Capítulo 16

615 43 1
                                    

Ela nunca tinha o visto tão furioso. Também nunca o vira tão magoado. Ela deveria sentir algum tipo de prazer pela dor que claramente lhe causara, mas não sentia. Prova positiva de que vingança nem sempre era tão doce.
Depois de dar uma olhada na filha, Cait foi procurar Sam a fim de lhe pedir desculpas por ter feito um drama fora de proporção por causa do encontro de amigos. Também precisava explicar sua atitude, num esforço de fazê-lo entender por que tinha reagido de modo tão rude.
Optando por pegar o mesmo caminho que ele havia feito quando se retirara da sala, Ela o encontrou sentado no terraço, um braço sobre o encosto almofadado do banco, olhando para a piscina iluminada em azul. No momento que ela se aproximou e parou na frente dele, Ele não lhe deu atenção ou estava perdido em pensamentos, ou ignorando-a deliberadamente.
— Eu só queria saber se você tem um pouco de sal para o corvo que estou prestes a comer — disse ela, sua tentativa de humor fracassando.
— Gabinete acima do fogão do lado direito — replicou ele, sem olhá-la.
— Eu só queria pedir desculpas, Sam. Sei que reagi de maneira exagerada. É apenas que...
— Desculpas aceitas.
Ela não acreditou naquilo por um minuto, e não ia a lugar algum até que tivesse certeza de que ele a perdoara.
— Você se importa se eu me sentar?
— Fique à vontade.
Evidentemente, ele não ia ser nem um pouco receptivo. Não importava. Ela tinha uma tendência a persistir quando queria muito alguma coisa, e necessitava que ele a ouvisse. Com isso em mente, ela sentou-se no banco de balanço, mantendo um espaço razoável entre os dois.

