Capítulo 13.

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Como se eu pudesse sentir parte da sua dor correndo pelo meu corpo, o temor passando pelas suas veias, o desespero de ter os seus ossos se esticando e quebrando, cada sentimento me dá ânsia e agonia.

Por que tudo isso tem que ser tão doloroso?

Os gritos de dor do Dylan está me desesperando, me deixando preocupada, queria poder tentar evitar isso ou poder tirar parte da sua dor, mas infelizmente não posso interferir em nada, isso é parte da nossa natureza, só espero que esses minutos de dor acabe logo e ele nunca mais sinta tanta dor assim.

Fecho os meus olhos com força ao ouvir mais um grito de dor do Dylan, tento regular a minha respiração e me acalmar, minhas mãos estão geladas, mas não estou com frio, só estou angustiada presenciando essa transformação. Não sei o porquê de estar tão preocupada com o Dylan, ele é insuportável, já tentou quase me matar, ele sabotava os meus encontros com os garotos que eu gostava, sempre ria de mim, sempre me estressava.

Os gritos cessaram, o silêncio que durou minutos é quebrado por pessoas sussurrando, abro os meus olhos e no mesmo momento o meu olhar fixa no do Dylan, agora na sua forma de lobo negro, os seus pelos parecem ser tão macios que balançam com o vento, uma vontade enorme me consome de poder tocá-los, de poder acariciá-los. Tento me impedir de se aproximar dele, mas não tenho mais comando dos meus pés e eles dão passos para frente. Na mesma hora que tento me aproximar, o Dylan senta no chão e abaixa a cabeça na minha direção, os seus olhos vermelhos se fecham por alguns minutos quando toco nos seus pelos negros, eles são tão macios e longos, os meus dedos deslizam com tanta facilidade sobre eles.

A sua altura é maior que a minha, mas na sua forma lupina me supera de lavada, o seu lobo sentado já passa de mim, que estou em pé. Deveria sentir medo do seu tamanho e dos seus olhos avermelhados, mas só sinto simpatia e conforto quando estou perto dele, quando estou o tocando.

Os seus olhos são bastante chamativos e tenho certeza que até no escuro eles se destacam, mas agora eles estão fechados, apreciando o carinho que estou dando no seu pelo. Ao abrí-los mais uma vez, consigo ver o meu reflexo nas suas pupilas vermelha, fico tão hipnotizada pelo nossos olhares que esqueço as pessoas ao nosso redor.

Um movimento do lobo negro se levantando me tira do transe e dou passos para trás, encontro o seu olhar pela última vez naquela noite antes dele sair correndo pela floresta.

Ao levantar o olhar pelas pessoas percebo que elas estão me observando, até mesmo os meus pais que estão vindo na minha direção nesse exato momento.

Não estou entendendo nada, nem mesmo a mim mesma, essas pessoas me olhando está me deixando desconfortada!

—Emilly, estamos indo embora.– meu pai fala e olha ao redor.

—Mas já?– não quero ir embora tão cedo assim!

—Sim, precisamos trabalhar de manhã cedo.– dessa vez a minha mãe se pronúncia.—E você perdeu sua chave.

Esqueci dessa parte, se eu não fosse tão desastrada assim, talvez ficaria por mais tempo!

—Está bem, vou me despedir da Iza!

—Está bem, vamos estar no portão conversando com Carlos.

Tento encontrar a Iza para me despedir, mas só o que encontro é um Pietro correndo na minha direção, se esbarrando em uma pessoa no meio do caminho, mas logo ele grita um pedido de desculpa sem parar de correr.

—Onde você estava? Você está bem?– pergunto quando ele chega na minha frente e coloca a mão nos joelhos, tentando regular a respiração.

—O pneu do meu carro furou, tive que chegar até aqui correndo, acho que vou por algum órgão para fora nesse instante.– sem conseguir me conter, começo a rir da sua situação.—Ótima melhor amiga eu tenho!

—Eu sei disso!

—Convencida, cadê o Dylan?

—Digamos que está correndo por aí em sua forma de lobo.

—Que merda, perdir a transformação!

—O pior é que eu tenho que ir embora agora!– falo e junto os meus lábios quase como um bico.

—Poxa, acabei de chegar e você já está indo embora!

—Os meus pais estão indo embora e eu perdi a chave de casa.

—Mas e a chave reserva que vocês deixam em um arbusto?

—Perdi essa também!

—Santa Selene, você se superou na sua lerdeza agora!

—Foi sem querer!

—Cadê a Iza?

—Não sei, ela estava comigo assistindo a transformação e do nada desapareceu.

—Ah, vou ter que ficar sozinho nessa festa, sem conhecer ninguém, isolado.

—E os seus amigos do futebol?

—Devem estar pegando alguém nesse exato momento.

—Por que você não faz o mesmo?

—Talvez eu faça!– um sorriso de lado aparece no seu rosto e ele se aproxima de mim para me abraçar.

—Tchau, Pietro, aproveita a festa por mim!– falo apertando ele nos meus braços.

—Emilly!– ele se afasta um pouco de mim, fechando os olhos e tentando inalar algum cheiro.

—Oi?– falo confusa pelo seu ato.

—Tem um aroma bom vindo de você, ou é de alguém ao nosso redor.

—Que tipo de aroma?

—Deixa pra lá, tchau, Emy!– ele abre os olhos e sorrir na minha direção.

—Tchau, se você encontrar a Iza fala que já fui embora!

—Pode deixar!

Ele se afasta de mim e corre para dentro da mansão, onde está ocorrendo a pista de dança e onde o Dj está.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now