CAPÍTULO 1

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Com um impulso dos meus braços, saí da piscina, sentindo uma brisa gelada tocar meu corpo molhado da água aquecida

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Com um impulso dos meus braços, saí da piscina, sentindo uma brisa gelada tocar meu corpo molhado da água aquecida. Não era inverno ainda, mas maio tinha começado um pouco mais frio e chuvoso do que o normal. Minha mãe diria que não era um bom presságio, mas eu apenas assentia, sorrindo, deixando que ela guardasse sua certeza de que tinha um quê de vidente. Afinal, uma descendente de irlandeses precisava acreditar em algumas superstições, certo?

Bem, eu não acreditava. Assim como não acreditava muito em destino, embora D. Maria Ângela sempre me dissesse que o meu estava traçado.

Se estava mesmo, eu esperava que reservasse algo de bom, porque eu não era muito fã de mudanças e estava prestes a encarar uma.

Tirei meus óculos de mergulho e a touca, deixando meus cabelos ruivos naturais, bastante longos e pesados, caírem pelas minhas costas. Caminhei até a mesa mais próxima, onde estavam minhas coisas, e peguei a toalha para me secar e me enrolar, esperando que isso acalmasse os calafrios que percorriam a minha espinha.

Dei uma olhada no relógio e vi que estava alguns minutos adiantada, o que era bom. Poderia tomar um banho ali mesmo na academia e ganhar tempo para terminar de arrumar o que faltava para a viagem.

Reuni minhas coisas e rumei para o vestiário, parando em meu armário para pegar minha nécessaire com o que iria precisar para o banho. Entrando em uma das cabines de chuveiro que estavam vagas, levei uns quinze minutos para tudo, vesti a mesma roupa com que cheguei e coloquei o relógio no pulso.

Ah, sim. Eu ainda usava um. Claro que poderia checar a hora no celular, mas aí não seria algo tão significativo. Aquele relógio fora um presente de Karenina, minha irmã. O último que me deu antes de tudo desandar.

Aliás, foi ela que fui encontrar logo depois de terminar de me arrumar.

Peguei-me satisfeita ao ver sua expressão serena, boiando na água, olhos fechados, um meio sorriso no rosto, nos braços de seu fisioterapeuta. Ele nem me viu chegando, aliás, de tão compenetrado em segurar Karenina, para que ela pudesse desfrutar do momento.

Era uma cena tão bonita que eu decidi pegar minha inseparável Canon SL3 da bolsa, que eu comprei com muito esforço, para tirar algumas fotos para a minha mãe. As coisas eram sempre tão difíceis para aquelas duas que qualquer paz que eu pudesse proporcionar também me deixaria feliz.

Ergui a câmera, ajeitando foco e profundidade, tentando o melhor ângulo. Peguei alguns cliques, sorrindo ao conseguir captar perfeitamente a expressão de Karenina. Ela parecia voar. Parecia liberta das amarras que o acidente lhe proporcionara.

Eu ainda estava no meio de um clique quando Helder, seu fisioterapeuta, virou-se na minha direção, finalmente me vendo ali.

— Ah, você chegou mais cedo hoje — comentou para mim, mas logo voltou-se para minha irmã: — Brianna já está aqui, querida.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now