CAPITULO 28

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Eu precisava pensar. Eu acho que já sabia para quem escreveria a primeira carta. Mas as palavras que se formavam na minha cabeça não eram nada agradáveis.

" Marília, você é uma pessoa repugnante, espero não te detestar tanto até o final do ano..."

Eu não sou assim, nunca fui e não quero começar a ser agora... Porque estou pensando deste jeito? É certo que o que ela fez comigo e ainda faz de vez em quando não é legal, mas não devo dar o troco na mesma moeda. Meu pai me ensinou que em momentos assim precisamos ser superiores a essas pessoas, mesmo que para isso precisemos de certo esforço.

Peguei meu caderno e comecei um rascunho. Pouco tempo depois já tinha feito umas quatro tentativas e na quinta estava sendo bem sucedida. Convenhamos estamos em uma terça feira, se a semana começou ruim precisamos tentar melhorá-la de alguma forma.

Olhei em volta e tentei pensar para quem seria a outra carta. Haviam muitas pessoas legais, das quais eu gostava muito, mas uma em especial fez com que eu me sentisse acolhida desde a primeira conversa. Depois que terminei e gostei do que vi pedi a professora a folha e o envelope, para que pudesse passar a limpo o meu trabalho.  O final da aula entreguei os três envelopes para a professora e fui para o meu quarto ler o livro que a professora da manhã nos falou para ler.

Assim que fechei a porta lembrei que havia combinado com Lila de encontrá-la na biblioteca. Deixei a mochila, peguei o livro e fui para o lugar combinado. Tive que esperar um pouco até ela chegasse com um meio sorriso no rosto.

- Estou aqui. - Falou ela se sentando ao meu lado.

- Nós somos amigas, e eu aprendi desde pequena que para uma boa amizade é necessário sinceridade plena. Eu sei que você gosta do Adriel e é por isso que preciso ter essa conversa. Eu acredito que você tenha ouvido alguma coisa sobre ontem. Nesse acampamento a fofoca rola solta igual aos boatos. - Lila assentiu com a cabeça um pouco chateada. - Eu não sei o que você sabe, mas se me permitir quero contar o meu lado da história. Antes de tudo quero deixar bem claro que eu não gosto do Freitas desse jeito, eu o vejo apenas como um bom amigo. - contei a ela tudo como havia acontecido é uma lágrima escorreu pelo seu rosto, sendo seguida por algumas outras. - Amiga, ele apenas acha que está apaixonado por mim, mas logo ele deve perceber que isso não é verdade.

- Por que está me falando isso? Você quer me dar esperança, mas pode falar de algo que você desconhece? Não sabe o que está no coração dele...

- Lila... - Falei tentando a abraçá-la, mas ela me afastou.

- Não! Eu quero ficar sozinha. - Ela saiu me deixando ali.

- Que ótimo...

Abri meu livro e voltei para leitura.

- Oi Laguna, você não deveria estar jantando com seus amigos? Perguntou Douglas empurrando um carrinho com uma caixa grande.

- Eu perdi a fome.

- Problemas? -  Perguntou ele me olhando de lado.

- Mais do que eu gostaria. E você, o que faz por aqui? Ainda não está na hora de vir me chamar.

Ele apontou para o carrinho.

- A encomenda chegou. Preciso colocar os livros no lugar.

- Quer ajuda? - Perguntei deixando minhas coisas sobre a mesa. Eu estava muito chateada para continuar a leitura como se nada tivesse acontecido.

- Não precisa, esse é o meu trabalho.

- Se esse fosse um dia normal eu deixava pra lá, mas não estou nenhum pouco a fim de ler aquele maldito livro.

Ele deu de ombros e abriu a caixa.

- Essa é a primeira biblioteca que eu vejo não tem uma bibliotecária velha e chata que fica pedindo silêncio.

- Estamos quebrando alguns paradigmas. Sem contar que aqui não tem pra onde você levar esses livros. E a cada ano que passa a informática fica mais cheia e a biblioteca mais vazia.

-  Não podem dizer que é por causa das redes sociais, uma vez que elas foram bloqueadas.

- Eu sei, é uma comodidade. A facilidade e a praticidade de escrever e achar é maior do que o sentimento de satisfação por um trabalho rico.

- Isso é verdade. - Respondi pegando  alguns livros e os colocando na estante. - Meu pai me ensinou a fazer a maioria das coisas pelo modo difícil, assim quando a dificuldade vier estarei preparada para elas.

- É um pensamento um tanto sábio. Eu sou um pouco suspeito, gosto muito de bibliotecas. Meu sonho é ter uma, mesmo que pequena em minha casa.

- E como está indo a realização deste sonho? - Perguntei curiosa. Se alguém é louca por bibliotecas, essa pessoa sou eu.

- Bom, digamos que ainda estamos dando início ao processo, mas eu vou chegar lá. Agora me diga, porque estava olhando para o nada quando eu cheguei?

- Minha amiga gosta do garoto que me pediu em namoro. Contei a ela tudo o que aconteceu. - Ele me virou para mim com os olhos arregalados.

- A sinceridade pode ser uma droga, mas é sempre o melhor caminho.

- Jamais duvidei disso até hoje, quando fiz  a prova.

- Deixa eu adivinhar, ela não gostou do que ouviu.

- Nenhum pouco. Mas o pior de tudo foi quando eu disse o Adriel só achava que gostava de mim e que logo iria descobrir a verdade. Disse que eu só estava tentando dar esperança a ela.

- E estava? - Ele perguntou voltando a caixa.

- Mais ou menos. Eu super acredito que eles formam um casal perfeito, só não sabem.

- Você é o que, o cupido? - Perguntou ele zombando de mim.

- Eu poderia ser.

Ele me olhou sério.

- Não faça isso. Sempre da errado. Se for para eles ficarem juntos eles vão ficar, mas precisam enfrentar o processo sem intervenção alheia.

- Algo me diz que você já tentou ser o cupido de alguém.

- Talvez sim, talvez não. Quem se importa?

- Quem pergunta.

- Você que não foi. - Ele disse piscando para mim.

Sorri de lado e revirei os olhos. Ele puxou o carrinho para dentro do corredor para facilitar o processo.

- Pelo menos você resolveu o problema entre os garotos. Não é mesmo?

- Eu espero ter resolvido sem machucar ninguém.

- Se machucou, eles sabem que foi sem querer. Você é uma ótima amiga. Tenho certeza.

- Como você sabe? - Perguntei tirando o livro de sua mão o fazendo olhar para mim.

- Porque eu vejo.

- E o que você vê?
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1072 palavras

Estarei viajando e sem internet, mas tentarei ir escrevendo para que quando eu voltar já publique logo. Beijooo

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