16 - Bad Things

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Eu sentia a raiva queimando dentro de mim. Andrea sabia que eu não queria Dylan ali, mas mesmo assim ela o trouxe. Eu juro que queria voar no pescoço dela naquele instante, mas em respeito ao meu filho, eu não o fiz.

Dylan estava sentado ao meu lado, brincando com a minha mão, enquanto Andrea estava logo a minha frente, com um olhar um pouco apreensivo porque ela provavelmente conseguia notar que eu não tinha gostado do que ela fez.

- Fiquei muito surpresa em ver vocês aqui. - falei enquanto encarava Andrea com fogo nos olhos.

- Dylan queria muito te ver. - soltei um suspiro pesado. Que ele queria me ver não era novidade para ninguém, mas o mínimo que ela poderia ter feito é ter dito não. Tenho muitos motivos para não querer ele aqui, e um deles é que a prisão não é um ambiente legal para se trazer uma criança. Sem contar que eu não queria que ele me visse como uma criminosa...

Olhei para o pequeno e ele logo sentiu meu olhar sobre ele. Me olhou de volta, parando de dar atenção para os meus dedos. Seus olhinhos castanhos brilhavam em tamanha admiração. Um sorriso bobo surgiu em meus lábios. Dylan conseguia me fazer perder a pose de durona em segundos. Era algo inexplicável.

- Mamãe, eu possu cumê sagadinhu? - perguntou, me apontando as máquinas de salgadinho que tinham em um canto da sala de visitação.

- Só se você me der um beijinho antes. - ele deu um sorrisão e eu fiz biquinho, esperando o beijinho. Ele se ajoelhou na cadeira e me deu um selinho. Sorri.

- Agora podi? - perguntou animado e eu ri.

- Pode, meu amor. - Andrea entregou uma moeda a ele e o pequeno saiu correndo em direção as máquinas.

E em uma fração de segundo me lembrei o quão puta eu estava com Andrea. A encarei.

- Você tem algum problema mental? - perguntei entre dentes. - Onde você estava com a porra da cabeça quando decidiu trazer ele aqui?

- Normani, ele sente sua falta. - tentou explicar.

- E você acha que eu não sinto a falta dele, Andrea? Você acha que eu sou o tipo de mãe que está foda-se para o filho? - eu me segurava para não levantar o tom de voz. - Você não tem a menor ideia do que é estar na minha pele. Ter que mentir para proteger as pessoas que você ama. Você acha que é fácil lidar com isso, mas vou te contar um segredo: não é. - ela suspirou.

- Desculpa, eu não queria te irritar. Eu só achei que seria o melhor a se fazer. - era impressionante como cada palavra que saía da boca de Andrea fazia meu corpo ferver de raiva cada vez mais.

- O melhor a se fazer? - dei uma risada sarcástica. - Você se ouve quando fala? - não gritar com ela estava sendo meu maior desafio naquele momento. - Está vendo aquela criança? - apontei para Dylan, que estava na ponta do pé tentando apertar o botão que ele queria na máquina. - Você trouxe ela para um ninho de cobras. - falei. - Cada pessoa presente nessa sala, seja ela guarda ou detenta, tem contato direto com a Dinah. Sabe o que isso significa? - ela não respondeu. - Significa que qualquer um que preste o mínimo de atenção no Dylan seria capaz de notar a semelhança gritante entre os dois, e como eu disse, aqui é um ninho de cobras. Qualquer informação aqui dentro é motivo para chantagem, Andrea.

- Ele chora de saudades todos os dias. - a última coisa que eu queria no mundo é que o meu garoto ficasse mal, mas era uma consequência do que eu fiz no meu passado. Eu estava presa, querendo ou não, as coisas não seriam mais como antes. Eu não estaria lá para ajudá-lo com o dever de casa, não estaria em seus aniversários, não estaria lá para explicar como realmente nascem os bebês. Nosso tempo juntos se resumiria nessa sala. - Você não acha que já não passou da hora de contar para ela? - falou como se eu só tivesse que comprar pão na padaria da esquina. - As coisas vão ficar bem mais fáceis quando ela souber.