_ Eu sinto muito Sam, se fui exagerada e que.... - parou._ quando ela nasceu antes do tempo, eu fiquei com tanto medo de perde-la, afinal era bem pequenininha, não chegando a três quilos e meio, mas felizmente bastante saudável para sair da unidade neonatal depois de apenas alguns dias. _ contou ela._ Por isso sou tão protetora assim.
— Mas ela pode vim ter algum problema?
A preocupação na voz dele levou Cait a tranquilizá-lo.
— Eles a colocaram no oxigênio logo após o nascimento, mas ela não precisou por muito tempo. Ela é uma guerreira e tudo indica que ela é muito saudável.
— Ela ganhou isso de herança — respondeu ele com um sorriso. _  Seu trabalho de parto foi difícil?
Ela recostou-se na almofada e retornou o sorriso.
— De maneira alguma. Eu mal tinha acabado de chegar ao hospital quando ela nasceu.— Ela hesitou um momento antes de acrescentar: — John ficou preocupado quando soube que ela havia nascido antes.
Sam tornou-se estranhamente triste de novo.
— Ele estava lá?
Ela podia adivinhar para onde aquela conversa se dirigia.
— Ele não estava na sala quando Lizzie nasceu, mas chegou ao hospital aproximadamente cinco minutos depois que eu a tive, com a minha família.
— Ele a segurou?
Lá vinha o ciúme paterno.
— Sim.
— Aquele desgraçado.
Cait estremeceu com o tom amargo da exclamação.
— Ouça, Heughan, eu o conheço há muito tempo. É normal que ele quisesse estar lá para me apoiar.
— Talvez você queira repensar isso depois do que ele me disse quando ligou esta noite.
Cait tinha esquecido completamente que pedira para o amigo telefonar-lhe. Pela reação de Sam, talvez ela não quisesse saber o conteúdo daquela conversa. Entretanto precisava perguntar.
— O que ele lhe disse?
— Nada bom. — Sam a encarou com intensidade. — Tem certeza de que você quer ouvir?
Ela temeu que John tivesse revelado sobre o verdadeiro relacionamento deles.
— Fale de uma vez, homem.
— Ele disse que retornaria a ligação daqui a algumas semanas, depois que voltasse de uma viagem com a nova namorada, Cecily.
Cait ficou sem fala e sem saber como reagir. Então, algo totalmente ridículo aconteceu... ela riu por um bom minuto antes de cair num acesso de choro. Talvez o assalto de histeria fosse, em parte, alívio porque a farsa estava acabada ou ferrada pois seu Plano de se manter longe de Sam ter falhado mais uma vez.
— Eu sabia que deveria ter esperado para lhe contar — disse ele, enquanto se levantava e andava para dentro da casa. Cait inicialmente pensou que ele a deixara ali no sofrimento, até que ele retornou momentos depois com uma caixa de lenços de papel e entregou-lhe.
Ela enxugou os olhos e tentou recuperar a calma.
— Fico feliz que você tenha me contado. E Cecily não é uma namorada nova é a noiva dele.
_ Como?
Cait revirou os olhos.
_ Eu mentir, Sam.- disse por fim._ Não tem namorado nenhum, nunca teve.
Sam suspirou e Sentou-se novamente.
_ Isso tudo pra me manter longe?
Ela deu de ombros.
_ Tem tanta raiva de mim assim, Cait?
_ Não.- disse ela sem olha-lo._ Só que eu já andei por esse caminho antes e eu não quero me machucar novamente._ disse.
_ Não a machucaria novamente.
_ Quem garante?
Então ambos ficaram em silêncio.
— Você quer que eu dê uma surra nele por não seguir seu plano? - brincou ele
Ela acabou dando risada.
— Engraçado, ele me perguntou a mesma coisa quando eu lhe contei sobre o nosso rompimento.
Sam sorriu.
— Nós deveríamos brigar então e resolver isso de uma vez.
— Isso não é necessário, e eu ficarei bem. - disse ela._ O John é um grande amigo.
— Venha aqui. — Sam passou um braço ao redor de seu ombro e a puxou para mais perto.
Completamente sem energia, e com grande necessidade de consolo, Cait pôs o lenço de papel no bolso e inclinou-se contra ele.
— Obrigada por dizer isso, e desculpe por todo o tumulto emocional pelo qual tenho passado ultimamente. Não se trata apenas do que aconteceu hoje. Eu me preocupo por não esta sendo ou fazendo o bastante por Lizzie. Você acredita que eu realmente esqueci que ela fez quatro meses ontem?
— Anteontem — corrigiu ele.
Ela recomeçou a chorar novamente.
— Agora eu me sinto ainda pior.
Então Sam apertou seu abraço.
— Você está com muitas coisas na mente, Cait. Precisa relaxar.
Que piada!
— Eu não consigo relaxar. Nem mesmo me lembro como se relaxa.
Ele beijou-lhe á testa.
— Você é uma excelente mãe. E desde que eu a conheço, sempre teve problemas para relaxar.
— Não é verdade. Eu conseguia relaxar com você.              
— Sim, mas era necessário algum esforço da minha parte.
Tudo que tinha sido necessário era o tom da voz, o toque, a presença dele.
— Você sempre teve um jeito incrível de me acalmar com conversas quando eu estava tensa.
— Pensei que você tivesse dito que nós nunca conversávamos.
Ela queria acreditar que o relacionamento deles tinha sido somente sexual. Estava errada.
— Suponho que tivemos mais do que algumas conversas memoráveis.
— Sim, tivemos.
Ela havia intencionalmente bloqueado a maior parte dos bons momentos para tornar o fim mais fácil. Não que tivesse sido fácil de qualquer maneira. Não que ela superara aquele telefonema insensível. Mas quando Sam pôs o balanço em movimento, e eles permaneceram num silêncio amigável, ela secretamente reconheceu que apreciava a proximidade atual dos dois, o ombro dele no qual descansar, os conselhos dele. Sem mencionar o aroma maravilhoso, o tipo de cheiro que deixava uma mulher agradavelmente tonta. Um cheiro que trazia lembranças de fazer amor, coisa que haviam feito muito. Oh, as coisas que haviam feito no apartamento de ambos, nos trailers e em tantos lugares...
A ponta dos dedos que subiam e desciam suavemente ao longo de seu braço agora a lembrava do jeito como ele costumava tocá-la. E quanto mais Sam continuava com as carícias, mais excitada ela ficava.
Ele a excitara muitas vezes, e a lembrança dessas ocasiões, combinada com as memórias que ele ressuscitara na casa da piscina naquela manhã, começaram a tomar conta dela. Certo ou errado, ela queria alguma coisa que apagasse as lembranças de um dia cansativo. Algo íntimo, como um beijo... ou mais.
— Quase posso ouvir os pensamentos girando nesta sua cabeça, Balfe.- disse ele.
— Você não tem idéia do que eu estou pensando, Heughan. — Se tivesse, fugiria ou a agarraria.
— Você ainda está se castigando por não ser invencível.
Ela parara de pensar naquilo, com a ajuda dele.
— Não tanto quanto antes.
— Então está fazendo uma lista mental de todas as suas tarefas de amanhã.
Cait estava compondo uma lista mental dos motivos pelos quais deveria ignorar o forte desejo carnal que a fazia querer suplicar-lhe menos conversa e mais ação.

Outra Vez Amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora