CAPÍTULO 28

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Se eu pudesse escolher o tipo de vida que eu gostaria de levar para o resto dos meus dias, lá estava a resposta

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Se eu pudesse escolher o tipo de vida que eu gostaria de levar para o resto dos meus dias, lá estava a resposta. Cresci na cidade grande, cercada pela selva de pedra, sons de buzina e com prédios a proibir o sol de entrar perfeitamente pela minha janela, então nunca percebi o quanto uma existência de total liberdade, com cheiro de terra molhada, natureza, animais e leite fresco, poderia ser tão perfeita.

Bem, o fato de Alexander fazer parte dela também deveria ser levado em consideração.

Fazia quatro dias que eu tinha chegado naquela casa, e tudo a respeito dela preenchera meu coração de uma forma tão cálida que eu mal conseguiria descrever. Desde Seu Chico, que era tão rabugento com o filho e um cavalheiro comigo, até Godofredo, que se tornara meu amigo inseparável, até os funcionários, tudo seria inesquecível. Isso sem contar os momentos – os passeios de cavalo, as noites em que passávamos na varanda da casa, ouvindo os sons ao redor e conversando, enquanto eu me aninhava no colo de Alexander, além, é claro, da forma como fazíamos amor antes de dormirmos, como se não houvesse amanhã.

E para nós... provavelmente não haveria.

Ainda não tínhamos retornado à conversa sobre minha volta à casa dos Mondego, o que teria que acontecer em pouco tempo. A cada dia ficava mais difícil imaginar meu retorno àquele quarto solitário, claustrofóbico e imenso, depois de passar aquele tempo de tanta calmaria na fazenda.

Tanto que na manhã em que o telefone de Alex tocou, acordando a nós dois, senti o peso do fim. A certeza de que tudo estava acabado.

Era injusto. Mais do que injusto... era odioso pensar que eu precisava me submeter a tal coisa.

Só que da mesma forma como o medo surgiu, veio o alívio. Do outro lado da linha, Victor, o detetive, falava com Alexander.

Levantei-me da cama, ainda nua, seguindo ao banheirinho suíte do quarto de Alex na casa de seu pai, pegando o baby doll que ficou jogado no chão. Vesti-me, enquanto tentava não ouvir nada da conversa no cômodo ao lado, joguei uma água no rosto e prendi meus cabelos em um nó.

Voltei para o quarto quando Alexander me chamou. A expressão em seu rosto não era das melhores, e eu me preocupei.

— Victor precisa falar comigo urgente — ele jogou a informação assim, sem muita explicação, e eu me senti um pouco melancólica.

— Você vai ter que ir ao Rio? — Aquela seria uma péssima perspectiva. Se fosse o caso, e ele tivesse que passar dias lá, eu precisaria voltar imediatamente aos Mondego. Não teríamos tempo de nos despedirmos como queríamos, muito menos de conversarmos, como ele propusera.

— Não. Ele pediu que eu fosse, mas neguei. Não posso e não quero te deixar aqui. Por mais que saiba que meu pai vai cuidar bem de você, que não estaria sozinha, ficar só um dia longe, mesmo se fosse o caso, me faria sentir como se estivéssemos perdendo muito tempo juntos.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now