Capítulo 20

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Na Quinta à noite, Sam voltou para casa depois das 23h e encontrou a sala deserta e a casa completamente quieta. Ele ficou mais do que um pouco decepcionado que Cait não estivesse acordada para sua chegada, mesmo que houvesse ligado mais cedo e lhe dito para não esperá-lo acordada. Provavelmente fosse melhor assim. Subiu o lance de escada  e no caminho para seu quarto parou no quarto da filha primeiro. Abriu a porta e viu o cômodo banhado da luz fraca do abajur, revelando mãe e filha dormindo no sofá-cama, uma de frente para a outra, suas testas quase se tocando.
Mesmo que uma ducha e um sono chamassem por ele, Sam parecia não poder afastar-se da visão. Encostou um ombro contra a porta, percebendo que momentos como aquele poderiam ser muito raros. Ou talvez nunca voltassem a acontecer se Cait saísse de sua vida, levando Lizzie com ela. Mas enquanto continuava observando suas duas garotas jurou fazer tudo que estivesse a seu alcance para evitar que aquilo acontecesse, a menos que o destino fosse outro.

***

Cait tinha gostado muito da comida, da companhia e do simples comprometimento de não fazer nada, exceto tomar banho de sol.
E observar Sam e o bebê deles brincando na piscina tinha iluminado o seu dia. Lizzie usava um chapéu cor-de-rosa que combinava com seu biquíni de babados novinho em folha, expondo uma barriguinha e as pernas e braços gordinhos. Sam usava sunga azul-marinho que lhe dava uma fabulosa visão de sua bunda, sem contar o peito  largo proporcionavam prazer suficiente para durar quase uma vida toda. Quase.
Ela estava supresa como ele tinha sido paciente com Lizzie hoje, não que ele não fosse mas, havia chegado tarde de viagem. Tão tarde, dissera-lhe ele, que não quisera incomodar, acordando-a. Ela sinceramente desejou que ele a tivesse acordado.
Enquanto ela continuava observando, Sam conseguiu ensinar Lizzie como bater na água, para fazê-la espirrar, com seus frágeis punhos depois de algumas tentativas. E pelo sorriso orgulhoso no rosto bonito dele, parecia como se sua filha tivesse realizado algo monumental. Ela podia somente imaginar como ele reagiria quando a filha deles desse seus primeiros passos, quando falasse suas primeiras palavras, quando dirigisse uma bicicleta sem a ajuda das rodinhas. Pensar que ele poderia não estar por perto para testemunhar aqueles momentos memoráveis lhe causava uma melancolia tão grande que ela não podia ignorar. Num mundo perfeito, eles seriam a família perfeita. Experiência de vida a ensinara que perfeição não era algo alcançável, o que somente aumentava seu sentimento de tristeza.
— Ele parece tão natural com ela — Ela deu um leve sorriso para Cirdan, sentado numa espreguiçadeira ao seu lado. Lizzie está tornando-se definitivamente a filhinha querida do papai. Ele viajou por dois dias e ela praticamente gritou quando o viu esta manhã.
Cait quisera dar um pequeno grito também, mas contivera sua reação, a fim de não parecer muito excitada em vê-lo, mesmo que estivesse.
— Vai ser difícil para pai e filha quando você voltar para sua casa. disse Cirdan.
Aquela realidade começara a incomodar Cait também.
— Ele poderá vê-la sempre que estiver disponível.
— Mas não é a mesma coisa, é?
Não, não era. No entanto, ela não via qualquer outra possibilidade. Não, a menos que algo mudasse drasticamente o relacionamento deles nas próximas poucas semanas.
Num esforço para não estragar a tarde completamente, ela inspecionou o quintal e viu os filhos de Cirdan brincando na grama sob os olhos de Vickki e logo atrás Chrissie ajeitava a mesa para o lanche.
—  Existe alguma chance de você e Sammy se tornarem mais do que apenas amigos novamente?. - Perguntou Cirdan a tirando de seus pensamentos.
Ela estava surpresa que não ouvira aquela pergunta antes.
— Estamos em caminhos diferentes agora, Cirdan. Ambos seguimos com nossas vidas.
— Não Sam. Pelo que me consta, ele nunca mais teve ninguém na sua vida desde que vocês romperam.
Cait suspeitou que Cirdan não sabia tudo sobre as atividades do irmão. Nem ela sabia, e, francamente, não queria saber.
— Acho difícil acreditar que Sam não voltou a namorar.
— Tenho quase certeza que é verdade. De modo geral, ele mudou muito, Cait.- disse Cirdan dando um gole em sua bebida._ Depois de você, Sam nunca mais foi o mesmo.- completou ele saindo, indo em direção da esposa e dos filhos.

_ Não vai se juntar a eles querida? - quis saber Chrissie se aproximando dela.
Ela lhe deu um sorriso, a mãe de Sam a havia acolhido uma vez e mesmo depois do rompimento deles e da notícia inesperada do nascimento da neta ela não havia lhe tratado com indiferença em nenhum momento, sempre muito doce e muito sabiá, ela sabia que Chrissie os queriam juntos novamente e isso não escondia nenhum pouco.

