07 - We Have A Deal

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A minha única vontade naquele momento era abraçar alguém e chorar até que toda a água que o meu corpo armazena tivesse saído pelos meus olhos, mas a única pessoa que eu tinha era Normani... A angústia de deixá-la partir me corroía. Eu não queria ficar sem ela, mas ela não queria ficar comigo... Isso dói.

Passei a noite toda andando e chorando pelas ruas de Miami sem saber o que fazer e para onde ir. Eu tinha me tornado dependente de Normani. Ela que sempre tomava as decisões e eu gostava disso, porque se dependesse de mim, a gente nunca teria saído do orfanato... Mas pra falar a verdade, isso teria sido bom... Ela teria sido adotada e não teria se envolvido com tanta merda...

Quando amanheceu, me dei por vencida. Eu estava exausta, e por mais que eu soubesse que eu não ia conseguir dormir, decidi voltar para o parque onde costumávamos passar as noites para pelo menos tentar. Naquela altura do campeonato eu já havia parado de chorar, embora ainda estivesse com vontade.

Cheguei no parque com o olhar baixo, observando meus pés enquanto andava. Ergui meu olhar por um instante e meu coração errou a batida ao vê-la sentada no chão com os olhos fechados e a cabeça encostada no tronco de uma árvore. Havia uma lágrima solitária escorrendo pelo seu rosto. Meu coração se apertou. Por mais que uma parte minha estivesse com raiva dela, eu não podia negar o que eu sentia por ela... Suspirei, o que a fez abrir os olhos e secar a lágrima rapidamente ao me vez. Se levantou e se aproximou de mim.

- Oi... - ela disse com um sorriso fraco nos lábios.

- Oi.

Dias atuais...

Pov Normani

- Tem certeza? Você vai acabar morrendo se continuar assim. - revirei os olhos. Já tinha uns 5 minutos que Ally estava tentando me convencer à ir até a cantina.

- Eu não estou com fome.

- Quando você morrer, não venha puxar meu pé, porque falta de aviso não foi. - a baixinha saiu, me deixando, finalmente, sozinha com os meus pensamentos.

~ Flashback on ~

"Por mais que eu conseguisse ver a tristeza e o desapontamento em seus olhos, em momento algum ela me rejeitou, ao contrário, ela me abraçou com força e começou a chorar. Eu não ousei retribuir, eu sabia que tinha feito merda e que ela não merecia aquilo. Eu me sentia mal por isso, mas não dava pra voltar atrás. E pior... As minhas merdas não acabavam alí.

- N-não me abandone mais, por f-favor. - separei o abraço e sequei suas lágrimas com o maior cuidado do mundo. Ela deu um sorriso triste e eu suspirei antes de levantar um pouco a camisa que eu vestia, dando à ela a visão de duas armas em minha cintura. - C-como conseguiu isso? Achei que ele só fosse nos dar depois de mais duas entregas. - abaixei a camisa.

- Eu fiz um acordo com ele...

- Que acordo? - suspirei mais uma vez e encarei o chão. Dinah segurou em meu queixo e me fez encara-la. - Qual foi o acordo, Normani?

- Eu... Ér..."

~ Flashback off ~

Acordei dos meus devaneios quando percebi Dinah encostada no batente da porta com os braços para trás, me fazendo levar um puta de um susto. Coloquei minha mão sobre meu peito.

- Caralho, Dinah! - ela riu e eu revirei os olhos. - Tem muito tempo que está aí?

- Não muito. - sorriu. - Estava pensando em que?

- Nada que seja da sua conta.

- Que rude. - ela veio até mim e se sentou ao meu lado.

- Que ótimo, vou ter que pôr fogo no colchão. - revirou os olhos.

- Não precisa pôr fogo, você não vai mais dormir aqui. Por isso estou aqui. - franzi o cenho. - Vim te levar para o seu novo "quarto", vulgo meu cubículo. - soltei uma risada sarcástica.

- Que piada engraçada, Dinah, você merece o troféu de melhor humorista do ano. Onde estão as câmeras? - revirei os olhos, mas ao perceber que ela estava exatamente com a mesma expressão facial, me toquei de que ela não estava brincando. - Sério? - ela assentiu. - Achei que essa desgraça aqui fosse dividida em etnias.

