CAPITILO 82

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Encontramos com Emma e Adriel, pouco depois da minha dolorosa confissão. Meu rosto estava inchado, e meus olhos e nariz, vermelhos. Mesmo não dando para ignorar meu estado, eles fingiram não ver, e agradeci mentalmente por isso. "Seremos uma ótima família" penso com sorriso fraco nos lábios enquanto recebo seus abraços de felicitações.

Não tardamos a nos despedirmos dos nossos outros amigos, que por sua vez, fizeram o oposto, me enchendo de perguntas. Tentei ser o mais convincente ao dizer que não era nada demais, apenas saudade. Ao me afastar em direção ao carro do meu pai me senti um pouquinho mais aliviada.

Já com todas as malas no lugar, era hora pra de partir. E essa era uma sensação muito difícil. Olhei em volta pra deixar aquele lugar vivo em minha memória. Eu precisava desse momento. Antes de entrar meu olhar se encontrou com o dele pela primeira vez depois de nossa conversa pela manhã. Douglas, mesmo de longe, acenou com a mão e sorriu para mim.  Meu coração desobediente acelerou e meus olhos encheram de lágrimas. Olhei para cima para evitar que elas caíssem e entrei no carro me recostando na porta, já de cinto colocado.

Meu pai, estranhamente, diferente dos meus amigos, não havia feito nenhuma pergunta, nem sobre o choro e muito menos sobre o meu... Sobre Douglas. Eu não sei se preferia se ele falasse algo ou se assim estava bom. Na verdade eu não queria pensar nisso. Tudo o que ele fez foi me apertar mais contra si, e na hora, de fato funcionou. O mundo ao redor deixou de importar; Eu estava segura em seus braços. Emma também não tocou no assunto, mas eu vi o olhar que ela e meu pai trocaram, e tenho certeza absoluta que tem a ver comigo. Adriel já  sabia do término e como o irmão perfeito que é se esforçou para suavizar o momento.

Durante o caminho minha atenção estava toda voltada para o lado de fora da janela. Eles conversavam entre si alegremente, isso não me afetava muito, mesmo eu estando naquele estado de melancolia. Deveria ser mesmo um momento feliz para todos nós, eu que estraguei tudo.

Pode ter certeza que eu não imaginei que seria tão difícil passar por isso. Volta e meia eles tentavam, em vão, me incluir em algum assunto, mas eu não conseguia soltar nada além de meias palavras. como "uh-hum", "é verdade..." e "claro". Eu não queria conversar. Não queria ter que disfarçar minha dor. Eu queria senti-la toda de uma vez, sem dividi-la em parcelas, pra poder superar logo. Eu precisava seguir em frente, mesmo que rastejando.

Antes de, eu e meu pai,  irmos para nossa casa fomos para a de Emma e Freitas. Ela com todo amor e carinho tinha preparado um jantar em comemoração. E pelos céus, estava uma delicia! Eu tentei ser mais participativa durante as conversas enquanto estávamos ali, ao menos em sinal de respeito à todos eles. Eles não tinham culpa da minha situação deprimente. Eu não podia estragar aquele jantar. E sem muito esforço cheguei até a rir em alguns momentos.

"Eu conseguirei viver afinal" Pensei colocando na boca uma garfada daquele delicioso pudim de Leite.

- Nossa Emma, isso aqui está maravilhoso. Precisa me ensinar a fazer um igual.

- Será um enorme prazer. Quando quiser pode vir aqui, ou me chamar que eu vou pra lá.

- Isso precisa acontecer urgentemente, eu amo pudim de paixão. Se não me ensinar Serei obrigada a fazer de você minha refém, porque lhe farei preparar um pudim a cada semana. - A aviso antes de colocar mais um pedaço na boca.

- Tia Emma tem também outras receitas maravilhosas, não se limite apenas no pudim. Pode se arrepender se o fizer.

Levantei as sobrancelhas olhando para ela, que respondeu dando de ombros.

ACAMPAMENTO MFP | CONCLUÍDA |Where stories live. Discover now