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Batidas, socos, gritos.
Isso era tudo o que eu conseguia ouvir. Vozes misturadas em um falatório que mais parecia uma discussão, socos e batidas na parede.
Meus olhos estavam vendados, minhas mãos amarradas e meu corpo preso em uma cadeira. Eu estava apavorada, mas muito em choque para poder gritar. Eu sentia minha voz presa na garganta e as lágrimas não saiam por conta do pano sobre meus olhos.
A única coisa que sei sobre a pessoa que me sequestrou é que é um homem. Estive aqui por dias mas não sei exatamente quantos.
Eu só queria saber de quem é aquela sombra que me mantém refém. De quem é esses sussurros me dizendo que nunca fugirei?
Um barulho soou no cômodo onde estou e depois tudo ficou silencioso novamente. Soltei um suspiro frustado, apertando os lábios e baixando a cabeça. Por que eles me pegaram? Eu não tenho dinheiro nem para pagar um táxi. Devo sessenta dólares na padaria e nem paguei as contas de casa. Eu estava com ordem de despejo.
Ouço outro barulho de algo sendo arrastado. Ergo a cabeça alarmada. Sinto o nó da venda ser desfeito e quando cai no meu colo, ainda mantenho os olhos fechados. Lentamente abro-os vendo um homem sentado em uma cadeira na minha frente.
—— Você não tem ninguém, não é?
—— Só a mim mesma.
Ele fechou os olhos com força.
—— Se você quiser as coisas bem feitas, faça você mesmo!—— Ele ergueu o olhar para o teto antes de voltar a atenção para mim. Ele franziu a testa e apertou os lábios com o polegar e o indicador.—— Você definitivamente não é a minha mercadoria.
—— Eu não sou mercadoria.
—— Não é mesmo.
—— O que vão fazer comigo?
—— Eu estou pensando.—— Seu tom de voz foi frio, queria me intimidar.
—— Eu fui sequestrada por engano, por favor, me deixe ir.
—— Qual é o seu nome?—— Levei um susto quando ele ficou de pé.
—— Sn.
Ele não disse nada, apenas saiu. Sem querer, ele acabou deixando a porta meio aberta.
