Capítulo 23

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Quando o celular tocou, não muito depois do raiar da aurora, Sam praguejou baixinho, enquanto Cait moveu-se para o lado oposto da cama a fim de atender. Mesmo que suas forças estivessem drenadas depois da noite anterior, ele não se importaria de fazer amor mais uma vez antes que ambos tivessem de enfrentar o dia. Aqueles planos podiam ir por água abaixo se ela estivesse algum compromisso, o que Ele desconfiava que fosse o caso.
- Oi, mãe.
Nada de trabalho. Sam olhou para ela, que puxou o lençol até o pescoço e deu-lhe um olhar desconsolado.
Depois de uma longa pausa, ela disse:
- É verdade, está tudo bem. Lizzie está ótima. Eu estou ótima.
Ele cobriu os olhos com o braço direito e tentou não ouvir a conversa. Mas não pôde evitar se perguntar exatamente o que a mãe dela dissera quando Cait respondeu com:
- Não, eu não fiz nenhuma bobagem.
Sam calculou que aquilo provavelmente dizia respeito a ele, e esperou que Cait acreditasse nas suas próprias palavras. Depois que tivesse o dia todo para refletir sobre o que eles tinham feito na noite anterior..... talvez ela questionasse a própria inteligência.

Poucos minutos depois Cait desligou o telefone e caiu de costas sobre o travesseiro.
- Era minha mãe.
- Pois é. - Sam virou-se de lado para encará-la. _ Um tanto cedo para ela estar ligando para você.
- Sim, mas ela conhece minha agenda. Também queria me avisar que ela e meu pai estão partindo para a Europa esta noite.
Sam assentiu.
- Venha aqui. Você está muito longe.
Ela aproximou-se e se aninhou na nos braço dele.
- Precisamos ir.
- Ainda é muito cedo - disse Sam. - E pegarei Lizzie na casa da minha mãe e ficarei com ela o dia todo, se você concordar.
- Você já me provou que pode tomar conta dela, portanto não vejo motivo para que ela volte para a creche enquanto eu e ela estivermos aqui.
Ele gostou de ter obtido a confiança de Cait no que dizia respeito a Lizzie, mas não gostou da parte do "enquanto eu e ela estivermos aqui".
- A que horas você tem de estar nos estúdios para a entrevista?
- Não antes das 9h30.
Sam olhou para o relógio.
-Passa um pouco das 7h,
Ela bateu a ponta do dedo no queixo.
-Agora, pergunto-me como podemos passar a próxima hora. Espere, tive uma idéia.
Cait passou a mão pela barriga dele, mas antes que ela alcançasse seu alvo intencional Sam agarrou-lhe o pulso e deteve-lhe o progresso.
- Por mais que aprecie sua idéia, precisamos ter uma conversa antes.
Ela levantou o lençol e sorriu.
- Parece que o seu " amigo" gosta mais da minha idéia. Sim, aquele "amigo", definitivamente, tinha vontade própria.
- Eu quero conversar sobre a noite passada. Ela afastou-se e fixou ò olhar no teto.
- Você não precisa dizer nada, Sam. Sei o que a noite passada significou. Ambos precisávamos de diversão.
- Diversão? - Aquilo fez com que ele saísse da cama e pegasse uma calça de pijama. Uma vez vestido, sentou-se na beira da cama, ao lado dela.
- Foi muitíssimo mais do que isso para mim, Cait.
Ela fechou os olhos e disse:

- Não complique as coisas, Sam, dizendo o que você acredita que eu quero ouvir.
- Não lhe dizer que eu não quero que você vá embora? Ele não tinha o menor direito de pedir aquilo para ela, mas não foi capaz de impedir que as palavras saíssem de sua boca.
- Você não fala sério.
- Sim, eu falo. - E ele falava, mesmo que o pedido fosse feito no momento errado.
- Você só está dizendo isso por causa de Lizzie.
Ele entendeu por que ela pensava assim.
- Admito que não posso suportar o pensamento de você levando-a para longe de mim, mas não quero perdê-la novamente, Cait
Ela sentou-se e abraçou os joelhos contra o peito.
- Digamos que eu fosse louca o suficiente para considerar levar nosso relacionamento para o próximo nível. Como faríamos isso? Se eu estou voltando para Irlanda. E mesmo se nós resolvêssemos isso, viveríamos juntos?
Ele queria mais do que aquilo, contudo, não podia oferecer mais naquele momento. Não até que soubesse com certeza o que o futuro lhe reservava.
- Eu não tenho todas as respostas ainda, mas viver juntos é um começo. Não quero desistir de nós.
- E o que acontece se você se cansar de mim, de novo?
- Não vou me cansar de você, Cait. Eu... - Droga, ele não era bom em revelar suas emoções. Nunca fora. - Eu amo você.
- Você me disse isso uma vez, Sam. E se me recordo corretamente, no último verão em Cabo você disse que me amava também, e depois rompeu nosso relacionamento, na semana seguinte.
- É diferente desta vez.
- O que é diferente, Sam, a não ser que temos uma filha juntos agora.
Ele tinha de lhe contar a verdade, só não sabia como começar.
- Como já declarei, tive minhas razões para fazer o que fiz no ano passado.
- Você está certo. Já disse isso, Mas em algum momento terá de compartilhar essas razões comigo.
- Eu sei, mas vai levar mais tempo do que temos essa manhã. Quando você chegar em casa esta noite, prometo que lhe contarei.
Ele rolou para seu lado, puxou-a de costas para seus braços e beijou-a. Mas antes que pudesse utilizar seus poderes de persuasão o telefone tocou novamente. Desta vez, o telefone dele.

