Capítulo 33 - Lane Claire

110 20 13
                                    

Aquele era o lugar mais fofo e simples que eu já havia estado. Quer dizer, não era apenas uma cabana velha no meio da mata: era uma cabana enfeitada com luzes e, uau, com uma ponte bem na frente! Além disso, lá dentro era tão aconchegante que eu senti que poderia morar ali para sempre.

— Esse é o lugar mais incrível que já fui! — digo, me sentando em um sofá-cama que havia no local. Percebi uma mesa em um canto e um armário suspenso acima dessa mesa. Também tinha uma TV na parede e alguns livros em uma pequena prateleira.

— Você foi em praticamente todos os pontos turísticos de Paris e esse é o lugar mais incrível que já foi? — Antoine ri. Ele trouxe nosso almoço em vasilhas e as colocou na mesa.

— Exatamente! Eu andei por vários pontos turísticos de Paris e tinha tantas pessoas lá que eu não poderia contar nem se quisesse! — ele riu, me contagiando — Eu gosto de lugares vazios. Apesar de que estar com um quase estranho, em uma cabana a quase dez quilômetros de qualquer civilização talvez não seja muito aconselhável.

— Nós estamos a seis quilômetros de qualquer civilização e eu não sou um estranho. Diga meu nome a qualquer um na sua academia de dança, vão me reconhecer. — ele faz uma pausa e observa meu rosto — Eu esperava que você fosse gostar do lugar, já que seu Instagram tem várias fotos em trilhas, lagos e florestas. Ops, acho que acabei de entregar que estava te stalkeando. — nós rimos.

— Isso é realmente perigoso. Você sabe tudo sobre minha vida, eu não sei nada sobre você e nós estamos em uma floresta a quilômetros de qualquer civilização... Qual a chance de sair viva daqui? — pensando daquela forma realmente parecia perigoso, mas eu sorri enquanto dizia aquilo porque não acreditava que ele fosse um assassino ou algo assim. Que tipo de assassino lhe dava uma carona e cumprimentava sua família um dia antes de te matar?

— Creio que as chances são bem altas, mas acredite no que quiser.

— Se você não quer me matar, então por que sou eu quem estou aqui e não um dos seus vários conhecidos da minha academia de dança?

— Porque você fala sozinha. — ele fala sério.

— O quê? — eu solto uma risada, tão alta que poderia ser ouvida até mesmo dos Estados Unidos. Antoine ri também.

— E por isso também. Digo, por você não ter medo de rir de si mesma. Foram essas coisas que chamaram a minha atenção. Eu quis conhecer melhor a garota que fala sozinha, ri de si mesma e dança de olhos fechados em uma sala vazia. Acho que podemos ser bons amigos. Desculpa se pareço exagerado demais, mas não encontro outro jeito de me expressar. 

— Meu Deus, eu sou tão indiscreta assim? — falo, rindo enquanto sinto minhas sardas queimarem. Meu rosto deve estar todo vermelho.

— Não é indiscreta. É seu jeito de ser. Todos esperam que uma bailarina seja perfeita o tempo todo, como um robô. Você consegue ser bailarina e ainda ser humana. Você não tem medo de mostrar para todos quem realmente é. Eu gosto de ver o lado bom nas pessoas e a maioria naquela academia não tem nenhum. Entende o que eu digo?

— Acho que entendo. Obrigada.

— Meu pai costuma dizer que é por isso que não tenho amigos, eu falo as coisas em momentos inoportunos. Acho que talvez ele esteja certo. Eu até tento não ser assim, mas é como se não controlasse o que eu digo, então às vezes acabo sendo indiscreto. Não quis te envergonhar, apesar de ter dito apenas a verdade. 

Abaixo a cabeça e meu rosto cora mais ainda, se é que isso é possível. Ficamos em silêncio por um tempo, sem nos olhar.

— Então... Você tem uma cabana no meio da floresta? Isso é permitido? — pergunto, quebrando o silêncio.

A Máfia Entre NósOnde as histórias ganham vida. Descobre agora