Capítulo 65 - Katherine Cárter

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Damon me tirou do quarto de Liv feito um saco de batatas. Estávamos no corredor e eu ainda me debatendo querendo que ele me colocasse no chão. Não me estresso com facilidade, mas ele conseguiu fazer com que isso acontecesse.

— Não precisa me carregar dessa maneira, eu ainda consigo andar. — falo com raiva e logo dou um pulo, ainda em seu colo, percebendo que tinha levado um tapa na bunda.

— Eu sei que pode, mas estou começando a gostar de você aí em cima.

— Você me bateu... Não acredito.  Poderia esperar qualquer coisa de você, menos um tapa e ainda por cima na bunda. — digo incrédula.

— Se você não se mexesse tanto, talvez eu nem tivesse feito tal ato.

— Se você me colocasse no chão eu não estaria me mexendo aqui em cima. — rebato.

— Tudo bem, fique quieta. — paramos de frente com a porta do meu quarto quando sou colocada no chão.

— Finalmente, agora você já pode ir.

— Está chateada por conta de um tapa? Devolve então... — ele sorri.

— Não vou devolver nada e não estou chateada só por isso.

— Me diga o que mais a deixa chateada que tentarei resolver.

— Não tem como resolver, são coisas passadas. Você e o Brad brigando enquanto a Liv estava desmaiada, você ter me carregado nessa maneira e o tapa são razões o suficiente para ficar chateada.

— Você pode entrar, tomar um banho, se deitar e descansar, estará mais calma. — estende seu braço no batente da porta, ficando de frente para mim.

— Ótimo, mas pra isso você precisa sair, só assim ficarei mais calma.

— Eu te deixo nervosa? — pergunta com um sorriso sugestivo.

— Não, claro que não. — falo, mas já estava nervosa.

— Não mesmo? — pergunta chegando mais perto — Mentir é feio, sabia, Srt. Katherine?

— Não estou mentindo. — digo e praguejo em pensamento só por ter gaguejado.

— Sério? — Damon pega em meu rosto fazendo com que olhe em seus olhos — Diga olhando em meus olhos que não está mentindo.

— Eu não estou mentindo. — falo olhando em seus olhos, mas logo desvio porque mais uma vez minha voz falhou.

— Incrível. — diz chegando mais perto. Logo sinto sua respiração bater de encontro com meu rosto e tento me manter firme.

— O que? — pergunto em um fio de voz.

— Mesmo sabendo da sua mentira, continua a mentir. — sorri — Interessante. — se vira e sai.

Consegui juntar forças do além para abrir a porta do meu quarto, entrei e me encostei nela.

O que foi isso? O que está acontecendo comigo, eu não posso me apaixonar pelo Damon, digo pra mim mesma.

Saio dali e vou direto pro banheiro, preciso de um banho bem gelado.

[...]

O relógio ao lado da minha cama marca exatamente duas da manhã e eu não consigo dormir, isso é frustrante. Me mexi de um lado para o outro da cama, mas nada do sono vir. O fato de ter matado alguém ainda martelava minha cabeça e era óbvio que não esqueceria aquela cena. Conversar com Damon me ajudou muito — e a ironia de ser uma terapeuta precisando de terapia me faz sorrir um pouco — mas a conversa sobre paixões e amor realmente mexeu comigo de uma forma que não sei explicar e o episódio de mais cedo onde Damon sabia exatamente que eu estava mentindo sobre ele me deixar nervosa também martelava minha cabeça. De repente alguns sentimentos até então desconhecidos querem se fazer presente.

Frustrada por esses pensamentos não pararem em nenhum segundo, me levanto da cama rumo a porta e saio do quarto.
Desço as escadas de dois em dois degraus, fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar ninguém e vou em direção a cozinha. Tomo um copo de água e, sabendo que mesmo que voltasse pro quarto eu não conseguiria dormir, faço uma coisa um pouco inusitada. Resolvo cozinhar em plena madrugada, apenas algo para o café da manhã, já que todos acordariam com fome.

