Capítulo 18

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Sam rolou na cama, olhou para o relógio e percebeu que tinha dormido a noite inteira... sem acordar nenhuma vez com Lizzie. Ele se sentou e focou no monitor, que indicava que estava funcionando. A menos que o receptor tivesse quebrado. Ou que alguém o tivesse desligado intencionalmente.
Ele suspeitava quem esse alguém podia ser. Cait, provavelmente, dormira no quarto do bebê, afim de assumir o turno noturno, ignorando suas tentativas de lhe dar um descanso. Pelo menos, o arranjo havia durado quase uma semana. E três dias atrás ela finalmente concordara em deixá-lo pegar a filha na creche ao meio-dia.
Desde então, ele tinha estabelecido uma boa rotina com a filha... ele trabalhava pelas manhãs e brincava de papai durante as tardes. A noite, na companhia de Cait, os dois fingiam que nada havia acontecido naquela noite no terraço. Contudo, por seis dias inteiros ele não pensava em outra coisa, enquanto ela se tornara distante, fazendo provocações sutis destinadas a levá-lo à loucura. Um roçar acidental na cozinha, entrando na sala com apenas uma toalha enrolada no corpo, então agindo como se estivesse surpresa ao encontrá-lo diante da televisão. Pura tortura.
Forçando-se a reprimir os pensamentos, Sam saiu da cama, vestiu um short de ginástica, e quando entrou no hall, ouviu um baralho vindo da cozinha. Encontrou Cait parada junto da pia, enchendo a cafeteira de água.., vestida com aquela blusa favorita dele que ela jurara ter jogado fora. Aquele era o pior tipo de punição... olhe, mas não toque.
Ele se sentou num banco de bar e uniu as mãos sobre o balcão num esforço para controlá-las.
— Onde está o bebê?
— Incrivelmente, ainda dormindo— respondeu ela, sem olhá-lo.  Chequei poucos minutos atrás.
— Quantas vezes você acordou com ela esta noite?
Cait o encarou, parecendo um pouco assustada, meio confusa.
— Não tenho idéia sobre o que você está falando. Eu não acordei uma única vez com ela.
Alarmes tocaram na cabeça de Ssm.
— Nem eu.

Ele saiu correndo da cozinha para o corredor, Cait o seguindo de perto. Enquanto girava a maçaneta do quarto do bebê, um pensamento horrível lhe ocorreu. Lizzie estava doente e ninguém estivera lá para ela. Quando abriu a porta ela estava no berço, chutando os pezinhos e produzindo sons incoerentes de bebê.
— Ela está bem? — Cait perguntou atrás dele.
Silenciosamente, ele fechou a porta e sorriu.
— Ela está bem. Não tenho certeza o que está dizendo para as próprias mãozinhas, mas parece bastante animada. E uma vez que você não acordou com o choro dela, e eu também não acordei, isso significa...
— Ela dormiu á noite inteira.
Sem aviso, Cait atirou-se nos braços dele e envolveu as pernas ao redor de sua cintura. Ele a girou algumas vezes antes de deslizá-la até o chão, colocando-os em contato íntimo com as roupas finas que os separavam. Pior, Cait não o soltou imediatamente. Grande erro.
100 flexões e um banho de 45 minutos toda noite vinham sendo a única maneira dele controlar sua libido. Considerando seu estado de excitação atual, teria de fazer 200 flexões e passar uma hora debaixo do chuveiro antes que pudesse começar o dia.
Com o que lhe restava de força de vontade, ele virou-se de costas para ela, cruzou as mãos atrás da nuca e começou a ir em direção ao seu quarto.
— Cuide dela, por favor. Eu preciso de alguns minutos. — Ele precisava de um balde de gelo dentro de seu short.
— Algum problema, Roland?
Ele parou e olhou por sobre o ombro para vê-la sorrindo debochada.
— Pode-se dizer que sim.
— Por acaso é aquela condição matinal exclusivamente masculina conhecida como ereção?
Ele virou-se de frente novamente, com o risco de confirmar o diagnostica dela.
— Sabe como eu adoro quando você fala coisas eróticas comigo, mas isso não tem nada a ver com a hora do dia. Você acabou de roçar seu corpo seminu no meu corpo seminu. Adicione isso à sua sedução progressiva e obtenha o que está causando meu problema.
Ela olhou para baixo, vendo o problema em questão, então ergueu os olhos novamente.
— Você teve sua chance na outra noite no terraço.
Ele estava bastante ciente daquilo.
— Nós já falamos sobre isso, Caitriona.
— Eu sei, e precisamos aprofundar a discussão quando eu chegar em casa esta noite.
Ele lembrou-se do e-mail que tinha recebido na noite anterior, depois que Cait fora para a cama, e o dilema se apresentou.
— Eu não estarei aqui quando você chegar em casa. Preciso ir pra Londres esta tarde.

