Eu tinha tirado o dia de folga para que pudessemos conversar com calma, mas foi tudo pelo ralo. Assim que passo pela porta consigo notar o brilho nos olhos de minha mãe e minha irmã se apagarem.

- Cheguei tarde demais. - digo em resposta aos olhares que me acompanham.

Uma chama de esperança reacende nos olhos de mamãe que vem em minha direção com o pano de prato em seu ombro.

- Você pode voltar amanhã. - Ela diz esperançosa.

- Amanhã preciso trabalhar e acho que não é uma boa ideia. Ela seguiu em frente.

Em um movimento ligeiro ela me acerta com a toalha. Vanessa nos olha do balcão sem dar nem um pio.

- Mãe! Eu não tenho culpa.

- Tem sim. - Nessa diz finalmente. - Demorou muito.

- Você vai desistir assim? - minha mãe me olha feio. - Seja homem! - levo outra toalhada.

- Mãe!

- Isso não faz sentido... - Nessa fala mais para ela do que para nós dois. - Há alguns dias Tess comentou que a Lana não estava afim de ter um relacionamento. Disse que ela só queria saber de trabalho e anotações da faculdade.

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