Capítulo 78 - Katherine Cárter

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Estou cansada. Cansada de estar o tempo todo dentro dessa casa, sem opções do que fazer durante o dia. Eu preciso só sair um pouco, ver como está lá fora, ver o dia, as pessoas andando na rua, qualquer coisa que não seja ficar presa aqui. Convicta de que preciso sair, penso em um jeito de escapar sem ser vista pelos seguranças. Ao longo do dia eu estudo toda a casa, olho cada detalhe lá fora onde os seguranças ficam. Notei que eles revezam a posição a cada uma hora.

Já quase no fim da tarde me preparo para sair. Eu nunca fugi de nenhum lugar antes, essa vai ser a primeira vez, mas vai ser algo rápido, certeza que não vão sentir minha falta. O lado bom de ser silenciosa é esse, posso conseguir sair fazendo eles pensarem que estou apenas no quarto. Sem ser ouvida ou vista, pelo menos é o que espero. Na entrada vejo quando o segurança sai no momento exato em que calculei mentalmente que ele sairia. Vejo quando ele está concentrado, conversando, e então abro a porta. Lentamente olho para eles, me concentrando apenas em sair. Se me descobrirem, eu vou estar encrencada, então estou torcendo muito para que ninguém descubra. Meu coração palpita rapidamente, minhas mãos soam, minha respiração está forte, meu corpo treme, mas preciso fazer isso. Passo pela porta com o resto de coragem que me sobra. Mas antes que eu conclua minha fuga, uma voz conhecida me tira a concentração. Meu corpo gela, minha garganta fecha.

— Katherine Cárter tentando fugir. Essa é nova.

Me viro para a direção em que a voz de Liv vem, parada no batente da porta com os braços cruzados e a postura relaxada, enquanto me encara.

— Eu? Fugir? Claro que não, só ia… hum… — mordo o lábio inferior tentando pensar em algo — Ia conversar com os seguranças, deve ser muito chato só ficar naquela posição, olhando tudo. — minto na cara dura.

— Hum... pensei que estava tentando fugir, pois sabia bem por onde sair e onde poderíamos ir. Mas já que imaginei errado vou deixar você conversando com eles. — ela se vira pra ir em direção a outro cômodo.

— Espera. — chamo antes que ela saia — Não vai me dedurar, né? Desculpa, tá? Eu só queria sair um pouco daqui. — falo, dessa vez a verdade.

Ela se vira olhando para mim atentamente e me chama com a mão.

— Vem. — vou calmamente até ela que pega em minha mão e me puxa pela casa. Parecemos ir para os fundos — Vamos dar uma volta, eu sei o quanto é ruim ficar trancada. Além disso, eu sei bem como fugir.

— Obrigada. Sabe, eu não sou de fugir, mas eu não suporto mais ficar dentro de casa. — digo para ela enquanto a acompanho. Pensei que já conhecia todos os cantos da casa, mas percebo que me enganei.

— É fácil. Só, por favor, não pratique todo tempo, sua segurança em primeiro lugar. Às cinco e meia da tarde, em ponto, Dantas e Ian passam pela saída dos fundos. Você vai ter que ser bem discreta, vamos passar por eles. Quando tiverem cruzando, cada um vai pra um lado, eles geralmente não olham para trás sem que tenham ouvido algo, então seja o mais silenciosa possível. Vai ser ótimo fazer isso de novo, faz tempo que não saio. E se prepare, vamos ter que pular o muro, sem barulho.

— Eu consigo ser discreta, mas eu nunca pulei um muro antes, não é muito alto, é? Porque se for muito alto tenho medo de não conseguir. — falo, já demostrando um pouco de nervosismo.

— Vai ter que forçar o pé na parede, ela é lisa. Se não conseguir, vai cair e fazer barulho. Tenho certeza que não vai querer chamar a atenção dos seguranças.

— Assustar os seguranças seria me entregar e eu não quero fazer isso, posso conseguir pular, não deve ser tão difícil.

Paramos em frente a uma porta. Enquanto Liv a abre e observa algo lá fora, eu fico olhando ao redor, mas não há nada, só estamos em um corredor escuro.

A Máfia Entre NósWhere stories live. Discover now