No momento que chegou em casa, Cait sentiu como se os eventos daquela manhã nunca tivessem acontecido. Depois de toda a conversa dele sobre um futuro juntos, Sam não tinha parecido nem um pouco satisfeito devê-la.
Na verdade, quase não falara com ela.
Tinha estado totalmente calado durante o jantar, respondendo as perguntas sobre seu dia com o bebê através de palavras rápidas.
Então murmurara algo sobre seu um novo trabalho.
Ela não o vira desde então.
Talvez Sam tivesse tido muito tempo para pensar sobre a proposta que fizera, lembrando-se subitamente que não queria compromisso fixo. Independentemente das razões dele, ela pretendia quebrar o silêncio e descobrir o que estava acontecendo.
Tão logo colocou a filha na cama, Cait foi direto ao espaço particular dele, disposta a um confronto. Esperava encontrá-lo sentado atrás da mesa, digitando, não estendido no pequeno sofá de couro preto, olhando para o espaço.
Ela atravessou a sala e aproximou-se.
- Pensando?
Quando Sam virou a cabeça na sua direção, Cait ficou surpresa pela tristeza profunda nos olhos azuis dele.
- É, estou pensando.
- Sobre o quê?
- Nós. - Ele sentou-se e se recostou nas almofadas. - Precisamos conversar.
- Isso foi o que você disse esta manhã.
- Depois desta conversa, você provavelmente vai querer desconsiderar tudo mais que eu falei esta manhã.
- Eu não entendo. - Oh, mas ela temia que entendesse. Bem demais. Ele moveu-se para a beira do sofá, passou os braços sobre os joelhos e baixou a cabeça.

- Você deve manter seus planos de voltar para Irlanda no próximo mês.
Ela liberou uma risada melancólica, embora quisesse chorar.
- Uau, Heughan. E dizem que as mulheres são volúveis. Esta manhã você queria que nós morássemos juntos por tempo indefinido e agora quer que eu vá embora. Mas não estou surpreendida, razão pela qual eu não tinha muitas esperanças. - Não era verdade. Ela começara a ter esperança. A imaginar uma vida que o incluía.
Ele ainda se recusava a olhá-la.
- Eu mudei de idéia porque não posso lhe dar o que você precisa.
A história estava se repetindo.
- Eu sei, Sam. Você não pode se comprometer com uma pessoa. Não pode amar somente uma mulher, se é que até mesmo tem capacidade de amar alguém.
Finalmente, ele levantou os olhos para ela.
_Você está errada, Caitriona. Eu a amo. Me apaixonei por você 7 anos atrás e nunca me senti dessa maneira em relação a alguém antes de você, ou desde você.
Quando o choque diminuiu, Cait lutou para encontrar sua voz.
- Se isso for verdade, então o que acha que preciso que você não pode me dar?
- Isso não importa.
A raiva, tristeza e frustração dela fundiram-se, criando uma perfeita tempestade emocional.
- Importa para mim, droga! Você me deve uma explicação, e não vou embora até que me dê uma.
Ele esfregou ambas as mãos sobre o rosto antes de voltar a encará-la.
- Você está certa. Mas vai precisar se sentar.
Ela deixou-se cair numa cadeira de frente para ele.
- Tudo bem. Estou pronta. - Mas estaria de verdade?
Aquilo podia ser pior do que Cait tinha imaginado.
- Oh, meu Deus, Sam, você está doente?
Ele não respondeu de imediato.
_ Estive.- disse sem olha-la, Sam uniu as mãos e as apertou com força e continuou.- Antes de irmos à viagem para Cabo, eu fui a um médico. Talvez você se recorde que eu estava com muito menos energia do que o habitual.
- Você achava que era por causa das muitas viagens que, vinha fazendo na ocasião.
- Não era. Era a Leucemia. Passei seis meses fazendo transfusões de sangue, e quando isso não funcionou, Cirdan concordou em me doar sua medula óssea. Ele salvou minha vida.- E ele era o par genético perfeito, era meu irmão.
Ele passou a mão pelos cabelos.
- Sorte minha.
- Então a cicatriz debaixo de seu braço. - isso explicava.
- Sim.
Milhares de perguntas passaram pela mente de Cait, mas a mais importante teve precedência:
- Por que você não me contou quando foi diagnosticado?
Ele baixou os olhos novamente.
- Porque você tinha preocupações suficientes com seu trabalho.
- Não é uma razão boa o bastante.
- Eu pensei que poderia morrer e não quis envolvê-la nisso.
Agora eles estavam indo a algum lugar.
- Eu estava com você, Poderia ter estado ao seu lado.
O olhar que ele lhe deu era tão cheio de tristeza e remorso que bloqueou a respiração dela.
- Eu não queria que você me visse daquele jeito.
Ela quis chorar por ele e por tudo que Ele sofrerá. Queria agredi-lo verbalmente por ter deixado o orgulho interferir entre os dois, mesmo que entendesse aquilo em algum nível. Queria voltar no tempo e começar de novo. Mas isso era impossível.
Ele descansou seu braço nas costas do sofá e voltou seu rosto para ela.
- Você tem todo o direito de ficar furiosa comigo.
- Quando penso em todas as oportunidades que você teve para me contar, sim, isso me deixa extremamente zangada - disse ela. - Mas quando penso sobre como poderíamos ter estado juntos, nos apoiando durante sua doença e minha gravidez, isso me deixa triste por termos perdido tanto tempo.
O silêncio se estendeu antes que Cait fizesse outra pergunta importante, que poderia determinar se ele tinha... ou não tinha... mudado, dependendo da resposta.
- Se você pudesse fazer tudo de novo, teria me contado?
- Honestamente, não sei. Talvez, se eu soubesse sobre o bebê, mas, então, talvez não. O fardo era meu para suportar, não seu.

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