Capítulo 23 - Kiara Ward

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Já havia se passado alguns dias desde que descobri que minha família tem envolvimento com a máfia. Foi doloroso saber sobre esse lado oculto que meu avô e Aaron me esconderam por todos esses anos, mas pior foi descobrir que meu pai estava vivo durante esse tempo e não tive a chance de conhecê-lo, mas no fim compreendi a escolha deles por me deixar de fora desse mundo. Passei os dias me dedicando a treinar mais, fazia tempo que não me importava com isso, mas quando você descobre que seu pai era um grande líder da máfia e fez muitos inimigos, você se torna um alvo fácil, então todo cuidado é pouco. Apesar de estar morto, os negócios continuam vivos e essa responsabilidade passa a ser de Aaron agora, o que me deixa triste, pois nunca imaginei que meu irmão estaria envolvido com algo tão sujo e perigoso como a máfia, mas não há o que fazer, meu pai passou anos treinando-o para ser seu sucessor e agora é uma questão de honra para ele assumir seu lugar.

Depois do ataque que sofri, meu avô me deu uma arma de fogo. Ele nunca foi a favor que eu possuísse uma, apesar de ser uma ótima atiradora, possuo uma capacidade de mira incrível, resultado de muitos treinos desde a infância, fui ensinada com arco-flechas e facas, até atingir uma certa idade para ser treinada com armas, mas minha paixão sempre foi as facas. Lembro até hoje as duas coisas que meu avô me ensinou: primeiro, ficar sempre em alerta, atenta a tudo que acontece à minha volta. Segundo, ter sempre algum instrumento de defesa. Foi quando ganhei minha adaga de presente de aniversário, aos meus 18 anos e desde então não saio sem ela. Nunca entendi o motivo de ter que aprender todas essas coisas antes, mas agora sei que meu avô veio me preparando todo esse tempo, ele sabia que esse dia chegaria, que mais cedo ou mais tarde viriam atrás de mim.

[...]

Saio do meu quarto indo direto para a escada. Quando me aproximo do quarto de Aaron, escuto a voz dele, a porta está aberta, então posso ouvir com clareza a conversa. Paro no mesmo instante, quando ele fala algo sobre ir para Portugal e reunião. Encosto na porta do quarto e olho para ele com olhar curioso, ele trata logo de mudar de assunto e encerra a ligação quando nota minha presença.

─ Oi, Kira, o que faz aqui? ─ ele começa a mexer na sua gravata, ajeitando.

─ Desculpe, estava passando e ouvi você no telefone. Vai viajar? ─ não pude deixar de perguntar. Olho para ele, esperando sua resposta. Ele hesita por um instante.

─ Negócios ─ enfim, responde.

─ Negócios, você quer dizer a máfia, certo? É o único motivo para você ir para Portugal.

─ Digamos que sim. Haverá um evento para formalizar minha posse como chefe, você sabe. — ele fala com cautela, é notável como ainda se sente desconfortável em falar sobre isso comigo.

─ E depois, como vai ser? Você vai se mudar para lá? ─ sinto um aperto no coração só de pensar nessa possibilidade.

─ Eu não sei como vai ser, o ideal seria eu morar lá, mas também tenho minhas obrigações aqui.

─ As obrigações que você fala é a empresa ou existe algo relacionado a máfia aqui também? ─ ele me encara.

─ Não é apenas isso, tem você, nosso avô e a empresa, é claro.

─ Eu posso muito bem assumir a empresa enquanto você estiver fora, afinal ela também é minha.

─ Isso não é tão simples assim como você imagina, já conversamos sobre isso. Kiara, você não precisa se preocupar. ─ ele fala amargo. 

Não consigo entender sua relutância em concordar que eu faça parte da empresa, mas também não vou discutir sobre isso, não agora.

─ Tudo bem, mas saiba que eu não vou desistir. Por enquanto estou apenas sugerindo, oferecendo minha ajuda, mas se eu decidir assumir meu lugar na empresa, não será você quem vai me impedir.

A Máfia Entre NósWhere stories live. Discover now