CAPITULO 31

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- Por favor não me entrega. - Marília me olhava chorosa. Ela estava de fato desesperada.

- Anda logo, se esconde de uma vez. Logo, logo a monitora vai entrar aqui. - falei revirando os olhos e jogando a mão para cima, me sentando na cama.

- Mas onde? - ela perguntou em um fiapo de voz.

- Em qualquer lugar. Só se esconde.

Foi extremamente engraçado vê-la correndo pelo quarto feito uma barata tonta, mas não tínhamos tempo a perder se queríamos sair dessa na boa.

- Criatura, entra aqui de baixo da cama de uma vez.

- Mas tá cheio de poeira. - Ela resmungou.

Minha paciência estava cada vez menor. Talvez dormir agora não seja mais tanto sacrifício. Me deixei ser abraçada pela cama.

- Você encontrou outro esconderijo? Não! Logo, não tem muitas opções. Você decide, vai entrar de baixo da cama logo, ou vai ficar aí em pé para monitora te ver?

Ela correu para se esconder, mas seu rosto denunciava o quão inconformada ela estava. A porta foi aberta e a provável monitora acendeu a luz.

- Temos algum problema aqui? - perguntou me vendo sentada com a mão sobre o peito. Eu forcei uma respiração ofegante como se tivesse acabado de acordar no susto de um pesadelo.

- Sonhos ruins. - Disse com um sorriso de lado e de olhos fechados. Estava a tanto tempo no escuro que meus olhos estranharam a claridade. - Me desculpe se te acordei. - Falei coçando o nariz. -Será que se importa de desligar a luz?

- Vá dormir. - Disse a mulher que me observava, antes de apagar a luz e fechar a porta.

Marília demorou mais do que eu imaginava para sair de seu esconderijo.

- Ela acreditou? - Ela estava super nervosa e passando a mão sobre a roupa.

- Acho que sim.

- Acho melhor eu esperar um pouco antes de sair. Acho que ela ainda vai estar pelo corredor.

- O que você achar melhor... - O que ela tentasse não iria me afetar, eu fu há uma ótima deixa para dormir.

- Posso me deitar um pouco aí com você?

- Você está começando a abusar.

- Só um pouco.

Nossa conversa era entre sussurros. Não podíamos sequer cogitar a possibilidade de uma nova visita da moça ali do lado de fora. Dei espaço e ela se deitou.

- Como você consegue? - Ela perguntou, sendo interrompida por um bocejo.

- Consigo o que?

- Fazer todo mundo gostar de você?

- Eu não faço todo mundo gostar de mim. Apenas vivo um dia de cada vez. Talvez se você fosse mais legal com as pessoas elas gostassem mais de você.

- Não de uma de santinha, Lana. Sei que esse papel combina com você, mas vamos aproveitar a sinceridade do momento.

- Não estou me fazendo de santinha, estou sendo sincera. Eu mesma no começo cogitei a possibilidade de sermos amigas, mas você deixou bem claro que isso não ia acontecer quando inventou aqueles boatos sobre mim. Por que fez isso.

- Foi a forma mais fácil que achei para conseguir chegar onde eu queria. É um conceito universal, derrube a rainha e você ficará no lugar dela.

- Mas eu não era ninguém. - afundei mais a cabeça no travesseiro.

- Era mais do que você pensa, e eu precisava tomar o seu lugar.

- Não consigo engolir. Você acredita mesmo nestas besteiras que está falando?

- Não sou eu que faço as regras, só as executo com precisão. Aprendi desde pequena que se você quer ser o melhor tem que estar acima de todos.

- Essa é a maior idiotice que eu já ouvi em toda a minha vida, e olha que eu já ouvi muitas. - fechei os olhos e senti quando Marília deu de ombros.

- Cada um segue seus conceitos.

- Será que tem algo que eu possa fazer para sair do seu caminho sem me machucar? - Perguntei em um desabafo.

- Talvez... - Não consegui ouvi o que ela dizia. Cada vez mais eu me perdia no sono.

Quando acordei o sinal ainda não havia tocado e estava um pouco escuro, mas o sol já dava seus sinais. Eu estava sozinha na cama. Não estava me sentindo revigorada, a noite poderia ter sido mais amiga minha do que tinha de fato sido. Me levantei ainda um pouco relutante e fui me arrumar para o novo dia. senti um aperto no peito e uma enorme saudade do meu pai e dos meus amigos. Não estava gostando muito daquela sensação, mas o que eu poderia fazer para evita-la? eu nem sabia a causa daquilo. Peguei minha mochila e rumei para o refeitório.  

Confesso que eu sentia uma pontada de esperança em encontrar Douglas ali. O sinal havia tocado a pouco, o pessoal estaria se arrumando ou acordando ainda, e cá estava eu. Ansiosa pra ver um cara que estava sendo agarrado por uma ruiva no fundo do refeitório. Revirei os olhos e peguei meu cafe. Me sentei sozinha.

- Bom dia margarida!

- Nossa está animadinho hoje. Dormiu bem ontem? - Perguntei sem entender tanto bom humor.

- Muito, mas pelo visto você não. - Erico disse comendo seu cereal.

- Sim. A noite poderia ter sido melhor comigo. Fazer o que né?

- Não quero nem saber o que aconteceu, não quero estragar meu humor. Dona azeda.

- Azeda é a vaca do seu vizinho. - Retruquei.

- Se meu vizinho não tivesse uma vaca ele ficaria ofendido.

Levantei a cabeça e olhe para ele incrédula.

- Seu vizinho tem uma vaca?

- Se você se refere ao animal, não. A esposa dele é que é uma vaca.

Revirei os olhos novamente voltando a atenção ao meu prato.

- Bom dia meus amigos! - Hamanna se sentou ao meu lado. - Desculpa acabar com o clima, mas não queria tomar cafe sozinha.

- Você também acordou de bom humor?

- Iiiiii... Que bicho te mordeu hoje? - Perguntou minha amiga colocando a mão na minha testa como se eu tivesse com febre.

- Hoje? Nenhum.

- Ontem?

- Se eu te contasse quem apareceu no meu quarto no meio da noite você não acreditaria.

Erico cuspiu todo o leite que estava em sua boca em mim. Já que ele estava na minha frente.

- Serio isso? - Apontei para minha blusa toda suja.

- Sorry. - Ele pediu com um sorriso amarelo.

- É acho que nada está a meu favor hoje.

Me levantei e voltei para o meu quarto para me trocar. Ainda  bem que eu acordei bem cedo se não, estaria ferrada.

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1019 palavras

Marília na foto.
Espero que tenham gostado.

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