ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |

CAPITULO 84

Hoje acordei um pouco mais animada que o normal, mesmo estando ainda bem no meio da semana. Nem mesmo o calor insuportável que tem feito abalou minha ansiedade. E olha que janeiro pegou pesado esse ano, e fevereiro já deu muitos sinais de que também não está para brincadeira.

Minhas preciosas aulas começaram oficialmente há três semanas e estou AMANDO essa nova vida de universitária. Adorando a vida, vivendo um dia de cada vez, e aproveitando tudo o que ela tem a me oferecer. Não posso negar que vez ou outra eu me pego admirando um casal aqui e ali, sentindo aquela invejinha branca dos dois. Parece até que criei um radar mental para pessoas apaixonadas, porque para onde eu olho tem sempre alguém. 

Ao mesmo tempo que eu gosto de ver o amor alheio é doloroso, já que parece acentuar a pontada corrosiva que tenho dentro do peito. No geral eu estava feliz, mas isso não queria dizer que doía menos.

Eu sabia que seria difícil, cansativo e doloroso. Digo a mim mesma todos os dias que foi a decisão certa e fingo que não penso nele constantemente. Tento não imagina-lo sendo o monitor mais bonito do acampamento, nem o mais apaixonado pelo que faz. Quando eu finalmente começar a trabalhar, o que vai demorar já que ainda estou no começo da faculdade, desejo ter a mesma paixão ao exercer minha profissão.

 A cada dia eu enxergo melhor a beleza da vida. A brisa no final da tarde quando passo perto da praia na volta pra casa, ou com o canto do passarinho que fez ninho na minha janela, ou nas pessoas maravilhosas que estão sempre comigo. Meu pai/melhor amigo; Um irmão, inteligentíssimo, mas muito chato com seu jeito de sabidão a irmão mais velho; Uma cunhadinha cheia de idéias; Ganhei um xodozinho lindo. uma princesinha chamada Aruna. Marília as vezes só falta me esganar quando a chamo de Hope. Ela é outra que entrou na minha vida abalando minhas fortalezas desconhecidas, me instigando, sem saber, a ser uma pessoa mais forte; Emma é a mãe que, há tanto tempo, eu sentia falta. Não vejo a hora de tê-la aqui em casa todos os dias. São muitas coisas pequenas, mas somadas elas me enchem de felicidade. Uma porta se fechou, gerando um impacto e tanto, mas eu recalculei a rota e outra porta se abriu. Viver é assim, nem sempre as coisas serão da forma que queremos, e mesmo assim precisamos seguir em frente de cabeça erguida.

- Lana, me diga a verdade - Emma olhava pra mim preocupada. - Não acha feio uma mulher da minha idade casar de véu?

- Pelo amor de Deus, você só tem 35. Está falando como se tivesse 47. E mesmo se você tivesse eu ainda não veria problema nenhum. - Respondo pegando meu vestido para os últimos retoques.

Esse foi o natal mais louco que já tivemos. Vovó não parava de apertar Emma em seu abraços sufocantes. Principalmente depois do presente que a namorada do meu pai recebeu. Foi dois em um. Case-se com um gato e ganhe um anel. Meu pai, em seu lapso de coragem, pediu Emma em casamento. A cara dela foi impagável. Ela foi tão surpreendida quanto os outros. Claro que eu já sabia de tudo. E modéstia a parte o anel era uma coisa linda. Assim que eu o vi na vitrine convenci meu velho que era aquele. 

A peça é uma mistura em tons de ouro. Simples e delicado. O ouro branco formava duas folhas bem trabalhadas e entre elas tinha uma pequena rosa revestida em ouro rose. O aro do anel ligando tudo era uma faixa dupla, que se trançava em ouro amarelo. Nada muito extravagante, simples e ao mesmo tempo requintado. Não entendo muito sobre o assunto, mas sabia que ele era o anel perfeito.

Assim como o pedido de casamento este também foi o noivado mais curto que já vi, deixando todos nós de cabelos em pé com toda a preparação para o casório. Não dá pra entender o porquê de tanta pressa, mas se eles estão felizes, se tudo está dando certo, reclamar pra que?

Me olho no espelho e passo a mão pelo vestido, que é lindo. Dourado, longo e com bordados de tirar o folego. 

- E então, o que você acha? - Pergunto saindo do provador. Emma para e fica me olhando com uma expressão que eu não consigo decifrar. - O que foi? Não gostou?