- Ou talvez não. E se ela não gostar da ideia de ter um filho comigo? - Andrea riu das minhas palavras.

- Ela é a Dinah, ela daria tudo por um filho com você. Esse era o maior sonho dela, você se lembra? - suspirei.

- Mas você sabe que não é só isso que me preocupa. - cruzei os braços e escorreguei um pouco na cadeira. Meus olhos foram, mais uma vez, de encontro com Dylan, e para a minha surpresa, ele conversava com um dos guardas enquanto comia seu salgadinho. Meu coração acelerou e eu quase me engasguei com a minha própria saliva. - Não! Não! Não! Não! Não! - falei mais para mim do que para qualquer outra pessoa.

Me levantei rápido e fui em passos largos até eles. Meu coração estava a mil. Eu torcia para que o guarda fosse lerdo o suficiente para não ter associado o rostinho de Dylan ao de Dinah.

- E quantos anos você tem? - o guarda estava ajoelhado de frente para Dylan. Ele estava tão concentrado na conversa com o meu filho que nem percebeu minha presença ali.

- Tenhu isso aqui. - fez o número quatro com os dedos.

- Quatro aninhos? - perguntou.

- Nãaao! - o pequenino falou bravo. - Tenhu cinco, não sabi contá? - o guarda riu e Dylan ficou de cara feia para ele, enquanto enfiava vários salgadinhos na boca.

- Desculpa, garotão, eu errei. - coçou a nuca.

- Licença... Dylan, a Dea está te chamando, por que não vai lá falar com ela? - chamei a atenção do meu filho. Ele olhou pra mim e assentiu enquanto sorria. Foi correndo de volta para a messa, sem deixar o salgadinho cair, claro.

O guarda se levantou e olhou para mim. Seu olhar percorreu meu corpo por um breve momento até seus olhos finalmente encontrarem os meus. Ele sorriu.

- Seu filho? - eu assenti. - Ele é um rapaz muito bonito. Está de parabéns.

- É. - fui fria. Ele riu.

- Confesso que não imaginava a Dinah sendo mãe. Pra falar a verdade, acho que nem ela imagina, não é? - suspirei. - Acontece...

- O que você quer? - perguntei impaciente. Eu sabia que o silêncio dele não seria de graça. Seu olhar desceu ligeiramente até meus seios.

- Prefiro conversar em um lugar menos movimentado. - um sorriso safado brincava em seus lábios. Eu sabia o que ele queria e confesso que estava com medo disso. A reputação desse guarda não era uma das melhores. - Volte para o seu filho antes que o tempo da visita acabe. - suspirei mais uma vez e fiz o que ele disse.

Quando me sentei em meu lugar Andrea me lançou um olhar preocupado.

- Está tudo bem? - perguntou. Eu apenas desviei o olhar para o meu filho, ignorando totalmente sua pergunta.

Simon Cowell... Um dos piores guardas da prisão. Ele era conhecido pelas detentas por ter o que quer, seja por livre e espontânea vontade das detentas ou não. A ideia de ter uma "dívida" com esse homem me fazia ter borboletas no estômago, não do jeito bom tipo quando estamos apaixonados, mas sim de um jeito ruim, onde eu tinha total consciência de que o pior, não só pode, como provavelmente vai acontecer.

- O tempo de visita acabou. - uma guarda baixinha falou assim que se aproximou da mesa em que estávamos. Suspirei pela enésima vez hoje.

Dylan me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas mais uma vez. Era torturante vê-lo assim. Peguei ele no colo e o abracei com força. O menor encaixou seu rostinho na curva do meu pescoço e liberou todas as suas lágrimas.

- E-eu num queru ir imbora sem você... - disse entre soluços, com a voz abafada pelo meu pescoço. Era de partir o coração.

- Eu também não quero que vá embora, amor, mas a mamãe já te explicou que não dá pra sair daqui. - falei, sentindo meus olhos arderem.

- Pur que? - perguntou com um tom levemente indignado por não poder me ter por perto.

- Porque eu fiz coisas ruins... Muitas coisas ruins.

Welcome To Prison ● |Norminah|G!P|Donde viven las historias. Descúbrelo ahora