_ Não, acho que estão se divertindo melhor sem mim.- disse ajeitando o óculos.
_ É acho que você tem razão.- disse a senhora dando uma rápida olhada no filho e na neta que estavam brincando na piscina indiferentes a tudo é a todos a seu redor.

***

Algum tempo depois, quando Sam saiu da piscina carregando Lizzie, Cait não se sentiu tão sozinha. Naquele momento, ele servia como uma parte de sua família imediata, mesmo que temporariamente.
Depois de envolver o bebê numa toalha, Ele entregou-a a Cirdan.
— Ela vai ser uma nadadora olímpica se tenho algo a dizer sobre isso.
— Pensei que você quisesse uma jogadora ou Lutadora— disse Cait.
— Não há razão para que ela não possa ser as três coisas.
Cait se sentiu praticamente derretendo por dentro pelo sorriso que Sam lhe deu, e uma vez que não podia deixar de manter os olhos no tórax nu espetacular, achou que era melhor fazer uma fuga rápida, ou arriscaria entregar-se.             
Depois de beijar a face de Lizzie, ela se levantou da espreguiçadeira.
— Vou pegar algo para beber.
— Eu também estou com sede — disse ele— Entrarei logo.
Sem mesmo perguntar se alguém mais queria algo, ela apressou-se a entrar na casa, grata pelo ar frio refrescando seu corpo um tanto quente. Tentou convencer-se que sua temperatura elevada era devido ao sol, mesmo que aquele sol estivesse começando a se pôr.     
Gostasse ou não, Sam fora culpado pela maior parte de sua condição física, de algum modo, superaquecida, o que a incomodava há dias.
Não muito depois que ela enchera seu copo com gelo, notou pela sombra sobre o balcão que ele entrara na cozinha.
— Quando você vai tirar esse disfarce sobre seu corpo?
Ela olhou para a camiseta tamanho gigante que batia no meio de suas coxas.                                                            
— Quando eu estiver certa de que todos foram embora.
— Por quê? Posso dar um atestado de que seu corpo é magnífico.
— Você não me viu nua, Sam.
— Com que rapidez você esquece.                                      
— Recentemente.                                       
— Eu cheguei muito perto disso algumas vezes. — Ele parou atrás dela e beijou-lhe o pescoço. — Você está cheirando a torta de morango.
Ela riu e despejou chá no seu copo, felizmente sem derramar.
— E você cheira a cloro. Passou tanto tempo na água que estou surpresa que não tenha se transformado numa ameixa murcha.
Ele agarrou-lhe a cintura e a fez girar para encará-lo.

— Asseguro-lhe que nada no meu corpo está murcho.
Cait deu um passo para o lado, afastando-se dele, e moveu-se para o outro lado da cozinha.
— Precisamos ter cuidado. Sua mãe e seu irmão descobriram que estou morando aqui. Eu não ficaria surpresa se estiverem desenvolvendo algumas teorias a mais sobre nosso relacionamento. Mais precisamente, sobre nossos arranjos noturnos.
Ele deu de ombros.
_Deixe-os especular. O que fazemos na intimidade de nosso lar é problema nosso. Falando nisso... — Ele pegou uma Coca-Cola do refrigerador e abriu-a. — Mamãe quer levar Lizzie para passar a noite. Eu disse que perguntaria a você, mas acho que não seria um problema. Ela acha que deveríamos ir jantar ou ao cinema. Algo que nos faça sair de casa. Pessoalmente, posso pensar numa porção de coisas boas para fazer sem sair de casa.
Ela também. Mas.....
— Não sei, Sam. Uma noite inteira sem ela? Isso seria a primeira vez que aconteceria desde que eu a trouxe do hospital para casa.
Sam moveu-se tão rapidamente que Cait não sabia o que a tinha atingido até que sentiu um beijo suave nos lábios. Uma vez separados, ele disse:                                                  
— Ela sobreviverá a uma noite sem nós, e você também. Além do mais, eu a manterei ocupada.
O pensamento de ficar completamente sozinha com ele arrepiou-lhe os braços, camuflando o calor que começara a se alojar em outras partes não visíveis de seu corpo.
— Nós poderíamos ir pegá-la às 22h — disse ela.
— Meia-noite.
— Onze. Sam passou ambas as mãos pelos cabelos úmidos e olhou para o teto por um momento.
— Se isso é necessário para que você nos dê algum tempo sozinhos, então está combinado. Mas não vamos pegá-la nem um minuto mais cedo.
Cait pôs uma boa quantidade de açúcar no chá, e ao mexer derramou um pouco do líquido sobre o balcão. Então pegou um pano e limpou-o com movimentos nervosos.
— Quando todo mundo vai embora?
— Em breve, espero.
Por mais que Ela amasse seu bebê, queria isso e Quanto antes todos partissem, mais cedo ela poderia relaxar e quanto mais cedo ficasse sozinha com Sam, melhor seria.

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