Capítulo 3

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Sam pareceu tão perplexo quanto Cait ficara quando confirmara a gravidez meses atrás. Ela esperou pacientemente pela reação verbal dele, e quando não ocorreu nenhuma, disse:
— O nome dela é Lizzie.
Sam olhou para a foto antes de voltar a encará-la.
— Quanto tempo ela tem?
— Três meses.
— E só agora você está me contando, Cait?
Ela considerara não lhe contar em absoluto, mas mudara de idéia depois que sua mãe a lembrara de que qualquer criança tinha o direito de saber quem era seu Pai.

— Telefonei para você uma semana depois que confirmei a gravidez. Uma mulher atendeu e eu desliguei. Planejei ligar novamente, no mês que Liz era esperada, mas antes que pudesse fazer isso entrei em trabalho de parto, quatro semanas mais cedo.
— Ela está bem?
—Está ótima. Perfeita. Ganhou peso, está se recuperando rapidamente.
Ele passou a mão pelos cabelos.
— Não sei como isso aconteceu. Nós éramos sempre cuidadosos.
— Nenhum método contraceptivo é totalmente eficaz Sam.- disse Cait.

Quando ele ainda parecia em dúvida, Cait acrescentou:  — Olhe para ela, é a sua cara. — Tanto que doía todas as vezes que ela olhava para sua menininha. A menininha deles.
— Onde ela está agora? — perguntou ele enquanto continuava olhando para a foto, não podia negar a Criança se aparecia com ele.
— Com uma amiga, estou no apartamento dela enquanto o meu está em reforma.. — Razão pela qual ela precisava ir embora o mais cedo possível, antes que o bebê acordasse da soneca e Barbara ficasse louca sem saber o que fazer.
Sam olhou para a foto por mais alguns momentos e quando Cait não podia mais suportar o silêncio, murmurou:
— Diga alguma coisa.
Ele sustentou o olhar com o dela.
— Não sei o que dizer, Cait. É um tremendo choque.
Ela entendia isso muito bem. Também reconheceu que ele podia levar algum tempo para se acostumar com a revelação. Talvez Sam decidisse que não queria lidar com aquilo. Por isso, ela retirou um envelope da bolsa e entregou-lhe.
— Pegue.
Depois de breve hesitação, ele pegou o envelope.
— O que é isso?
— É um documento que acaba com seus direitos paternais se você assiná-lo. Você não é obrigado a envolver-se na vida dela, emocional ou financeiramente.
Um brilho de desprezo cruzou a face de Sam
— Teve o trabalho de vim aqui me contar sobre ela, e quer criá-la sozinha?
Se tivesse escolha, Cait preferiria criar sua filha em um lar com dois pais. Mas aquela não era uma opção, pelo menos não com ele.
— Nós estamos indo bem. — De modo geral. — Eu também tenho um bom sistema de apoio em casa.
— Você quer dizer com seu novo namorado?. Cait optou por não fazer qualquer comentário.
— Meus pais insistem que eu vá morar com eles na Irlanda. Você não precisa se preocupar se terá alguém para cuidar dela, se decidir assinar os papéis.
Sem oferecer qualquer resposta, Sam abaixou a cabeça, o envelope e a foto ainda nas mãos. Ele parecia tão visivelmente abalado que Cait lutou contra a vontade de abraçá-lo.
Em vez disso, pegou a bolsa e se levantou.
— Percebo que é uma revelação muito forte, coisa para você absorver de repente, portanto, vou lhe dar algum tempo para pensar. Se preferir escapar dessa situação, entenderei perfeitamente. Tudo que tem a fazer é assinar os documentos, reconhecer a firma e me enviá-los pelo correio. Já coloquei o endereço no envelope, estou com o mesmo número de celular, se você precisar entrar em contato.
Foi necessária toda força de vontade para que ela saísse sem qualquer resposta dele. Ela não estava certa do que esperar... que ele assinasse os papéis, abrindo mão de seus direitos paternais, finalizando assim o relacionamento deles para sempre, ou que decidisse ser um pai para Lizzie, ocupando um lugar permanente na vida da criança... e na sua vida... pelos anos que viriam. Qualquer que fosse o resultado, ela teria de lidar com as conseqüências de suas ações. De seus erros.
Mas ela não via a filha como um erro. Apaixonar-se pelo pai dela sim, tinha sido um erro grave.
O problema era que uma parte sua ainda o amava, e provavelmente sempre o amaria.

Logo na manhã seguinte  Sam foi até a casa de Cirdan, precisava falar com o irmão.
Apesar de mal ter dormido na noite anterior, assim que chegou  foi  direto ao escritório, onde ele encontrou o irmão sentado atrás da mesa.
— Você tem alguns minutos para mim? — perguntou Ele quando parou na soleira da porta, segurando a sacola de ginástica.
Cirdan levantou os olhos de uma pilha de papéis e deixou a caneta de lado.
— Entre. Você está me salvando de aprovar faturas, e sabe o quanto detesto essa parte dos negócios.
Acabou sorrindo.
Mas salvar Cirdan da contabilidade não era nada comparado ao que ele fizera por ele... salvando-o da morte certa. Um presente fundamental, no que dizia respeito a Cirdan. Desde aquela época, eles haviam posto de lado suas diferenças e se tornado tão íntimos quanto costumavam ser quando garotos. uma das poucas coisas positivas que resultara de sua doença.
Sam atravessou a sala e sentou-se na cadeira em frente da mesa.
Decidiu entrar devagar na conversa enquanto preparava o ponto crucial do assunto que o levara até lá.
— Como vão indo os planos pras bodas?

Cirdan sorriu.
— Pelo menos agora temos um local, o que é bom, considerando que a cerimônia vai acontecer em menos de um mês.
— Onde vocês decidiram realizar a festa? — perguntou ele
— Meus sogros ofereceram seu jardim. Vai estar terrivelmente quente, mas Vikki quer uma festa ao ar livre. E não vai ser tão ruim ao pôr do sol. Você ainda estará do meu lado sim?
— É claro que sim. — Sam enfrentaria estaria lá pra cumprir seu dever como padrinho.
Cirdan observou o irmão.
_ Mas aposto que não veio aqui só pra saber sobre a festa.
Sam coçou a sombrancelha e suspirou

— Caitriona apareceu ontem, lá em casa.
Cirdan reclinou-se na cadeira giratória e coçou o queixo.
— Sério?   
Sam pegou a sacola de ginástica e retirou os papéis que ela lhe dera no dia anterior, entregando a Cirdan
— Ela me levou isto. - desbloqueou o celular entregando ao irmão.
Cirdan olhou a fotografia por um longo momento antes de voltar sua atenção para o irmão.
— É o que eu penso que seja?
— Se você está pensando que ela é minha filha, está certo. — Minha filha. Nunca, em mil anos, ele acreditaria que diria aquilo. Nem esperava sentir o que sentira depois de receber a notícia.
— É igualzinha nossas fotos de bebê. —  Cirdan balançou a cabeça. — Cara, isso é maravilhoso.
— Sim. Que bela maneira de começar a semana. — Que maneira de mudar sua vida em questão de minutos.
Cirdan entregou-lhe o aparelho.
— Não posso acreditar que a Cait esperou esse tempo todo para lhe contar.
— Considerando o que eu fiz para ela, não posso realmente culpá-la. E na verdade Cait tentou me contar. Ela desligou o telefone quando uma mulher atendeu, e estou quase certo de que a mulher era uma alguém da minha assessoria,  Mas eu entendo por que ela interpretou de modo diferente.
— Ela presumiu que tinha sido substituída — disse Cirdan.
Ele não podia culpa-la por aquilo, também.
— Ela ia tentar me contar novamente logo antes de o bebê nascer, mas entrou em trabalho de parto prematuro.
Cirdan franziu o cenho.
— O bebê está bem? Exatamente a mesma coisa que Sam perguntara à mãe do bebê.
— Ela é saudável.
Cirdan encarou o irmão.
— Em minha opinião, essa é uma boa notícia. Meu conselho é que você lhe conte a história inteira, e talvez tenha outra chance com ela.
Se ao menos aquilo fosse uma possibilidade. Se ao menos ele tivesse feito as coisas de modo diferente, revelado sobre sua doença em vez de usar a desculpa típica de solteiro assumido. Se ao menos não tivesse feito um estrago irreparável ao relacionamento deles, tentando protegê-la, talvez não estivesse nessa situação desagradável agora. Então, novamente, não sabia se teria feito alguma coisa diferentemente, mesmo sabendo o que sabia agora. A última coisa que Cait precisaria durante a gravidez era lidar com os problemas dele.
— Não vejo qualquer razão para lhe contar a história inteira.
— Você pode dar bons conselhos, cara mas não pode segui-los.
Sam o encarou.
_ Você pode fazer a coisa certa agora, irmão.- lembrou Cirdan.

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