Capítulo 14.

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Minhas pernas não ficam paradas, elas ficam balançando em sintonia aos batuques dos meus dedos na mesa escolar, a professora está falando alguma coisa que eu não estou fazendo questão de prestar atenção, essa aula está tão chata e entediante, não vejo a hora do sinal tocar e ir embora para casa, não vejo a hora das férias chegarem logo, não aguento aquele grupinho que ficam me pirraçando, mas se as férias chegarem logo, vai ficar mais perto do sexto ano e a Iza falou que o sexto não é tão fácil quanto o quinto ano.

O Pietro não veio hoje, ele que me defende do John e a Camila, não saí da sala hoje para não encontrar com esses dois, eles já colocaram a minha cabeça no vaso sanitário da escola, mas em compensação o Pietro colocou a do John também e a Iza bateu na Camila, eu realmente tenho ótimos amigos.

Eles se aproveitam de mim só porque tenho 10 anos e sou baixinha!

O sinal toca e a maioria saíram correndo pela porta, levanto da minha cadeira e começo a arrumar a minha mochila para poder sair mais rápido.

Estava quase fechando a minha mochila, mas ela é tirada da minha mão e a zuada dos meus matérias caindo no chão é ouvida pelo eco da sala vazia, nem preciso olhar para saber quem fez isso.

—Ops, foi sem querer!– o John fala e eu me viro na sua direção com os meus olhos lacrimejando, mas não irei chorar.

—Mas isso não vai ser sem querer, vai ser de propósito mesmo!– a voz do Dylan me deixa um pouco aliviada, mas em seguida ele dá um soco no Jonh que dá alguns passos para trás.

—Como você ousa me bater?– o John altera a sua voz e vai para cima do Dylan que desvia dele com facilidade.

—Parem você dois, vão agora para a diretoria!– a voz da professora é ouvida atrás de mim e só uma palavra define para esse momento, se ferraram.

Mas professora...– nem consigo terminar a minha fala, pois a professora me corta.

A mãe dela não ensinou que é falta de educação corta as falas das pessoas?

—Sem mas Emilly, você também vai para a diretoria, John, melhor você ir para a enfermaria primeiro!– olho pro John e está saindo sangue pelo nariz dele.

Cruzo os meus braços e começo a caminhar para fora da sala, mas consegui ouvir rosnados atrás de mim.

—Parem agora de rosnar um para o outro, vão querer mais advertências?

Professora chata!

Sento em umas das cadeiras perto da porta da diretoria, o Dylan senta no meu lado, mas não olha para mim, parece que tem algo no chão mais importante. Só queria agradecer por ele ter me defendido, já que isso é raro de se acontecer, ele nunca me defendeu de ninguém, ele que me provocava e me dava patada, apesar que eu não sou nenhuma santinha, já bati nele muitas vezes, queria ter essa coragem com o John e a Camila, mas com esses dois eu tenho medo de me baterem de volta, com o Dylan é diferente, ele nunca me bateu.

—Obrigada por ter me defendido.– sussurro as palavras, mas tenho certeza que ele ouviu porque as suas pernas param de se mexer.

—Faria isso com qualquer uma, não vou com a cara do John, isso só foi um pretexto para bater nele.– ele fala ainda olhando para o chão.

—Mesmo assim, obrigada!

—Tanto faz!

—É tão difícil assim receber o meu agradecimento?– já estou começando a ficar irritada.

Ele não responde nada e vira o seu rosto para o lado, sigo o seu olhar e percebo o tio Carlos e a mãe do John chegando.

—Sr.Harris e Sra.Torres, entrem por favor e tragam o Dylan, o John vai vim depois.– o diretor diz e todos entram na sala, me deixando sozinha.

Uma espiadinha pode né?

Olho para os lados, só para ter certeza que ninguém está vindo, levanto da cadeira e me aproximo da porta. Encosto o meu ouvido perto da porta e já dá para ouvir eles conversando.

—Chamei vocês aqui para tentar resolver isso de uma forma civilizada.– o diretor começa a falar.

—Desculpe-me pelo meu filho e...

—Não pai, ele que começou.– consigo imaginar o rosto do Dylan vermelho, ele sempre fica vermelho quando se estressa.

—Dylan, por favor se controle mais, você quebrou o nariz do seu colega.– o tio Carlos eleva um pouco a voz.

—Ele estava derrubando os matérias da Emilly de propósito, não conseguir me conter e ele mereceu.– talvez um sorriso apareceu no meu rosto depois dessa confissão, só talvez.

—Isso não justifica o ato agressivo!– a voz do diretor saí um pouco baixa.

—O meu filho é um pouco nervoso demais as vezes, ainda mais quando se trata da Emilly!

—Sim, eu entendo Sr. Harris que ele...– Um toque no meu braço quase me faz ter um ataque cardíaco.

Me viro com tudo para a pessoa que me pegou no flagra e é a professora, agora que eu me ferrei...

Abro os meus olhos e tento focar a minha visão nessa escuridão do meu quarto, ainda é de madrugada, o meu corpo está suado, estou ofegante e o meu coração está batendo muito rápido no meu peito. Mais uma vez, uma lembrança da minha infância aparece nos meus sonhos, o que não consigo entender é o motivo do Dylan está em todas elas.

Me viro na cama, pronta para voltar a dormir, mas a janela aberta tira a minha atenção, o vento gélido está balançando a cortina e a luz da lua cheia ilumina uma parte do quarto, tinha certeza que fechei ela antes de ir para cama, algo estava passando despercebido por mim.

O meu olhar vai diretamente para um canto em especial no meu quarto que estava escuro, só que tinha alguém lá, uma sombra grande e olhos vermelhos ardentes estava me observando, um suspiro escapa pelos meus lábios, sem quebrar o contato visual volto a se deitar sobre a cama.

Me sinto tão sonolenta e tudo que está passando pela minha cabeça é voltar a dormir.

Por incrível que pareça, não estou sentindo medo, pelo contrário, estou me sentindo confiante de voltar a dormir, me sentindo protegida, o meu corpo só clama para voltar a descansar e é isso que eu faço, fecho os meus olhos esperando o sono vim.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now