Capítulo 46 - Fabíola Hadassa

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Tudo estava perfeito naquela noite, a comida, o ambiente e principalmente a companhia. Estar perto dele era tão bom, eu me sentia tão segura, mesmo sabendo que não estava correndo nenhum perigo. O trânsito estava calmo, então abaixei o vidro do carro e senti aquele vento, aquela calmaria da noite no meu rosto. Olho pelo retrovisor. Estranho, tenho uma leve sensação de estarmos sendo perseguidos por alguém. Desvio o meu olhar para o Thom e percebo que ele está com os pensamento longe, prefiro não incomodar com as minhas paranoias. Torno a olhar para o retrovisor e percebo que o carro continua atrás de nós, mas espero Thom curvar a outra esquina para ter certeza. É, eu estava certíssima: a aquele carro estava nos perseguindo. O medo e o desespero tomam conta de mim.

— Thom, Thom, Thom! — ele estava com o pensamento tão longe que só me escutou na terceira vez que eu chamei o seu nome.

— Oi, oi. O que houve? Por que esse desespero?

— Tem um carro nos perseguindo a alguns minutos.

— Não, não pode ser. Ele de novo.

— Ele quem Thom, de quem você esta fugindo?

— Por favor, não me faça nenhuma pergunta.

— Eu quero saber o que está acontecendo.

— Acredita em mim, você não precisa saber. A única coisa que você precisa fazer nesse momento é apertar o cinto pois temos que dar uma acelerada.

Começo a orar em pensamento.
"Senhor nos ajude, não deixe nada de mal acontecer nem comigo e nem com Thom, amém."

Nesse momento as lágrimas começam a cair e começo a chorar desesperadamente. Quando desvio o meu olhar para o retrovisor novamente, me deparo com uma arma apontada pra nossa direção.

— Thom, Thom... ele vai nos matar, está com uma arma apontada pra nossa direção.

— Não acredito que você ainda não subiu o vidro dessa janela! Deixa que eu mesmo subo. — ele estica os braços no banco do passageiro e fecha o vidro do carro — Pronto, você está segura aqui dentro. Não se preocupe, o carro é blindado, nem você e nem eu vamos morrer entendeu?

Alguns segundos depois começam a atirar no carro e eu comecei a gritar em desespero. Não estava entendendo porque tinha alguém nos perseguindo, queria saber com o que Thomas havia se envolvido e  porque tudo isso estava acontecendo, mas não era hora para perguntas.

Thom pisou fundo no acelerador enquanto eu ainda escutava os tiros sobre o carro. Gritos e mais gritos saiam de minha garganta e o pensamento de morrer me corroía. Senti um impacto e logo soube que eles estavam jogando o veículo em nossa direção. Eu pedia baixinho a Deus pra nos proteger, enquanto Thomas acelerava com força para desviar do outro carro. Viramos em uma esquina e em outra até que ele para de repente. Estávamos em um beco sem saída

Lascou-se! Onde que eu fui me enfiar.

Nesse momento a morte se passava pelos meus olhos. Só não entendo o motivo que eu estou quase morrendo de medo e ele totalmente calmo, como se já tivesse acostumado com essa perseguição. Quando um dos caras desce do carro com a arma apontada pra nós, Thom dá ré tão forte que tenho a leve impressão de termos atropelado alguém.

— O que você está fazendo? — pergunto assim que ele abre a porta do carro.

— Preciso saber se ele ainda está vivo — ele responde, como se não fosse nada demais ter atropelado alguém ou matado. Thom sai do carro, mas logo em seguida volta.

— Ele ainda está vivo, mas precisamos sair logo daqui, tenho certeza que ele tem um parceiro que virá atrás de nós a qualquer momento.

— Então me leva para o hotel onde estou hospedada, por favor.

— Me perdoe, Hadassa, mas hoje não vai ser possível você dormir lá.

— Como assim? E onde que eu irei dormir?

— No meu apartamento, para sua segurança. Pode ficar tranquila, lá tem quartos o suficiente. — ele diz, ligando o carro e desviando do cara no chão.

Eu não tenho sorte com caras e isso é nítido, só vou aceitar ficar no apartamento dele porque preciso fazer perguntas e dessa vez ele não me escapa. Um silêncio formou entre nós mais uma vez, talvez porque ele não saiba o que me dizer ou por onde começar ou talvez ele não queira realmente falar comigo a respeito disso. Não posso ficar no apartamento de um cara que possa colocar a minha vida em risco. Decido não perguntar nada ainda e nós seguimos em silêncio durante alguns minutos.

— Chegamos. — ele fala com voz triste. — Entra. Vou te mostrar o quarto que você vai ficar.

— Tudo bem, vamos.

Eu preciso fazer muitas perguntas a ele, mas acho que ainda não é o momento, vou deixá-lo se acalmar primeiro, já que parece nervoso. Subimos as escadas e ele me leva pra um quarto no final do corredor e abre a porta pra que eu entre.

— Nossa, que quarto lindo. — pensei alto.

— Você gostou?

— Sim, é muito lindo. Pra quê um apartamento tão grande, com tantos quartos, se você mora sozinho?

— Nunca sabemos quando iremos hospedar um amigo, então resolvi antecipar.— dá um sorrisinho meio sem jeito e vai saindo do quarto.

— Vou providenciar uma roupa pra você vestir, espere só um pouco que preciso resolver algo primeiro. — balanço a cabeça em gesto de confirmação e ele sai.

Dez minutos se passaram e ele não deu nem sinal, vou descer para tomar uma água e ver o que está acontecendo, talvez eu possa descobrir alguma coisa. Quando chego na sala, ouço uma voz meio alterada que parece vir da cozinha. Vou chegando perto pra ver se escuto algo e descubro que ele está falando pelo celular.

— Eu já disse pra você me deixar em paz! Não ouse tocar em um fio de cabelo dela, ela não tem nada a ver com isso, o seu negócio é comigo.

Como assim? Será que eles estão falando de mim? Continuo ali, tentando escutar mais alguma coisa, mas acabo escorregando em algo e caindo. Tentei levantar e correr dali, mas foi tarde demais. Ele apareceu um segundo depois, ignorando seja lá com quem estava falando pelo telefone. Pelo seu olhar eu percebi que estava ferrada.

[...]

Continuem conectados...

A Máfia Entre NósWhere stories live. Discover now