- Mas é, só que eu mexi uns "pauzinhos" para que você ficasse junto comigo. - deu o seu melhor sorriso e a minha única reação foi bufar. Que droga. - Mas de qualquer forma, te fiz outro favor. De nada. - colocou sobre meu colo um uniforme caqui que ela segurava para trás quando entrou. - Uma hora você vai acabar tendo que me pagar por esses favores...

- Seu conceito de "favor" está quebrado. E só pra você saber, não te devo nada.

- Ahh, você deve... No "bairro" das negras você provavelmente viraria a putinha de uma delas. - deu uma pausa e bateu com a mão na testa. - Putz, esqueci que você gosta de ser putinha. Desculpa, agora não dá pra voltar atrás, vai ter que ficar comigo mesmo. - fez biquinho.

- Já acabou? - perguntei com cara de tédio.

- Na verdade não. Eu tenho uma dúvida, gatinha. - revirei os olhos com o apelido. - Você age como se eu fosse a vilã da história, e bom... a gente sabe que a vilã aqui não sou eu. Por quê?

- Vou responder a sua pergunta com outra pergunta. Por que me dedurar depois de tanto tempo?

- Porque eu estava com saudades da minha melhor amiga, oras. - deu um sorriso falso. - Eu não vou te falar porque você está aqui, não adianta insistir.

- Já parou pra pensar que eu poderia ter pessoas lá fora? Que eu poderia ter coisas importantes pra fazer?

- Com "pessoas" você quer dizer Khalid e com "importantes" você quer dizer ter uma overdose, fuder com seu traficante ou botar mais algum otário na prisão?

- Qual a porra da necessidade de meter o Khalid nisso?

- Porque eu sei que tipo de "entrega" você fazia pra ele, Normani. - suspirei. - Eu sempre abaixava a cabeça porque eu te amava de verdade e eu preferia acreditar que isso iria acabar assim que a nossa vida se estabilizasse, mas antes disso acontecer, você me traiu mais uma vez...

- É desculpas que você quer? Beleza. Me desculpe por ter te deixado para trás na joalheria, Dinah, mas saiba que eu não me arrependo de ter feito o que eu fiz, porque eu tive os meus motivos. - riu sarcástica.

- Sabe o que é engraçado? Você disse que me amava umas três vezes naquele dia, mas mesmo, abre aspas, me amando, fecha aspas, você teve coragem de me deixar lá. Nada tira da minha cabeça que "os seus motivos" tem nome, sobrenome, 20 carros na garagem e drogas pra dar e vender.

- Se tem ou não, não é da sua conta.

- Não é da minha conta? Eu perdi 6 anos da minha vida por sua causa, Normani. Eu tenho o direito de saber o que aconteceu. - me levantei com o uniforme caqui em mãos.

- Não é bem assim que a banda toca. - falei antes de me retirar.

8 anos atrás...

- Eu... Ér... - eu não fazia ideia de como contar aquilo para Dinah. Ela com certeza iria surtar se soubesse qual era a minha parte do acordo.

- Anda, Normani, que acordo? - ela já estava começando a ficar sem paciência. Suspirei.

- Eu consegui convencer o Khalid a nos dar as armas e... - fiquei em silêncio por um tempo. Era meio constrangedor falar para Dinah que ele ia bancar as drogas que eu iria consumir. - Em troca eu vou ter que fazer alguns... serviços... pra ele.

- Que tipo de serviço?

- Hm... - eu estava nervosa. Eu não podia simplesmente chegar nela e falar "Oi, Dinah, agora eu sou a mais nova putinha do Khalid". - Algumas entregas, nada de mais. - ela suspirou.

- Quantas entregas? - perguntou séria.

- Quantas ele quiser...

- Por duas armas? Nem fudendo que a gente vai fazer isso.

- Não é a gente, Dinah... Sou eu. Apenas eu.

-

(N/A): O que vocês estão achando da fanfic? Me dêem o feedback pra eu saber se devo continuar ou não.

Welcome To Prison ● |Norminah|G!P|Onde histórias criam vida. Descubra agora