Abro os armários e vejo minhas opções. Decido fazer um bolo, aproveitando a massa de chocolate que se encontrava em uma parte do armário, sabendo que isso ajudaria a me distrair dos inúmeros pensamentos que rodavam minha cabeça. Preparei tudo usando a receita que estava no pacote e logo depois de pronta coloquei no forno e fui preparar a calda, também de chocolate, que não podia faltar em um bolo.

Alguns minutos mais tarde o bolo ficou pronto, então peguei a calda que tinha preparado e fui colocando nele. Estou tão distraída com meu pequeno trabalho de confeiteira que levo um susto quando uma voz que eu já conheço bem se pronuncia na cozinha. É Damon, mais uma vez me assustando.

— Não sabia que costuma cozinhar durante a madrugada, se soubesse viria aqui mais vezes nesse horário. — ele diz sorrindo.

Ok, não pira, Katherine. Só mantenha a calma e se controle. Você pode conversar com Damon normalmente, está mais calma agora, esse é o mantra que repito na minha mente desde o momento que ouvi sua voz.

— E não costumo, só estava sem sono e cozinhar é uma ótima distração. — falo e logo acrescento — Pensei que estivesse dormindo.

— Estava, mas pensei ter sentido o cheiro de algo queimando. — diz vindo em minha direção e olhando o que estava fazendo.

— Desculpa se te acordei. Provavelmente foi o bolo, mas ele não queimou.

— Estou brincando, estava acordado olhando alguns documentos e vim tomar uma água antes de sair.

— Vai sair agora? — perguntei.

— Daqui a pouco. Tenho que resolver uns assuntos, mas volto antes do amanhecer.

— Ah, claro. Entendo. — falo mesmo sem realmente entender. Ter que resolver algo na madrugada é estranho para mim, mas não preciso falar isso.

— Deveria ser menos transparente, Kathe.

— O que? Eu não disse nada!

— Nem precisa. Basta te olhar para saber que não entende, mas que prefere não se intrometer no assunto. Aprenda a camuflar seus sentimentos. Isso pode magoar você mesma, mas é muito melhor te magoar do que fazer os outros felizes com o que te causam. Se está triste, guarde para você. As pessoas nem sempre são verdadeiras, elas te mostram o que querem que veja, então uma mão amiga que te ajuda, pode ser a mesma mão que vai te apunhalar pelas costas quando você menos esperar. Trate de aprender a esconder essas rugas de dúvida. — diz tocando em minha testa como quem estivesse escondendo algo.

— E como se faz isso? — pergunto — Pra todos vocês parece ser fácil, mas pra mim não é.

— Precisa aprender sozinha, cada um tem seu modo.

— Vou me esforçar o bastante pra aprender, Sr. Damon Stuart. — digo em um tom brincalhão, mas falando sério também sobre aprender.

— Sr? — pergunta se aproximando. — Damon Stuart. Soa bem vindo dos seus lábios.

— Hm... é. — mordo o lábio inferior enquanto ele chega mais perto — Você não tinha que sair? Eu acho que preciso dormir. — falo em um sussurro pois ele está muito perto. E mais uma vez Damon está conseguindo me deixar nervosa.

— Tinha! — sinto sua mão ser posta em minha cintura. — Você acha que precisa ir dormir? Não tem certeza?

Damon me puxa com delicadeza para mais perto e me sinto ofegante. Uma de suas mãos vão pra minha nuca me fazendo arrepiar, enquanto a outra continua pousada na minha cintura por cima do pano, mas ainda sim sentia minha pele esquentar. Minhas pernas ficam bambas e sei que se ele não estivesse me segurando talvez eu já estaria no chão, mas suas mãos grandes me mantêm em pé. Sinto meu corpo todo arrepiar com tanta aproximação.

— Dam... — tento, mas ele não deixa eu terminar de falar, me calando com seus lábios nos meus.

Foi uma iniciativa que acho que nem ele esperava. Seus lábios macios e com um gosto mentolado — tenho certeza que isso irá ficar marcado em meus pensamentos — se movem e percebo, ainda de olhos abertos, como movimenta a cabeça para o lado tentando buscar mais de mim. Fecho os olhos e correspondo a ele, sentindo quando aperta de leve minha cintura.

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