Parei em frente ao seu prédio e subi até o seu andar. Cheguei no número do apartamento e apertei a campainha. Após longos segundos, a porta foi aberta. Sn usava um pijama e sorria.
Nervoso, limpei a garganta e abri um sorriso.
—— Entra.—— Pediu, abrindo espaço. Assenti, entrando no apartamento. Observei cada canto. Era somente um típico apartamento novaiorquino, bem decorado e sem muito luxo.—— Então, vamos começar?
—— Começar?
—— É, Peter. Começar o trabalho.—— Ela falou pausadamente, arqueando uma sobrancelha.—— Você tá bem? Quer uma água?—— Colocou a mão no meu ombro.
Travei no mesmo segundo, arregalando meus olhos. Sn percebeu e então, tirou sua mão. Ela resmungou baixinho, mas eu ouvi muito bem:
—— Bem que a Liz diz que você é estranho.
Sn começou a caminhar até o seu sofá, perto da janela e sentou. Em cima da mesinha de centro haviam vários livros, um notebook e cadernos.
—— Nós não vamos para o seu quarto?—— Eu perguntei envergonhado. Adiantei meus passos até ela, colocando ambas as mãos nos bolsos da calça.
—— Só se você quiser.
Ela deu de ombros distraída com o notebook. Não era com malícia, mas alguma coisa na minha mente levou para o lado adulto.
Talvez fosse a convivência com o senhor Stark, eu não sei. Tia May já falou várias vezes sobre sexo pra mim, me deixando constrangido muitas dessas vezes.
Como se eu não soubesse de onde vêm os bebês.
—— Eu defendo a Resistência.—— Ela elevou a mão.—— Arrume bons argumentos para defender o seu lado, porque eu vou acabar com você.
O jeito que ela está iluminando a sala apanhou o canto do meu olho. Bati com o lápis na mesinha, observando ela escrever no notebook, concentrada.
Talvez eu seja apenas uma criança apaixonada, mas se isso é o que é se apaixonar, então eu não quero crescer.
Seria legal se fôssemos só nós dois, mas ela nem sabe que eu estou completamente apaixonado pelo seu sorriso.
Seu apartamento é aconchegante, seus pais estão fora, não há nenhuma pressão. Respirei fundo, fechando os olhos.
Como eu queria beijá-la.
—— Tá com fome? Cansado? Quer uma água?
Abri meus olhos, vendo Sn me encarar. Assenti fechando o livro. Eu balbuciei antes de falar:
—— A gente podia conversar um pouco. Podemos terminar amanhã ou outro dia... temos uma semana.
—— Por mim, tanto faz.—— Ela digitou mais alguma coisa, fechando o aparelho.—— Então, o que quer saber?
Só conversar essa noite.
As luzes estavam todas apagadas, estávamos próximos à porta janela e a luz da lua nos iluminava. A porta janela era enorme, encostava no teto e ia de uma parede, à outra.
O céu estava lindo, azul e estrelado. Só o barulho do vento soava, estamos no sétimo andar.
—— Quando se mudou?—— Eu queria puxar assunto. É assim que se inicia uma conversa.
—— Há uma semana. Eu tô me adaptando ainda, sabe como é, né. As coisas não estavam bem em Chicago. Eu me envolvi com coisas erradas e...—— Sn limpou a garganta.—— Pessoas erradas.
—— Vai gostar daqui.—— Tentei animá-la.—— Eu moro há dois quarteirões, qualquer coisa pode me procurar.
—— Qualquer dia você pode me levar pra comer no Deli-Grocery.—— Ela sorriu.—— Liz comentou comigo que você diz que é o melhor sanduíche do Brooklyn.
—— E é mesmo!—— Exclamei, não me contendo. Isso lhe arrancou uma risada, gradativamente me tirando um sorriso. Sn tem uma risada engraçada daquelas contagiantes que você escuta e mesmo sem motivo algum, começa a rir junto.
Eu tento ficar calmo, não dar muito na cara, mas quando estou olhando pra ela, não consigo ser corajoso. Ela faz meu coração disparar.
—— Mas, me fala um pouco sobre você. Liz me contou sobre seu tio Ben, meus pêsames.
—— Eu e a minha tia May estamos superando. As coisas estão bem agora, eu arrumei um emprego e faço 17 anos ano que vem.
—— E você trabalha aonde?
—— Eu faço estágio na Stark.—— Sn sorria mas quando ouviu minhas palavras, ficou séria.—— Você não gosta muito do senhor Stark, não é?
—— Você o chama de senhor?—— Sn franziu a testa.—— É, eu não gosto dele. Eu sou o homem de ferro.—— Falou com desdém.—— E eu sou o Batman.
—— Tudo bem...—— Preferi não prolongar o assunto. Sn parece mesmo odiar meu mentor.
—— Nossa, como tá tarde.—— Ela ficou de pé. Fiz o mesmo, colocando meu material na mochila.—— Falta só algumas coisas, eu posso ir na sua casa amanhã pra terminar. Tudo bem pra você?
—— É, sim, claro.
Ela me guiou até a saída. Abriu a porta e ficou olhando pra mim. Nervoso e ainda olhando pra ela, sai para fora.
—— Então... te vejo na escola amanhã.
Me inclinei para beijar seu rosto, mas no último segundo, Sn virou o rosto e acabei por beijar sua boca.
Me afastei no mesmo instante, limpando a garganta. Desviei os olhos, envergonhado.
—— Desculpe.—— Ambos pedimos ao mesmo tempo.
Respirei fundo, tomando coragem para olhá-la. Sn sorria, analisando cada canto do meu rosto vermelho, rindo em seguida.
—— Te vejo amanhã.—— Ela acenou, fechando a porta.
Cara, ela tá tão na minha.
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