CAPÍTULO 31

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A noite parecia assustadora demais

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A noite parecia assustadora demais. Desde os primeiros sinais do breu até aquela hora, quase uma da manhã, eu não conseguia ficar calma, não conseguia fazer meu coração parar de bater de forma descontrolada.

Esforcei-me para demonstrar a Alexander que era corajosa, que ele não precisava se preocupar porque me manteria forte, mas estar naquela casa sem sua presença era apavorante. Odiava essa sensação de que queria ter um homem em quem confiava por perto para me proteger, mas levando em consideração o tipo de pessoa que me rondava, era difícil manter a calma.

Rolava na cama, de um lado para o outro, tentando pegar no sono, mas dúzias de imagens diferentes surgiam, tornando minha mente um verdadeiro caos. Imagens reais, boas e más, de mim com Alexander, da revelação sobre o casamento arranjado, da fazenda, de toda a paz que senti naquele lugar, misturadas a outras de Karenina machucada, de minha mãe sofrendo, do meu pai sendo levado algemado pela polícia, condenado a vários anos de prisão por todos os crimes que não cometeu, mas dos quais seria acusado.

Era como se meu inconsciente estivesse me mostrando o que aconteceria se eu escolhesse o que tanto desejava.

O sentimento de culpa era tão abrasador que eu me senti como se estivesse queimando em uma fogueira da inquisição. Eu era a vítima naquela situação, mas, como humanos, temos a tendência a tentar tomar a culpa para nós, para proteger a quem amamos.

O pior de tudo era a sensação de não saber de nada. Quando Cláudio me levou de volta para aquela casa, eu jurei que faria algo contra mim, que iria me agredir ou que me doparia novamente... sei lá... cheguei a pensar que seria acorrentada à cama, de tão louco que ele parecia em minha cabeça. Só que nada acontecera. Ele simplesmente me conduziu ao quarto, deixou-me lá dentro, saiu e trancou a porta. A próxima coisa que aconteceu foi a conversa com Alexander. No final do dia, Cristiane me levou um belo prato de comida, mas um segurança a seguiu, e ela não pôde sequer falar comigo.

Sem fome, apenas belisquei alguma coisa para não me enfraquecer. Não era uma escolha. Era sobrevivência.

Meu pensamento ainda percorria os caminhos obscuros da ignorância – atormentada por aquele silêncio e por não saber o que aconteceria – no momento em que ouvi o som da fechadura sendo aberta.

Uma hora da manhã.

Meu corpo inteiro retesou-se, e eu me coloquei em alerta. Não havia chance, nem em meus pensamentos mais otimistas, de aquela visita inesperada ser algo bom.

E quando eu vi Cláudio entrando, um pouco trôpego, sem acender a luz, deixando que apenas o luar continuasse iluminando o cômodo, tive a certeza de que as coisas poderiam ser muito piores do que eu sequer imaginava.

Tentei fingir que estava dormindo, encolhendo-me na cama, esperando que estivesse ali só para me vigiar, que logo fosse embora quando percebesse que sua prisioneira estava na porcaria da gaiola de ouro em que fora colocada, mas não foi o que aconteceu.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now