Capítulo 3.

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A sensação de estar sozinha dentro de casa é gratificante, sem ninguém para te aborrecer, apenas a liberdade para se fazer o que quiser, já que minha mãe está trabalhando no hospital e só irá chegar a noite, meu pai viajando junto com os pais do Dylan, e esse sarnento provavelmente deve estar no treino de quarta, e só o que eu desejo é que ele volte tarde.

Depois que cheguei do colégio fui direto para o quarto tomar um longo banho para almoçar, a minha sorte é que minha mãe sempre deixa comida para mim esquentar no micro-ondas e não tenho que fazer, já que sou péssima na cozinha.

Uma lembrança de quando tinha onze anos invade a minha mente, o dia que a tia Nanda tentou ensinar a mim e ao Dylan a conseguir cozinhar um bolo, o que claramente não funcionou, no final os dois saíram melados de farinha e ovos por conta da briga que tivemos para dividir a farinha no saco, nem lembro mais quem que começou a guerra de comida primeiro, mas esse dia foi engraçado que até a tia Nanda saiu melada.

Não sei como tia Nanda nos aguenta até hoje na cozinha dela!

Saio dos meus pensamentos ao perceber que a melhor parte da série Lúcifer, que estou assistindo, está para acontecer, mas como a vida sempre arruma um jeito de tirar a minha paz e o meu momento de felicidade, escuto a porta da sala sendo aberta. Dou pausa na série e viro o meu olhar pra porta, para poder ver quem chegou.

O motivo dos meus estresses acaba de passar pela porta de entrada todo suado e nojento do treino, o que com certeza não tomou banho no vestiário e veio para casa assim que o treino acabou.

Que nojo!

—Você está fedendo!– digo ao observar o seu estado.

—Não pedi a sua opinião!– ele joga a mochila no sofá.

—Como se a sua palavra fosse importante para me fazer ficar calada!

—Mesmo que só falte alguns dias para que eu seja o seu alfa?– ele levanta uma de suas sobrancelhas em questionamento, me fazendo revirar os olhos com o seu sorriso.

—Mesmo você sendo o alfa da alcatéia que eu moro, não vai fazer a mínima de diferença!– digo sorrindo ao avistar o sorriso do seu rosto desaparecendo, deixando apenas uma expressão emburrada.

—É sério que você está assistindo Lúcifer?– ele pergunta com a feição ainda fechada, me fazendo revirar os olhos.

—Estou e pode ir levantando desse sofá.– falo ao perceber que ele se sentou no sofá todo suado.

—E por que eu faria isso mesmo?– ele se joga mais ainda no sofá e isso já está começando a me estressar.

—Você está parecendo um cachorro de rua... Não, coitado dos cachorros, não é fácil ser comparado com um lobo sarnento e imundo como você!

—Nossa quanto amor pela minha pessoa.– ele revira os olhos.

—Claro, agora vai tomar um banho!

—Já te disseram que você é muito mandona?– reviro os olhos mais uma vez.—E eu não estou sujo.

—Claro que não! Só está todo suado e fedendo.

—Que mentira, talvez eu esteja suado, mais não estou fedendo!

Me concerto novamente no sofá, pronta para dar o play na série e continuar assistindo, mas Dylan se aproxima de mim e sem me dar tempo de perguntar o motivo disso, ele retira rapidamente o controle da minha mão.

—Devolve agora, não queira me ver com raiva, já foi o suficiente aquele corante no secador!– tento pegar o controle mais ele sai do sofá e tira da minha série.

—Não sou obrigado a assistir as suas séries!

—Mas eu liguei a TV primeiro, me devolve!– tento ir em sua direção, mas o idiota só se afasta ainda mais.

Apresso os meus passos, correndo em volta do sofá, tentando alcançar esse lobo sarnento fedido, mas ele tem uma agilidade melhor que a minha e se esquiva sempre que estou chegando perto.

—Não!– ele rosna para mim e consigo ver os seus olhos mudarem da cor verde esmeralda para o vermelho sangue, me fazendo parar de correr.

—Sério, não dá para dialogar com você!– sinto um rosnado saindo pela minha garganta ao proferir as palavras.

—Prefiro dialogar com uma pedra.

—Nem a pedra iria querer ouvir a sua voz!

—Eu não vou devolver, vamos ficar nisso o dia todo.

Pego um vaso qualquer que estava na estante e tento jogar na direção dele, mas infelizmente ele se agacha e o vaso se quebra em vários cacos de vidro ao se colidir com a parede, me deixando frustrada.

—Você é maluca, a tia Ana deveria te internar!– ele diz olhando para trás de si, onde tinha os cacos de vidros no chão.

—Cala boca, eu tenho pena da tia Alice por ter dado à luz a um ser tão insuportável como você, não sei como ela te aguenta!

—Diferente de você, ela não joga vasos de vidros em mim, tenho pena do seu futuro companheiro, vai ter que conviver a vida toda com você.– observo ele vindo na minha direção, mas não mexo um músculo para me afastar.

Não vou me deixar intimidar por ele!

—Na certa a sua companheira vai fugir pra bem longe para não olhar para o seu rosto todos os dias.

—Quem te garante que o seu também não fuja?

Ele se aproximou de mim até o seu corpo ficar tão próximo ao meu que poderíamos se fundir em um só caso eu ou ele resolvesse se aproximar, mas nem um dos dois fez isso, ou muito menos se afastou. Acabei virando o rosto para o lado, desviando o meu olhar do seu, com esse ato, sinto a sua respiração batendo na pele do meu pescoço e sem ter controle do meu corpo, sinto os meus pelos se arrepiarem.

Percebo que ele se afasta e viro o meu rosto para poder olhar para ele, ainda meio sem reação, consigo perceber a sua inquietação.

—Pode pegar o controle, não estou mais com vontade de assistir.– ele me entrega o controle e vai em direção ao andar de cima.

Isso foi bem infantil da nossa parte, já temos idade o suficiente pra parar com essas discussões sem sentido. Mas quando ele chega perto de mim ou faz algo, não consigo controlar, o estresse possui o meu corpo e minha mente, me fazendo agir como uma verdadeira criança.

Suspiro frustrada com a minha atitude e me sento no sofá, pretendendo voltar ao que estava fazendo antes dele chegar.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now