Capítulo 27

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Quando Lizzie começou a chorar, Sam voltou ao quarto do bebê e tirou-a do berço.
— Ei, amor. Sei exatamente como você se sente.
Ele pegou uma mamadeira da cozinha e carregou sua filha para a sala de estar, onde se acomodou numa poltrona reclinável e tentou novamente alimentá-la. E mais uma vez ela recusou, seu choro aumentando de volume. Ele desistiu da batalha com a mamadeira e segurou-a contra o ombro, até que os soluços se transformaram em fungadas.
Pelo menos descobrira como calá-la por um momento. Depois de alguns minutos, sentiu que ela adormecera, e pensou em recoloca-la no berço de forma que pudesse ficar mais confortável.

Mas enquanto continuava a segurar a filha, Ele percebeu que não havia lugar algum que quisesse estar mais do que ali. Embora pretendesse continuar participando da vida da filha, como dissera a Cait mais cedo, não teria muitas oportunidades como a atual, depois de agosto. Talvez mesmo após um ou dois dias, se ela resolvesse voltar para a casa que dividia com Bárbara.
Sam fechou os olhos e decidiu que um pequeno cochilo compensaria sua falta de descanso das últimas noites. Não sabia quando pegara no sono, ou por quanto tempo tinha cochilado, mas reconheceu a angústia de sua filha quando Lizzie ficou tensa nos seus braços, levantou as pernas para cima e liberou um choro penetrante, como nada que ele ouvira antes.
Ele aninhou-a nos braços e notou a cor acinzentada de sua pele o modo como o pequeno peito subia e descia rapidamente, como se ela lutasse para respirar.                                                                                                  
Temendo por sua filha, as palavras de Cirdan soaram na sua mente: ... não deixe ninguém enganá-lo em pensar que homens não têm instintos no que diz respeito a seus filhos. Tudo que você tem afazer é seguir esses instintos...
Seus instintos gritavam que sua garotinha estava correndo sério perigo.

Cait estava no meio de um entrevista quando sua agente pediu que parasse e a levou para o canto dizendo que Sam havia telefonado e que havia levado Lizzie ao hospital, sem mais detalhes lhe deu o endereço do hospital infantil e no mesmo estante enquanto ela se dirigia pra lá, a sensação de quando a filha nascerá antes do tempo decaiu sobre ela, aquela sensação de impotência e medo.

💠💠💠

Cait correu  pelo corredor e virou, para encontrar a medica de Lizzie conversando com Sam, perto de uma porta branca. O medo diminuiu seus passos, fazendo seu coração disparar violentamente.
Quando Katherine a avistou.
— Caitriona.
— Onde está Lizzie? — disse ela quando alcançou os dois.
— A equipe médica está trabalhando nela agora, portanto você precisa permanecer Calma.
O gosto amargo subiu à garganta dela.
— Trabalhando nela? o que aconteceu com a minha filha?
—  Ao que tudo indica houve uma ruptura na parede do intestino dela, uma inflamação, não sabemos ainda o que causou, a levamos para exames— disse a Jovem Pediatria.
Cait sabia que a filha poderia chegar ter algum problema futuro, mas pedia todo dia para que não tivesse.
_ Porém, teremos que realizar uma pequena cirurgia.- Disse Katherine finalmente
Cait e Sam se entreolharam.
_ Caitriona, é um procedimento totalmente seguro, a Lizzie é saudável, eu estou a acompanho dês de quando ela nasceu e posso garantir que ficará tudo bem com ela.
Ela não respondeu nada e só percebeu que tremia quando Sam apertou-lhe a mão.

💠💠💠

Quando eles empurraram a maca através da porta aberta, Cait tomou seu lugar de um lado, enquanto Sam moveu-se para o lado oposto. Sentir-se dilacerada ao  ver o tubo de oxigênio e a medicação intravenosa invadindo o minúsculo corpo de sua filha. Nada doía mais do que saber que não podia fazer nada.
— Oi, meu amorzinho, mamãe está aqui — murmurou ela enquanto tocava a mãozinha da filha, lutando contra as lágrimas que se recusava a derramar até mais tarde. Uma guerra que quase perdeu quando Sam inclinou-se sobre a grade, beijou o rosto da filha e sussurrou:
_Papai também está aqui,  E estarei aqui quando você acordar.
Enquanto ela estava prestes a desmoronar, ele parecera confiante, forte. Mas, ao notar agora os olhos lacrimejantes dele, ela reconheceu que ele também estava arrasado pela doença repentina da filha.
Antes que eles levassem Lizzie embora, Cait beijou a pequena testa, e passou a mão sobre os cabelinhos macios. Quando ouviu seu bebê chorar, começou a perguntar se poderia subir no elevador com ela, mas não estava certa por quanto tempo mais poderia segurar-se. Em vez disso, observou Katherine que lhe afirmou que não sairia de perto do bebê.
— Quanto tempo levará a cirurgia? — Sam perguntou a Katherine antes das portas do elevador fecharam-se.                
— Pelo menos uma hora. Até então, tudo que vocês podem fazer é esperar aqui.- disse a médica.
  
Aquela hora de espera seria a mais longa da vida de Sam. E ainda assim,20 minutos depois do tempo esperado, nenhuma notícia que a cirurgia houvesse finalmente terminado. Pelo menos agora ele entendia plenamente o que sua mãe lhe dissera... ter um filho significa amar alguém mais do que a si próprio. Se pudesse tomar o lugar de filha, faria isso alegremente.
Qualquer coisa para parar o sofrimento de seu bebê e de Cait também, embora ela preferisse sofrer em silêncio, ele a olhou de relance, os olhos estavam vazios e ela ao menos havia o encarado.
Desde que eles haviam saído da sala de espera da ala cirúrgica para a sala de espera da enfermaria, eles quase não se falavam. Ele escolhera o sofá na esperança que ela se sentasse ao seu lado. Em vez disso, ela se sentara numa cadeira oposta ao sofá, apoiando o queixo na palma da mão. Podia vê seu rosto molhado das lágrimas queria abraça-la mas sabia que ela o rejeitaria na primeira tentativa.
— Você não está falando comigo porque pensa que é culpa minha, de alguma forma? — perguntou ele.
— Não é culpa de ninguém.
Pelo menos ela não o estava culpando, ou a si mesma.
— Então, por que não fala comigo?
— Porque não estou com vontade de conversar. — Ela deu-lhe um olhar superficial. — Você realmente não deveria estar aqui, Sam.
Ela não poderia estar falando sério.
— Se pensa que vou deixar Lizzie  nessa situação somente porque você não me quer aqui...
— Eu quis dizer que você não deveria estar no hospital. Submeter-se à quimioterapia compromete seu sistema imunológico.
— Meu sistema imunológico está ótimo. Fui liberado pelo meu médico e só tenho outra consulta agendada para daqui a seis meses.
— Isso é muito bom. — Ela falou de maneira educada e descomprometida, mas pelo menos parecia preocupada com seu bem-estar. Ele estava mais preocupado com a saúde da filha.
Ele checou o relógio da parede e notou que outros cinco minutos haviam se passado desde a última vez que olhara.

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