Capítulo 38.

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Um suspiro saí entre os meus lábios e logo em seguida, tento secar as minhas mãos na jardineira que estou usando. Não sei o que está acontecendo no meu corpo, sei que sou acostumada com as minhas mãos suando, mas elas normalmente não ficam pingando suor, já lavei elas muitas vezes enquanto estava me arrumando para esse almoço.

Talvez essa sensação de inquietude que está ocorrendo no meu corpo só seja a consequência do romance que estou vivendo.

Dizem que quando se gosta de alguém, o seu corpo transparece os sentimentos, fazendo com que fique ansiosa para vê-lo, fazendo com que suas mãos fiquem geladas ou suadas, os seus batimentos cardíacos descompenssados, sua admiração por essa pessoa só cresce a cada dia, cada traços no corpo dele lhe torna mais interessante aos seus olhos, a sua mente fica cismando em ter o rosto dele nos seus pensamentos.

Nunca tinha sentido nada parecido com ninguém, até começar a ver o Dylan com outros olhos.

Já deveria ter descido para esperar os convidados para o jantar, mas os meus pensamentos não me deixam em paz. Antes disso tudo acontecer comigo e o Dylan, eu só queria encontrar o meu companheiro, mas agora eu só quero que ele nunca apareça, desejo no fundo do meu coração que Selene me castigue para nunca encontrar a pessoa que é destinada a mim.

Como irei olhar para minha alma gêmea sendo que os meus sentimentos tem dono?

Ainda não tem somente essa questão, não tem somente o meu futuro companheiro, mas sim a futura companheira do Dylan. E se ela aparecer? Como irei aguentar assistir a pessoa que eu gosto sendo feliz com outra?

Levanto da cama que estava sentada, respiro fundo e começo a dar passos na direção da minha porta do quarto. Irei aproveitar, aproveitar cada segundos que eu tenho ao lado do Dylan. Não irei chorar com esses pensamentos e deixar de estar perto dele, preciso parar de pensar nessas coisas e aproveitar o momento.

Conforme eu ia descendo os degraus, as vozes se tornavam mais auditivas. Ao chegar na sala de visita, avisto todos sentados no sofá conversando entre si, menos o Dylan que está distraído olhando para seus dedos.

—Feliz aniversário, Emi!– tia Alice levanta do sofá e me aperta em um abraço.

—Obrigada, Tia!

—A garotinha está crescendo!– logo em seguida que tia Alice me solta, o tio Carlos me esmaga em um abraço  seguido de mãos bagunçando os fios do meu cabelo.

Olho para o Dylan e percebo que a sua atenção está em mim, caminho até ele e sento no seu lado, em um ato costumeiro, seus dedos entrelaçam aos meus e sinto o meu rosto enrubercer ao sentir olhares em nós.

—Estávamos esperando você para podermos abrir os presentes.– olho interessada pela fala da minha mãe que caminha para mesa do centro que contém alguns presentes, que segundos atrás era inexistente para mim.

—Pode ir abrindo, Emi.– balanço a cabeça em sinal de confirmação para o meu pai e me aproximo da mesa.

Sento no tapete extremamente macio, lembro que quando era menor só vivia deitada nele, observo uma caixa média com embrulho da coloração azul nos meus dedos, e sem delicadeza, rasgo o embrulho. Um sorriso enorme aparece no meu rosto ao avistar álbuns dos meus cantores favoritos dentro da caixa.

—São os álbuns que eu comentei querer semana passada!

—Não sei escolher presentes e acabei comprando o que você queria.

—Obrigada, pai!

O segundo presente me parece ser um livro grosso, tiro o cordão ao redor do embrulho e rasgo o papel. Estava enganada, não é apenas um livro, são dois e de autoajuda.

—Mãe, eu só tenho dezesseis anos, não vou ser mãe nem tão cedo!– exclamo analizando os livros em minha mão.

—Como sabia que fui eu que comprei eles?

Balanço a minha cabeça em sinal de negação, mas rindo ao mesmo tempo. Os fundamentos da culinária e o outro Mãe fora da caixa.

—Te conheço dona Ana!

—Mas você pode ir lendo para quando ficar grávida, e o de culinária vai ser muito útil já que nem os cachorros comem sua comida.

—Tenho que concordar com a tia Ana, sua comida é horrível!– Dylan se pronuncia pela primeira vez.

—Falou o chefe de cozinha!– retruco.

—Obrigada, sei que sou melhor que você na cozinha.

—Iludido!

Os últimos presentes foram o da tia Alice e do tio Carlos, tia Alice me deu uma lingerie vermelha, que vale ressaltar que me deixou com muita vergonha. Já o presente do meu tio Carlos foi um par de brincos com cristais de uma coloração azul, que gostei muito.

—A comida já está pronta!– minha mãe  diz e logo em seguida eles vão na direção da sala de jantar.

Retiro alguns papéis de presentes do meu colo e levanto do tapete. Um sorriso enorme aparece no meu rosto ao sentir um selar sendo depositado nos meus lábios.

—Você está linda, Lobinha!

(...)

O aperto na minha mão direita me faz ganhar incentivo pra levantar do sofá com cuidado para não sermos vistos. Sem que eles percebam a nossa fulga para não assistir o filme extremamente ruim, chegamos na porta dos fundos, abrindo a mesma e passando por ela.

Com cuidado, o Dylan me dá um pequeno puxão para parar de andar, olho pro mesmo sem entender o seu sorriso de lado e sua mão soltando a minha. Lentamente, suas mãos começam a retirar a camisa, jogando‐a em qualquer canto perto das árvores, meu corpo fica sem reação nenhuma, apenas adimirando os seus músculos se contraindo ao tirar as peças de roupa.

Não consigo mover os meus pés, parecem que a terra está me absorvendo aos poucos. Mesmo ao observar o Dylan se transformar em um grande lobo negro na minha frente, não consigo me afastar.

Ele se aproximou de mim, com sua cabeça abaixada, já que o lobo dele é duas vezes maior que eu. Olhando nos meus olhos, Dylan deita no chão pondo suas patas uma em cima da outra, deitando a cabeça entre elas, e foi aí que eu entendi o seu desejo.

—Não sabia que você havia gostado de ser acariciado, seu sarnento.– dou uma breve risada ao o ouvir chiar com o apelido.

Meus dedos passam entre os seus pelos negros, deslizando sobre eles, a sensação de satisfação é a mesma da primeira vez, pois desde o início, o seu lobo me encantou.

Paro a carícia nos seus fios ao observar as suas patas se separarem uma da outra e sua cabeça se levantar, me olhando fixamente, sinto palavras sendo inseridas na minha mente.

"Sobe em mim, Lobinha."

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now