#13 - Incêndio Da Tristeza

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Senti meu rosto molhar com as lágrimas que começaram a escorrer sem que eu conseguisse controlá-las, não devia deixá-las cair, não podia estar demonstrando fraqueza diante do que havia visto

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Senti meu rosto molhar com as lágrimas que começaram a escorrer sem que eu conseguisse controlá-las, não devia deixá-las cair, não podia estar demonstrando fraqueza diante do que havia visto. 

Fechei minhas mãos e finquei as unhas na palma, talvez a dor me trouxesse de volta à realidade, e o que se desenrolava na minha frente fosse só um pesadelo. Meu corpo todo tremia, uma ânsia de vômito tomou conta de mim e apenas o sentimento de raiva aquecia meu coração e me mantinha com sanidade.

— Mia - Senti Mille tocar levemente meu braço, me afastei do seu toque, ela tentou se aproximar, levantei os braços para que ela parasse e entendesse que era para manter distância, olhei para Mille, as lágrimas embaçavam minha visão, mas consegui ver estampado em seu rosto a preocupação e a tristeza

Olhei novamente a cena que se desenrolava na minha frente, eles estavam rindo, a ruiva falava coisas no ouvido dele enquanto olhava para mim. As mãos dele estavam na cintura dela e seus lábios desceram para o pescoço da mulher, ela olhava para mim enquanto recebia as carícias do meu pai. Ele estava de costas, por isso não havia me visto. 

O ódio cresceu dentro de mim, a raiva que eu sentia por essa mulher, desde os meus quatorze anos, resolveu aparecer com toda a força, tomando conta de todos os poros do meu corpo. 

Charlie Stark havia feito uma promessa, e havia acabado de quebrá-la.

Meus pés finalmente resolveram se desgrudar do chão, me virei e corri. 

Meu corpo se desligou do mundo, as palavras da promessa do meu pai eram as únicas coisas que estavam presentes na minha cabeça, ao fundo escutava uma voz feminina me chamando, talvez fosse Mille, mas eu não queria falar com ninguém, não queria ajuda, apenas precisava me afastar e sair daquele lugar que estava me sufocando.

Desci as escadas e no final esbarrei em uma montanha de músculos, apenas senti o líquido que estava na mão do homem molhar todo o meu vestido branco, empurrei-o com força sem olhar para ele ou pedir desculpas.

Saí empurrando todos que estavam em meu caminho até chegar do lado de fora da boate, peguei com o manobrista a chave do carro e fui buscá-lo. 

Sentia o ar faltar em meus pulmões, respirava com dificuldade em meio aos soluços do choro. 

Encontrei meu carro, desliguei o alarme e entrei. Segurei com força no volante, sentindo minha mão doer e liguei o carro, saí do estacionamento patinando o carro, cortei à frente de alguns, mas ignorei as buzinas, acelerei pelas ruas de Manhattan o máximo que consegui, e segui sem rumo.

As lembranças que estavam trancadas em minha cabeça voltaram com toda força, trazendo com elas cada vez mais lágrimas.

 A dor do que havia acontecido nunca ia embora, ela sempre me acompanhava, eu apenas a mantinha distante em meu coração, me preocupando com outras coisas do dia-a-dia, mas eu sempre a sentia.

Prazer Em Chamas - Livro I Duologia Em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora