Capítulo 42.

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Fecho minhas mãos em um punho ao soltar mais um grito de dor, sentindo areias entre minhas garras que estão perfurando a pele das minhas mãos. Já estou completamente melada e uma boa parte do meu vestido está rasgado pelos ossos se modificando no meu corpo, as lágrimas não cessam e sei que estou em um estado deploravel no meio da floresta.

Rosnados saem dos meus lábios ao sentir uma necessidade agonizante de voltar por onde vim, de seguir esse aroma que mesmo distante está me enlouquecendo. Sei que a minha loba só quer estar perto do Dylan, e não é só ela, mas está tudo tão confuso dentro de mim, era para eu estar feliz, isso foi tudo que eu queria, o Dylan é tudo o que eu quero.

Por que ele tinha que me esconder algo tão importante?

Não consigo tirar isso da minha cabeça, ele sabia, sabia todo esse tempo e não me contou nada, ele teve chance de falar, mas não falou.

Talvez eu esteja dramatizando tudo isso, mas eu preciso de um tempo para poder me organizar!

Em um piscar de olhos, sinto o meu corpo ganhando tamanho e forma, a dor que estava sentindo simplesmente some, deixando apenas a sensação de ansiedade me dominar. Meus olhos percorrem por toda parte da floresta, sentindo minha visão ir além dos troncos de árvores, consigo captar uma formiga tentando subir na madeira cheio de pequenas curvas do tronco da árvore, o aroma do Dylan está entrando no meu fucinho e me alimentando de uma forma estranha, que mesmo não estando presente, está me tranquilizando de longe.

Ao olhar para baixo me deparo com patas enormes, não mais que a do Dylan, a minha pelagem é completamente branca e os pelos estão balançando quando o vento se choca a mim, as minhas patas formigam para poder correr pela floresta, e tento dar meu primeiro passo, mas acabo caindo com tudo no chão.

Sem desistir, tento mais uma vez me levantar dentre tantas quedas que estou tomando. Apoio o meu peso nas minhas patas e dou pequenos passos, que logo me fazem se acostumar com a minha nova forma.

Sem esperar mais nenhum segundos, começo a correr entre as árvores em minha volta, tentando o máximo não dar de cara com nenhuma delas. O modo como minhas patas estão pisando na grama ao meu redor me encanta, as rajadas de vento me atigem e me dão uma sensação de deleite.

Penso em voltar para minha festa e aproveitar mais a minha noite, mas logo em seguida penso nos meus obstáculos. Ou seja, a roupa que irei usar, sendo que o meu vestido só restou os pequenos pedaços de pano e ainda não estou pronta para encarar o Dylan se eu o ver, não saberei como agir.

O melhor é voltar para minha casa.

O problema é que não conheço nada dessa floresta, então me concentro no meu olfato, tento sentir o cheiro das minhas roupas ou dos meus pais. Ignoro o aroma do Dylan e tento captar somente o aroma dos meus pais. A festa não foi muito longe da minha casa e isso facilita bastante.

Começo a correr na direção do cheiros que estão misturados, meus e dos meus pais, que estão cada vez mais fortes. Não demora muito até estar na frente da minha casa, as luzes estão desligadas, nenhum sinal da presença deles.

Me aproximo da porta ainda na forma lupina, olho ao meu redor e percebo que não há ninguém por perto, nem as luzes da casa dos Harris estão ligadas, então me concentro bastante para me transformar na minha forma humana, e me surpreendo comigo mesma ao conseguir de primeira.

O frio me atinge em cheio ao me agachar perto dos arbustos e retirar uma chave reserva escondida no mesmo, ponho minha mão tampando o meu peito ao abrir a porta, logo entrando correndo para dentro de casa.

A minha sorte é que não tinha ninguém por perto!

Estranho ao ver um pedaço de papel em cima do sofá, retiro ele do sofá e percebo a caligrafia da minha mãe.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now