Ela franziu o cenho.
— Porquê?
— Vai ter um Evento do MPC, mas volto na noite de sábado.
— Que conveniente. Agora você tem uma desculpa real para me evitar.
Sam coçou o maxilar.
— Isso não é  verdade, e eu não estou evitando você.
Cait cruzou os braços sob os seios.
— Sim, está. Quando eu chego em casa, você vai para a academia ou para o a Casa da Piscina a fim de se exercitar por horas. Depois do jantar, recolhe-se em seu quarto até que seja hora de Lizzie ir para a cama.
Certo, então ele a vinha evitando, por bons motivos.
— Eu somente estou fazendo o que você pediu, Cait. Deixando-a ter algum tempo de qualidade com Lizzie.
— Você mal me olha, Sam. Sinto que tenho algum tipo de vírus para o qual não existe cura.
Ela tinha... atrativos sexuais virais que o faziam suar frio.
— Estou olhando para você agora, e está me matando não levá-la para a cama e cuidar do meu problema. Mas imagino que isso é exatamente o que você pretende, usando essa bendita blusa.
Ela deu de ombros.
— Eu não tinha outro traje para dormir, pois não tive tempo de lavar roupa esta semana.
Desculpa esfarrapada, na opinião dele.
— Minha faxineira vem toda sexta-feira, que por acaso é amanhã. Se você deixá-la lavar suas roupas quando ela lava as minhas e as de Lizzie, isso não será mais um problema.
— Sou capaz de lavar minhas próprias roupas, obrigada.
— Vamos, Balfe, admita. Você está tentando me manter excitado e perturbado.
— Eu não estou tentando fazer nada, disso Além disso, você tem a tendência de se excitar com coisas insignificantes.
— Como o fato de que posso praticamente ver através da blusa que você está usando? — E o efeito que sua observação tinha nos seios dela.
Cait mudou o peso do corpo de um pé para o outro.
— Olha quem está falando. Você nem mesmo está usando uma camisa. Sam deslizou a mão do tórax até o cós de seu short, somente para ver como ela reagiria. E ela reagiu mordiscando o lábio inferior.
— Isso a excita? Porque agora você sabe exatamente como eu me sinto. Ou estamos engajados em algum tipo de competição para ver quem se rende primeiro?
— Acredito que eu fiz isso naquela noite no terraço.
— Não, você ameaçou fazer.
Eles continuaram parados ali, se olhando, enquanto Sam imaginava pressioná-la contra a parede e beijá-la até tirar aquele sorriso dissimulado do rosto dela. Remover aquela blusa  realmente devagar...
O som do choro de Lizzie suspendeu temporariamente a tensão entre os dois, e serviu como um lembrete do por que ele não poderia agir sobre seus desejos. Mas aquela tensão estaria presente durante todo o tempo que eles estivessem morando juntos? Assim que pudesse pensar com clareza novamente, ele teria de decidir o que fazer sobre aquilo.
— A que horas você vai sair? — perguntou Cait quando começou a ir em direção ao quarto do bebê.
— Meu vôo é às 14h.
Quando ela se virou em direção ao quarto e lhe permitiu uma vista do traseiro firme e arredondado, um dos aspectos favoritos dele, Sam não pôde evitar.
— Belo traseiro, Balfe.
Ela deu língua pra ele e abriu a porta parecendo precisar de uma fuga rápida.
— Vou ligar para a creche e avisar que Lizzie ficará lá o dia inteiro.
— E eu ligo para você esta noite.

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