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—— Acho que devemos conversar.—— Eu balbuciei chamando a atenção dela. A ruiva ergueu o olhar do notebook até mim.
—— Sim, devemos. Eu estava pesquisando sobre casamentos LGBT, e achei isto.—— Ela virou o aparelho para mim, mostrando duas noivas envoltas por uma bandeira do movimento.—— É lindo, não é?
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—— Sim, é.—— Não estava animada. Eu não queria destruir seu sonho, sabia desde o começo que era aquilo que Kate queria, mas tudo isso... tudo isso não é pra mim!Não é para uma pessoa como eu!
Casar, morar junto, adotar, criar filhos, ter uma vida social, isso não é para mim.
E eu não sei como dizer isso pra ela sem ferir seus sentimentos, porque agora ela está tão animada procurando vestidos de noiva, falando sobre casamento, querendo marcar uma data para casarmos.
Kate quer uma vida juntas, ela quer carinho, quer beijos quando estiver desprevenida, quer cafuné antes de dormir, café da manhã na cama ao acordar, quer assistir filmes agarradinha, dormir de conchinha, quer ser um casalzão da porra. Ela só quer alguém para amá-la.
E eu, bem, eu não estou procurando por nada como o que ela está procurando.
Eu não quero casar. Eu só quero ser livre, ter várias paixões ao redor do mundo, quero viajar, conhecer pessoas, fazer música, nunca ser parada por ninguém.
É a minha vida.
—— O que você acha de casar em Liverpool?—— Ela chamou minha atenção.—— Eu sei que você ama os Beatles, e seria um bom lugar. Quero que você escolha o lugar.
Kate estava tão eufórica que eu nem percebi que estava me segurando pra não chorar. Eu não iria chorar! Não quero que ela sofra! Eu vou ser franca com ela, ela não merece ser enganada.
—— Nenhum dos dois.—— Soprei em um murmúrio. Engoli um seco e repeti em voz alta:—— Nenhum dos dois.
